Crítica: Amor e Morte é drama feito no piloto automático

Amor e Morte é a nova minissérie da HBO Max e, apesar do grande elenco e da boa história, programa parece feito no piloto automático.

Amor e Morte

Sempre há, no mínimo, duas versões para se contar a mesma história. Este texto, por exemplo, foi esquematizado de outra forma há algumas horas. Agora, enquanto redijo, ele tomou outra forma. O tempo, o contexto e os mínimos detalhes interferem na produção de qualquer peça intelectual.

Amor e Morte (Love and Death), novo lançamento da HBO Max, é a segunda minissérie lançada em menos de um ano sobre o mesmo assunto. E as abordagens parecem bem diferentes.

Criada por David E. Kelly, Amor e Morte é uma drama familiar com eventual crime, enquanto Candy, primeira adaptação do caso, parecia um suspense mais tradicional.

A questão com o programa da HBO Max, entretanto, é que equipe e elenco parecem encarar a história do mesmo jeito que o canal Lifetime abordaria a questão. Com superficialidade e no piloto automático, Kelly e sua trupe parecem estar apenas cumprindo protocolos.

Amor e Morte levou o sonho americano muito a sério e tornou-se como ele: bonito, mas vazio

Na trama, Candy (Elizabeth Olsen) é uma dona de casa cansada da morosidade do subúrbio. Apesar de uma família aparentemente feliz e de uma comunidade religiosa que parece impecável aos olhos, ela amarga uma vida que parece já ter dado tudo de si, sem nada mais pelo que torcer ou esperar.

É em um membro da igreja, então, que Candy vê um escape. Nem que para isso precise trair o marido e matar a esposa do amante.

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Amor e Morte levanta as questões da falência do sonho americano, principalmente em uma época onde tal american dream já dava sinais claros de fadiga. Por um lado, então, é compreensível que Candy ative um affair tão rápido, sem aparente paixão. Ela está mais interessada no teor proibitivo do caso do que em amor.

Por outra perspectiva, entretanto, fica difícil entender as decisões da mulher, já que o interesse parece surgir depois de simplesmente esbarrar no sujeito.

Todos os envolvidos parecem agir no piloto automático

É interessante, portanto, que o affair, uma espécie de “pós-sonho americano” seja igualmente vazio e frágil. É curioso, por exemplo, que o casal se sente e discuta o caso com a mesma naturalidade e frieza com a qual se discute a previsão do tempo.

Amor e Morte, então, acerta ao dar atenção ao desenvolvimento da relação entre Candy e Allan, apenas sugerindo que algo sinistro acontecerá em breve.

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É uma pena, entretanto, que tudo seja resolvido e apresentado de forma tão simplista. Até mesmo Lesli Linka Glatter, uma experiente diretora, parece no piloto automático. Mesmo o talentoso elenco parece anestesiado, ainda que entregue atuações corretas. É por este motivo que a releitura do caso parece uma produção da Lifetime, conhecida por abrandar e romantizar histórias.

Kelly e sua equipe parecem não dar o peso necessário aos personagens e incidentes. Além disso, as definições são muito maniqueístas, chegando ao ponto de pintar a vítima como vilã, por exemplo, ou mesmo merecedora de seu trágico fim.

É por isso, por exemplo, que a HBO implorou para ter o nome retirado da plataforma de streaming que logo se chamará Max. O titânico canal não quer seu selo de qualidade associado a produtos tão banais quanto este.

Nota: 3/5

Sobre o autor
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Matheus Pereira

Jornalista, curioso e viciado em cultura. Escreve há quase 10 anos no Mix e Six Feet Under é sua série favorita.

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