Crítica: Mesmo na 8ª temporada, Blue Bloods ainda é uma das melhores séries no ar
Crítica da 8ª temporada de Blue Bloods, CBS.
Blue Bloods: a melhor série que você não está assistindo!
Uma das grandes críticas feitas em direção a programação da CBS é a falta de novidades, criativamente falando. Os dramas são todos na linha procedural: investigações, tribunais e conflitos diplomáticos. Mesmo com a possibilidade de argumentar o quão bom eles são economicamente falando, há de se lembrar que a emissora mantém essa estratégia porque há uma audiência com apetite para tais tramas. NCIS não está há quinze anos no ar a toa, assim como a renovação de Elementary, anunciada recentemente, não aconteceu à luz do gosto de Leslie Moonves por Sherlock Holmes.
Porém há uma série na programação do canal que sempre me chamou atenção – Blue Bloods. Não só pela proeza de atrair quase 10 milhões de pessoas para televisão numa sexta-feira às 22h, mas sim pela estabilidade. São poucas as atrações que entregam números sólidos desde o episódio piloto e os mantém no decorrer dos anos. Por isso tomei uma decisão. Antes mesmo da Summer Season faria uma maratona. Além do mais, Tom Selleck é o protagonista e sabemos que não tem como ficar melhor do que isso. 177 episódios depois e uma oitava temporada que recentemente chegou ao fim, resolvi fazer uma resenha do ano que terminou e argumentar o porquê você deveria assistir o drama agora mesmo.
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Afinal, qual foi o melhor?
Sabendo que Blue Bloods é uma série sobre uma dinastia que dedica-se ao serviço público (seja na polícia ou justiça) através de duas (e provavelmente três) gerações, uma das minhas maiores curiosidades era de descobrir a forma na qual o roteiro trabalharia temas polêmicos. No decorrer dos anos, o telespectador percebe que eles estão todos lá. Brutalidade policial. Stop and Frisk. Encarceramento em massa. Relacionamento com a comunidade muçulmana. Enfim, tudo isso e muito mais. Entretanto, como um telespectador de 2018 estava empolgado pela oitava temporada para descobrir como que esses personagens fariam a transição para Era Trump. Afinal, o oitavo ano seria o primeiro desenvolvido inteiramente na administração do presidente.
Para minha surpresa, os papéis continuam infalíveis, mas a mudança mostrou-se evidente na atmosfera ansiosa, irritada e preocupada de Nova York e seus oito milhões de moradores. O episódio que consegue capturar essa angustia generalizada é o décimo quinto, batizado de Legacy. Nele temos a oportunidade de ver uma policial patrulhando um bairro predominantemente branco e elitizado, quando avista um homem que não pertence àquele lugar: é latino, usa roupas velhas e se comporta de maneira suspeita. Ela pede para que pare e mostre seus documentos, mas ele continua imóvel. Enquanto isso, uma multidão começa a se formar ao redor. A situação sai completamente do controle quando ela questiona se o homem está ilegalmente nos Estados Unidos.
Nem preciso dizer o porquê o episódio se torna importante, ainda mais pela decisão do comissionário ao final dele. Além desse debate, também vemos os roteiristas discutindo como que o #MeToo pode funcionar no dia a dia de pessoas comuns. Confesso que fiquei surpreso em ver o tema sendo debatido aqui, em uma série cujo objetivo é tratar com força de temas latentes, mas com certa distância para não extrapolar o tom. Por mais extraordinário que a Season Finale tenha sido, ouso em dizer que Legacy foi o melhor episódio da temporada, talvez um dos melhores da série. Que venham mais na nova temporada.
Baixa importante no elenco…
Não posso concluir sem antes comentar a saída de Amy Carlson, anunciada logo na Season Premiere. Embora muitos tenham questionado seus motivos, acredito que não deve ser fácil uma atriz ter que decidir entre estabilidade (o que Blue Bloods certamente trará pelos próximos três ou quatro anos para este elenco) e novas aventuras. A atriz nunca teve um arco interessante ou surpreendente, a menos que você considere um assalto algo do tipo, por isso vejo como compreensível sua decisão em não renovar o contrato.
Criativamente, o roteiro trabalhou (e provavelmente continuará trabalhando) da forma correta: os desafios de Danny como pai solteiro. Contas para pagar, dificuldade em fazer os trabalhos domésticos e problemas de relacionamento com os filhos. Podem parecer situações simples, mas lembro ao leitor que Blue Bloods se tornou um sucesso exatamente pela simplicidade.
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Porque mesmo nos apresentando casos muitas vezes pouco memoráveis, o telespectador sabe que quando chegar o domingo, os Reagans irão à missa e em seguida vão almoçar e debater os principais assuntos da semana.