Crítica: Cidade Invisível aborda o folclore e é uma boa série na Netflix
Cidade Invisível é ótima série para que público estrangeiro conheça o rico folclore brasileiro, se divertindo com bom roteiro e personagens.
Cidade Invisível merece sua atenção
O folclore brasileiro é riquíssimo. E é justamente essa mensagem que Cidade Invisível quer deixar.
Acostumados aos contos estrangeiros, enlatados e entregues a nós pelos filmes, livros e séries, passamos a ignorar as belas histórias que compõem o imaginário nacional. Assistindo a Cidade Invisível, pensei: quando foi a última vez que ouvi falar no Curupira ou no Boto Cor-de-Rosa? Nos primeiros anos do Ensino Fundamental. Depois, nunca. As lendas ficaram guardadas nos confins da memória. Mas foram reativadas com a boa novidade produzida pela Netflix.
Dessa forma, Cidade Invisível resgata o folclore com respeito e inventividade. Pois a nova série brasileira da plataforma sabe exatamente quais pistas e elementos deixar para que consigamos unir pontos.
Neste sentido, pode ser uma produção difícil para o público estrangeiro, mas é um pequeno presente aos brasileiros que cresceram escutando cada lenda. Assim, quando um rapaz de gorro vermelho surge dando leves pulos, sabemos imediatamente quem é. Da mesma forma acontece quando avistamos um animal rosa encontrado na praia: podemos não saber seu nome, mas sabemos o que acontece todas as noites.
Cidade Invisível mistura folclore e realismo em narrativa envolvente
Com isso, Cidade Invisível brinca com elementos clássicos e os atualiza com inteligência. Ao trazer os personagens clássicos ao contexto urbano, que entra em conflito com a natureza, a série já traça comentários sociais pertinentes sem forçar a barra. Assim, quando vemos um personagem, nos minutos iniciais, falar que “a cidade cresceu, e a floresta diminuiu”, podemos imaginar as implicações de tal fenômenos. E o Rio de Janeiro, neste aspecto, tem papel fundamental na construção da narrativa e seus rostos.
Nesta perspectiva, o show é hábil ao inserir personagens externos, alheios ao folclore que corre solto pelas ruas cariocas. Desta forma, o roteiro bebe na fonte de diversas outras séries que misturam ficção/horror com realismo. Em histórias como Fringe e Arquivo X, os personagens precisam mudar percepções e ações depois de entrar em contato com um universo totalmente novo. E Cidade Invisível faz isso muito bem, criando uma narrativa orgânica, que avança bem, sem pressa e sem grandes tropeços.
Elenco é um dos pontos fortes de Cidade Invisível
Com isso, Marco Pigossi é o avatar do público dentro da história. Seus olhos e suas interpretações são as nossas, e aceitamos acompanhá-lo sem medo. A confiança se dá não só pelo roteiro, mas pela habilidade do ator em nos conduzir por uma trama ainda cheia de mistérios. Pigossi, portanto, surpreende com carisma e segurança, carregando o início da série com tranquilidade.
Vale apontar, aliás, que todo o elenco de Cidade Invisível funciona. Ao contrário de outras série nacionais da Netflix, em que o produto final era enormemente prejudicado pelo elenco. O roteiro flui com naturalidade e os personagens envolvem. Muito disso se deve, claro, à direção e à supervisão de Carlos Saldanha, responsável por sucessos de animação como A Era do Gelo e Rio. A direção, vale apontar, surpreende pelo domínio técnico, já que capricha nas cenas de ação e nos efeitos visuais.
Cidade Invisível é ótima para que público estrangeiro conheça o folclore brasileiro
Começando com o pé direito e prometendo boas reviravoltas, Cidade Invisível é uma ótima série para que públicos estrangeiros possam conhecer um pouco mais do Brasil, seus talentos e criações. Ainda que Bom Dia Verônica tenha feito sucesso, por exemplo, Cidade Invisível é um ponto um pouco mais fora da curva.
Com elementos exóticos, mas sem abandonar o teor divertido, a nova produção da Netflix tem capacidade de viciar e fazer repensar nossa própria cultura. O folclore não merece ficar só nos livros infantis e nas salas de aula. Que ganhe o mundo, e que seja através de um produto bacana como Cidade Invisível.
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