Crítica: A Diplomata traz Keri Russell brilhando em ótima trama
Crítica sem spoilers de A Diplomata, nova série política da Netflix que traz de volta a TV a atriz Keri Russell.
Séries políticas podem ser cansativas, principalmente se o foco dá destaque para intrigas entre países que não são assuntos claros internacionalmente.
Obviamente, um espectador norte-americano vai absorver uma trama política dos EUA melhor do que alguém de fora. Mas, quando a série se esforça para colocar todos à par da situação, há uma nota válida que merece atenção. Assim é A Diplomata, uma das mais recentes estreias na Netflix, que vale a maratona.
Vale ressaltar, no entanto, que não é uma série fácil de ser deglutida. Há diálogos cansativos, e a premissa pode parecer arrastada em certo nível. No entanto, o charme e carisma da protagonista vivida por Keri Russell faz valer cada minuto. É como se A Diplomata fosse um produto perfeito para fazer o espectador mais comum a se apaixonar ainda mais por esse gênero.
Detalhes contam em A Diplomata
Pela premissa, A Diplomata parece comum. Só que, ao maratonar, a série mostra a que veio. Na história, vemos uma diplomata americana, relutando durante o seu recrutamento em uma crise para se tornar embaixadora no Reino Unido. É algo como se víssemos uma essência das comédias que abordam “peixe fora d´agua”.
Sim, A Diplomata é um drama intenso, mas não deixa de brincar com o humor sutil, levado aqui pela protagonista de Keri Russell, a funcionária do Serviço Exterior, Kate Wyler.
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Ela é esperta, diligente e charmosa quando precisa ser, e disputa uma carreira com o seu marido, tão quão carismático Hal (Rufus Sewell). Então, quando um porta-aviões britânico é bombardeado na costa do Irã, e a Casa Branca procura uma posição estratégica vaga, ela inicialmente assume que é Hal que eles estão querendo que assuma o posto. Só que não é o que acontece.
Kate, que pensa que está a caminho de preencher uma posição diplomática no Afeganistão, é aquela aposta improvável que parece o certo. Mas Hal sente o provável.
“Você precisa se inclinar para a coisa da Cinderela”, ele diz a ela enquanto ela se recusa a uma sessão de fotos com a Vogue britânica comemorando seu novo emprego. “Estou aqui para 30 funerais”, responde Kate. “A única peça de roupa comprida que coloquei na mala é uma burca.”
Keri Russell tem oportunidade de brilhar no papel
Se a geração mais jovem deve se lembrar de Keri Russell por seu papel em The Americans, os mais velhos certamente conectam ela à Felicity. E, embora aquela série fosse um drama tipicamente jovem, Russell teve mais oportunidade de atuar naquele ponto do que no drama político em que dividiu com seu atual marido. No entanto, esse espaço para brilhar reaparece em A Diplomata.
Certamente, Russell transcende o texto que lhe é proposto, quando ela se mostra confortável no papel de Wyler. Há gestos, olhares e movimentos, seja em uma ligação inesperada, ou em um momento de frustração.
O que poderia passar batido se transforma em algo que Russell consegue descompactar trabalhando cuidadosamente em todas as armadilhas que a personagem encontra ao longo do caminho.
E em Hal, o marido de Wyler, há também um grande obstáculo. Carismático, Hal se torna o “esposo” da embaixadora, forçando um relacionamento que basicamente já não existe, engolindo um ego praticamente exposto a cada fala.
Essa parte, aliás, casa-se intensamente com o drama geopolítico, onde vemos um casamento que está em ruínas, mas ao mesmo tempo existe o amor e o apoio que o faz sobreviver.
A Diplomata, assim, trabalha com pontos interessantes da política, abordando tanto o pessoal quanto o profissional a partir da ótica de Wyler. Mas tudo, como é deixado claro desde o início, é um teste para ver se Kate pode se tornar a nova Vice-Presidente dos EUA.
De quebra, seu braço direito Stuart Heyford (Ato Essandoh) está relatando secretamente à Casa Branca sobre sua adequação para o trabalho, enquanto a orienta em seu atual e deixando-a o máximo de tempo possível para acalmar as tensões EUA-Oriente Médio.
Depois de passar do primeiro episódio que, como disse, pode ser difícil para alguns, A Diplomata se torna interessante. Uma incrível produção, que entra no hall de ótimas abordagens políticas como a inesquecível The West Wing. Sem dúvidas, vale a pena maratonar!
Nota: 4/5