Crítica: Crônicas de San Francisco, série da Netflix, é charmosa… mas pouco emociona
Crítica de Crônicas de San Francisco, série da Netflix.
Netflix aposta em minissérie “remake” de atração exibida em 93
O grande público pode não tentar para esse detalhe, mas Crônicas de San Francisco, minissérie recém-lançada pela Netflix, é um revival. A trama estrelada por Laura Linney (Ozark) e Olympia Dukakis (Forgive Me) foi ao ar pela primeira vez em 1993 e revisitada outras duas vezes em 1998 e 2001.
A insistência em manter a história no imaginário no público, comprova que as histórias sobre a casa no topo da Rua Barbary Lane, em San Francisco, na Califórnia, e seus moradores fez sucesso lá fora. No entanto, é provável que o público brasileiro não seja familiarizado com a história e não se sinta tão conectado com este novo capítulo – ou melhor, com os dez novos episódios.
Trama possui seu charme, mas demora para prender atenção
A minissérie acompanha o retorno de Mary Ann (Laura Linney) à casa em que ela viveu durante anos. Mary Ann chega para o aniversário de 90 anos da matriarca da família de moradores dessa espécie de condomínio. E ela é Anna Madrigal (Olympia Dukakis).
A aparição surpresa reabre feridas antigas e desencadeia novas aventuras. A personagem reencontra seu melhor amigo, Mouse – agora interpretado pelo ator Murray Barlett (Looking). Além disso, seu ex-marido, Brian (Paul Gross) e sua filha Shawna (Ellen Page).
Essa parte da história deve agradar, principalmente, aqueles que já conhecem os personagens e sentem-se nostálgicos. Laura Linney, como sempre, está radiante em uma personagem que caminha entre o drama e a comédia.
Para os novos espectadores, pode beirar a chatice o tom novelesco e muitas vezes bobo, da trama. Além disso, os episódios com mais de 50 minutos de duração não ajudam na tarefa de permanecer assistindo.
Minissérie fez história por explorar personagens gays na década de 90
Mas essa não é a marca registrada da Crônicas de San Francisco (Tales of the City, em inglês). A produção fez história no início da década de 90 por ser uma das primeiras produções explorar a temática LGBTQ+ na TV de forma aberta e natural.
A nova leva de episódios aproveita a evolução do movimento LGBTQ+ e faz jus à sopa de letrinhas, apresentando também personagens transexuais, queer, drags. São essas plots e personagens que prendem a atenção e despertam maior empatia, por mais que muitas vezes os diálogos sejam rasos e alguns personagens um tanto caricatos.
A roteirista da minissérie, Lauren Morelli, aposta também em rostos conhecidos do público jovem para atraí-los. Ellen Page (Umbrella Academy), Zozia Mamet (Girls) e Charlie Barnett (Chicago Fire) estão na série interpretando personagens LGBTQ+.
Em tempos de produtos como Queer Eye, Sense8 e Pose, é preciso fazer mais do que o básico para impressionar uma audiência cada vez mais exigente e esclarecida. Crônicas de San Francisco não chega a ser um desperdício de tempo, mas talvez de esforço da Netflix em “requentar” uma história já visitada várias vezes e sem um apelo emocional tão grande.