Crítica: 2ª temporada de Coisa Mais Linda exalta luta feminina com qualidade
Crítica da segunda temporada da série Coisa Mais Linda, produção original brasileira da Netflix. Episódios estreiam no dia 19 de junho.
Segunda temporada de Coisa Mais Linda é deliciosa
Coisa Mais Linda está retornando na Netflix, e a boa notícia é: ela continua, realmente, linda de se assistir. Lançada ano passado, a produção exaltou a qualidade nacional em produções para a plataforma de streaming, mostrando o excelente potencial do Brasil para lançar seriados.
O país que mostrou ao mundo como se fazer novelas está ainda engatinhando no quesito “séries de TV”, mas se depender de Coisa Mais Linda, o Brasil não será reprovado neste quesito.
Quem acompanhou a primeira temporada, encontrou uma trama coesa e firme em um propósito: dar voz a mulher, mesmo que em uma época onde isso praticamente não era possível. Os paralelos da década de 1950, sendo destrinchados em subtramas que poderiam ser muito bem de agora, fez desta série um palco para a luta feminina na mídia.
E a segunda temporada faz questão de relembrar que Coisa Mais Linda está aqui justamente para isso.
Seguindo em frente
O desfecho da primeira temporada dá o ponta pé para a segunda. Mas a trama não se prende a estes detalhes, ou se preocupa em fazer disso um peso que se arraste pela nova história. O primeiro episódio trata de resolver as pontas soltas envolvendo Lígia (Fernanda Vasconcellos), e assim avançamos para ver o impacto das consequências nas outras meninas – principalmente em Malu (Maria Casadevall).
Aliás, a trama ainda dá um certo destaque para a dona do “clube Coisa Mais Linda”, mas o texto deixa claro que todas as outras personagens, incluindo Thereza (Mel Lisboa) e Adélia (Pathy Dejesus), possuem suas subtramas para chamar atenção do espectador.
Sem entregar muito do enredo – nós tivemos acesso aos episódios em primeira mão, à convite da Netflix – o que podemos adiantar é que Pedro (Kiko Bertholini), marido de Malu, está de volta. E agora, ele quer tomar conta da vida da esposa, tanto de forma pessoal quanto profissional. Este personagem, inclusive, serve como válvula de escape para a abordagem e falas do comportamento machista vigente na época. Portanto, a expressão “eu sou o homem” é utilizada, por diversas vezes, como forma de legitimar uma hierarquia que, por si só, não deveria existir.
Novas abordagens
Os episódios da segunda temporada também trabalham a dinâmica de Conceição com seu pai Nelson – e como isso impacta no seu relacionamento com Thereza. Aliás, essa trama envolvendo a criança negra com o pai branco serve para ressaltar o racismo presente na elite na década de 1960. E que de certa forma, traz reflexos do que vivemos até hoje.
Em determinado ponto, um detalhe interessante que chama atenção é quando Conceição, convivendo com a elite branca, recebe uma boneca branca, trazendo um contraste do que era a realidade naquela época. Mas ao mesmo tempo, nem tão distante assim. Por exemplo, você se lembra de ver no mercado muitas bonecas negras? Pois é. Tais detalhes podem passar despercebidos pelo grande público, mas estão inseridos com nuance para esta abordagem. A presença da criança naquela sociedade, inclusive, é questionada. Para alguns, ainda era questionável ver uma criança negra em um clube que até então era majoritariamente branco.
Por falar em Thereza, ela ainda continua sendo uma inspiração sobre como a mulher precisa ter uma vida independente do marido, sem ser submissa, e expressando cada vez mais a necessidade e presença feminina no ambiente de trabalho.
Nesta temporada, por exemplo, ela se aventura no rádio, e tem uma excelente dinâmica com o personagem Wagner (Alejandro Claveaux), que é sem dúvidas uma das melhores adições na temporada. A dupla rouba as cenas nos episódios, e é algo para os fãs ficarem atentos.
Trama com reviravoltas
Coisa Mais Linda ainda continua a trazer reviravoltas impressionantes. Aquele tipo de trama que te dá um soco no estômago, mostrando-se necessária, mas ao mesmo tempo inesperada. Mais uma vez, Adélia entra neste momento, com grande destaque. E o seu casamento com o Capitão (Ícaro Silva), anunciado no trailer, é apenas a ponta do iceberg para o que está por vir.
Dentro do seu núcleo, inclusive, existem muitas boas histórias envolvendo a relação de sua irmã Ivone (Larissa Nunes) e o pai Duque (Val Perré). Vale ressaltar que, se na primeira temporada o talento de Chico (Leandro Lima) foi o grande motor do clube Coisa Mais Linda, cabe agora à Ivone ser a grande líder dentre os talentos apresentados nesta trama envolvente.
Coisa Mais Linda é uma série necessária
A segunda temporada de Coisa Mais Linda, sem dúvidas, é um presente para os fãs brasileiros da Netflix. É o tipo de história que dá gosto por ser nacional, mostrando os grandes talentos e as potenciais histórias que precisam ser contadas. A série dá voz e palco para problemas sociais que ainda são negligenciados, e que precisam exclamados ao mundo, a fim de um basta.
Temas como a força feminina, o racismo, a desigualdade, entre outros, são apenas alguns dos ingredientes que fazem de Coisa Mais Linda uma série necessária para o público conferir. E que faz a gente ficar aqui no sofá, torcendo para que ela dure muitos e muitos anos.
Todos os episódios da segunda temporada estreiam no dia 19 de junho, na Netflix.
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