Crítica: 3×06 de Westworld iniciou a guerra que estava para acontecer
Crítica com spoilers do sexto episódio da terceira temporada de Westworld, intitulado "Decoherence", exibido mundialmente pela HBO.
A guerra está chegando em Westworld
Mais um episódio de Westworld. Mais uma cena em que tanta coisa acontece, e ao mesmo tempo, parece que estamos preso em uma única fase de um jogo. Confesso que estou adorando essa temporada, mas embora seja mais fácil de compreender, sinto que muitas coisas estão demorando a acontecerem. Pode ser minha aflição, ao saber que teremos apenas oito episódios, porém, pensava que a esta altura muita coisa já teria sido superada.
De qualquer forma, há elementos que somente Westworld pode nos entregar, e este sexto episódio foi uma prova viva disso. Como não apreciar uma sessão de terapia em que um mesmo personagem encara cinco versões de si mesmo? Ou se deslumbrar pelo início de uma guerra inevitável entre homens e máquinas, diante de uma fotografia única?
Se Westworld está presa em um círculo, tanto faz. Ao analisar essas questões, percebe-se que devagar ou rápida, a série encontra o tempo perfeito para contar todas as suas histórias.
Um Williams. Muitas facetas
A sessão de terapia de William, sem dúvidas, roubou a cena deste episódio. Ela deve ter dado muito trabalho para ser filmada, mas Ed Harris mostrou porque, de longe, é o melhor ator deste precioso elenco. Havia um humor necessário, mesmo que sombrio, para quebrar um pouco da densidade do que estava por vir.
Momentos como quando ele diz que a humanidade é “uma fina camada de bactérias em um leito de lama que corre pelo vazio“, o tornou uma espécie de agente Smith. Um agente do caos, que estava ali apenas para fazer uma colega de sessão chorar. Ou mais tarde, quando ele precisa ouvir algumas frases de James Delos, frente a suas outras versões. “Não interrompa, não é tudo sobre você, você sabe”. Se antes achava que William não estava sendo bem aproveitado nesta temporada, esse episódio veio para dizer o contrário.
Mas além de entreter o público, a cena tinha um propósito: fazer William olhar para si, e ver o rumo que ele precisava seguir. O Homem de Preto, ao conversar consigo e olhar para seu passado, descobriu que tinha tendências sombrias desde quando era criança. Mas tudo ao seu redor foi o que contribuiu para isso e, no fim das contas, as coisas não passam de algo que você pode variar na interpretação. “Finalmente entendi meu propósito”, disse ele. “Eu sou o mocinho.”.
Ok, William. Podemos conviver com isso…
Maeve finalmente chega ao mundo real
O começo do episódio me fez ter aquela sensação de looping que descrevi acima. Maeve novamente pensando em sua filha. Logo depois, ela volta para a simulação do período nazista, onde ela demonstra toda sua glória. Mas as coisas ficam realmente interessantes quando ela encontra a versão de Dolores que estava em Connells (porque Serac conseguiu a unidade de controle carbonizada de Connells, a partir da explosão que ele provocou no episódio passado). E aqui, sua participação no episódio mostra-se essencial.
Foi muito interessante ver este diálogo “intelectual” de Maeve e Dolores, antes que elas partam para uma luta física real (sabemos, isso vai acontecer). Ambas possuem genialidades distintas, necessárias para que a roda de Westworld gire. Elas acreditam em ideais próximos, mas completamente distintos. E isso as coloca uma contra a outra, embora elas tivessem tudo para trabalhar em conjunto.
No mesmo ritmo, foi doloroso ver Halores (Dolores em Charlote Hale) destruindo Hector, com ele desmanchando na frente de Maeve. Sem dúvidas, este é um personagem que fará muita falta daqui para frente, principalmente porque ele completa Maeve de forma que nenhum outro personagem conseguia. Agora, temos uma motivação real para Maeve ir atrás de Dolores, bem mais do que “o cara mau e rico está me forçando a fazer isso”. Virou algo pessoal, e realmente gosto disso.
Charlotte e o destino de sua família
A participação de Hale neste episódio também foi maravilhosa. No início, tivemos ela indo para a reunião de conselho, encontrando o novo acionista. Logo depois, Serac ordena que os dados dos anfitriões da Delos sejam destruídos, colocando Halores no comando de uma caça à espião ali dentro do prédio da Delos. Também a vemos baixar e, eventualmente, enviar os dados para fora da empresa bem debaixo do nariz de Serac. Ou assim pensamos.
Então, começam a sucessões de reviravoltas: Serac sabe que Charlotte é Dolores. Ela consegue fugir da Delos – não sem antes acionar seu GI Joe de estimação. E aqui, uma guerra das máquinas contra os humanos foi ensaiada. Agora, não sei vocês, mas fiquei com a impressão de que os seguranças da Delos são bem burrinhos, agindo como uns Stormtroopers em Star Wars. É sério que eles cogitaram disparar suas armas contra aquele robô gigante? Que mico!
Logo depois, quando Halores chega na família de Charlotte e acha que conseguiu deixa-los a salvo, BUM. Literalmente. O carro em que eles estavam explodiu e ela agiu feito um exterminador do futuro… Rastejando, diante do fogo, pronta para nutrir uma sede de vingança ainda maior contra Serac. Afinal, ela se apaixonou pelo marido de Charlotte, desenvolveu afeto pela criança e, assim como Maeve, também levará tudo isso para o lado pessoal.
Desfecho do episódio
Saldo final: temos uma Maeve furiosa; igualmente, uma Halores furiosa, uma Dolores principal “pleníssima” (seu plano parece continuar dando certo); um Caleb deprimido (que não apareceu neste episódio) e um William rabugento, que termina o episódio sendo resgatado por um Bernard ainda sem função nesta história. Mas calma, Dolores tem um plano maior para o anfitrião, e agora não tem para onde escapar.
Portanto, a partir do episódio que vem, o bicho vai pegar…
E vocês, o que acharam do episódio? Deixem nos comentários. Confiram abaixo o vídeo promocional do próximo episódio.