Crítica: Com toques de Trump e Nixon, 2×15 de Designated Survivor quer fazer história
Review do décimo quinto episódio da segunda temporada de Designated Survivor, da ABC, intitulado "Summit".
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Guerra Nuclear? Só se for na ficção, né?
Não sou uma pessoa supersticiosa. Algumas manias? Provavelmente, mas nada que me faça prestar atenção em símbolos de má ou boa sorte. Porém exatamente há uma temporada atrás, Designated Survivor entregava seu melhor episódio até aqui – no 1×15, onde a discussão era um maior controle na venda de armas. Assunto que curiosamente continua latente, mas à época o roteiro trouxe ao telespectador muito mais do que bons argumentos e sim um divisor de águas para o curso do primeiro ano. É bem verdade que todo esforço ser jogado fora. Tendência que nós esperamos que não se repita após Summit.
Inspirado na tirania da Coréia do Norte, o episódio decide brincar um pouquinho de futurologia. Não só tenta recriar a reunião ideal entre Donald Trump e Kim Jong-Un, como também usa elementos clássicos dos longas de espionagem de décadas passadas para injetar mais emoção entre diálogos geopolíticos. É uma estratégia interessante já que o telespectador comum deve ficar um tanto aborrecido em acompanhar aquele falatório complicado. De quebra, os roteiristas conseguem dar relevância a Hannah e realçar seus dotes em derrubar diversos homens com um tapa.
Brincadeiras a parte, o que importa é que pela primeira vez em muito tempo todos os núcleos receberam a mesma atenção e comprometimento. Certamente porque estavam envolvidos com a mesma história, algo que venho pedindo a um certo tempo. Kirkman responsável pela parte dramática, Hannah pela ação e o trio (Seth, Lyor e Emily) pelo alívio cômico. Relembrando que é desta forma que Designated Survivor prosperará, veremos o drama se tornar o sucesso que sempre desejou.
Salvando um dia de cada vez!
É inevitável pensar que a melhora ocorre num momento que Kim Raver retorna. Isso porque mesmo sendo um papel ainda pequeno, ela consegue dar outro ânimo para as cenas na qual participa. É o complemento que Kiefer precisava em sequências dramáticas, assim como a série clamava por uma mulher forte e talentosa para tornar uma personagem coadjuvante, em alguém necessário para o futuro. Abençoado seja aquele que teve a ideia de chama-la para salvar essa segunda temporada do fracasso.
Não entendi muito bem o propósito de propor uma narrativa envolvendo vazamentos e liberdade de imprensa. Os roteiristas sabem muito bem da importância da decisão New York Times Co. v. United States. Devem lembrar também do que a administração Obama fez com alguns jornalistas para encontrar os responsáveis pela divulgação de informações para alguns jornais. Elevar a importância do trabalho da imprensa é sempre necessário, mas quem sabe da próxima vez eles não queiram reajustar o tom. Até porque o tom combativo de Emily é bem parecido com o de Donald Trump em alguns comícios e aquele usado por H. R. Haldeman para se referir ao Washington Post durante o Watergate.
Em síntese posso afirmar com esperança (e alívio) que assistimos o melhor episódio da segunda temporada até aqui. Seja pela proposta, pela integração das histórias e pela habilidade de Kiefer Sutherland em resgatar uma sequência monótona de diálogos desnecessários, num momento decisivo. Que os ares de Camp David possam inspirar e injetar sabedoria aos sete episódios remanescentes.