Crítica: 2×11 de New Amsterdam destaca a autopercepção de seus personagens

Crítica do episódio 2x11 de New Amsterdam, "Escondendo-se atrás de um sorriso", exibido nos Estados Unidos pelo canal NBC.

Critica 2x11 New Amsterdam
Imagem: Divulgação.

“Venho falando sobre a forma como as coisas mudam”

Uma das principais características de New Amsterdam, sem dúvida, é sua capacidade de nos emocionar com histórias profundas e bonitas a cada semana. Neste episódio, “Escondendo-se atrás de um sorriso“, a profundidade veio, sobretudo, dos próprios protagonistas.

O trecho acima, da belíssima canção “River and Roads“, de The Head and The Heart, que tocou ao final do episódio, sintetiza bem o caminho da trama desta semana. Esta temporada tem colocado muitas mudanças para cada personagem, e é importante haver um momento para percebê-las e reorganizar a vida.

O mote central do episódio trata de Helen Sharpe lidando com sua “nova” condição de médica sem função diretiva. Max está ausente, levando Luna à pediatra.

Helen Sharpe – médica

Logo no começo do episódio, uma cena mostra a troca de crachá de Helen, deixando o seu antigo, com a designação de chefe de setor, e retirando seu novo, de médica. Durante todo o episódio, os diálogos de Helen com os colegas ressalta que ela não está mais em função diretiva.

Entretanto, na ausência de Max, funcionários(as) procuravam Helen o tempo inteiro para lidar com questões de gerência. Além de resolver as situações “como Max faria”, a personagem mostrou que sua habilidade para gestão acompanha também apreço pela coisa.

Este episódio foi muito importante no arco de Helen, que, vale lembrar as reviews daqui, desde o começo vem lidando com uma transição de uma visão mais egocêntrica a um senso de coletividade. Ótima e paciente construção de personagem. Bem poderia assumir a direção no lugar de Max.

Mudanças pessoais

Paralelamente, Bloom, Kapur e Reynolds vivenciaram histórias pontuais, mas importantes às suas tramas pessoais.

Bloom, de volta ao trabalho na emergência, teve de lidar com uma herança substancial que recebera da família. Lidando com a dimensão filantrópica típica do pensamento liberal americano, a personagem decide doar uma grande quantia a um programa de alimentação para idosos em situação de risco. A ideia veio a partir de um paciente idoso atendido por Bloom.

Quem poderia imaginar que Kapur levar Ella para morar consigo poderia começar mal? Brincadeiras à parte, o episódio explorou como o carismático neurologista precisa lidar com seu próprio passado, metaforizado na sua casa. Dessa forma, a mudança de Ella pode significar essa redescoberta de si, e uma chance de recomeço para os personagens. Sigamos na torcida por essa relação, independente do formato que assuma.

A história de Reynolds continua sem graça, na minha leitura. Neste episódio, seu dilema envolvia contar para Max sobre sua decisão de mudar para São Francisco, onde trabalha Eve. Entretanto, um caso raro de uma paciente com lúpus toma toda a atenção, entrelaçando a trama com a de Sharpe. Acredito que Floyd seguirá no hospital, mas espero que encontre um rumo em sua trama.

“Da próxima vez, que venha o pai, não o médico”

Tem sido bem interessante acompanhar a dura saga da paternidade de Max. Numa sociedade em que a norma envolve pais ausentes e/ou triplas jornadas para as mães, o papel de Max pensando a paternidade e seus desafios, ainda mais em contextos de tragédia, é excelente.

Além disso, é muito bom o fato de o roteiro não heroicizar o personagem. Em muitos momentos, como no episódio, Max não sabe muito bem o que está fazendo. Na situação da semana, para suprir sua falta de habilidade parental, recorreu à postura do médico, devido à preocupação com Luna.

O contato com outra pessoa na mesma situação, uma mãe viúva, porém, trouxe perspectiva para Max. Será interessante ver algum desenvolvimento entre os dois, talvez uma forma do personagem encarar o luto, ou mesmo, quem sabe, iniciar um envolvimento amoroso.

O importante, como a pediatra alertou, é que Max cada vez mais desenvolve sua persona como pai, deixando o lado médico/diretor em segundo plano quando se trata de Luna. Parte disso, penso, é resultado do aprendizado e da percepção da paternidade.

A dor de despedidas

Embora não fosse o centro do episódio, Iggy lida com um garoto diagnosticado com câncer, e com prognóstico de até seis meses de vida. O ponto, porém, é que o garoto quer passar pelo processo sozinho, com receio de que os pais bloqueassem boa parte de seus desejos para aproveitar o tempo restante.

O assunto, bastante delicado, combinou com o dilema pessoal de Iggy, às voltas com sua possível personalidade narcisista. A solução do terapeuta para a rejeição do garoto foi ótima (gravar um vídeo de despedida para os pais), e gerou cenas e diálogos emocionantes.

Se há algo que permite colocar em perspectiva nossa autopercepção, sem dúvida, é a morte. O horizonte de que as coisas mudarão, como explora a canção que encerra o episódio, faz com que pensemos no que já vivemos e no que poderemos viver. Essa boa lição foi a cereja do bolo deste episódio.

Mesmo sem grandes avanços na trama geral, New Amsterdam entregou um episódio belo e emocionante, mantendo o ótimo nível da temporada. Vejamos o que virá em seguida.

Continuem acompanhando nossas críticas semanais de New Amsterdam, aqui no Mix de Séries. Também fique de olho nas notícias de sua série favorita aqui no nosso site.

Abaixo, confira o vídeo promocional do próximo episódio.

Sobre o autor
Avatar

Luiz Alves

Historiador, pesquisador em saúde, fã de histórias em quadrinhos e jogador de RPG de longa data. Adoro sitcoms de Seinfeld a Brooklyn Nine-Nine, cresci vendo dramas como House, e me apaixonei pelo suspense de Hannibal e a fantasia de Penny Dreadful. Escrevo no Mix desde 2017, fazendo reviews de séries baseadas em quadrinhos, dramas e outras por aí. Atualmente, faço as reviews de New Amsterdam.

Baixe nosso App Oficial

Logo Mix de Séries

Aproveite todo conteúdo do Mix diretamente celular. Baixe já, é de graça!