Crítica: Depois da Cabana é suspense morno, mas cumpre o prometido

Começaríamos este texto dizendo que as histórias de sequestros, cárceres e relações entre vítima e criminoso estão em alta. A verdade, porém, é que estas narrativas sempre estiveram na boca do povo e na ponta do lápis dos escritores. Depois da Cabana, da Netflix, não é a primeira a tratar do assunto e, considerando seu sucesso, não será a última. O Colecionador, Misery e outros clássicos da literatura e cinema já pavimentaram este caminho.

Uma das decisões acertadas de Depois da Cabana é dar atenção ao mistério e às vítimas, deixando o criminoso violento nas sombras. Embora sua presença seja sentida, seu rosto não é o foco. A série, então, traz uma abordagem interessante ao evitar romantizar o bandido, algo que a própria Netflix faz perigosamente com YOU, por exemplo. É uma pena, entretanto, que o bom suspense e algumas boas ideias estejam embaladas em um roteiro desnecessariamente confuso e arrastado.

Mistério não basta para segurar uma temporada inteira

Em Depois da Cabana, uma mulher é levada ao hospital junto da filha. Ambas sofreram um acidente e precisam de ajuda. O mistério começa, porém, quando descobrimos que a mulher pode ser uma jovem desaparecida há quase 15 anos. Tudo fica ainda mais sinistro quando é levantada a hipótese de que ela não é quem diz ser. Mas a criança, contudo, tem fortes semelhanças com as moça que sumiu anos antes.

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O mistério é legitimamente envolvente, e a série faz um bom trabalho ao construí-lo. O problema é que Depois da Cabana funcionaria melhor como um filme – ou uma minissérie menor. Há hoje na indústria uma preocupante teimosia em transformar tudo em série – e esticar ideias por várias temporadas.

Na mesma semana, The Changeling estreou na Apple TV+ e, assim como Depois da Cabana, é baseada em um livro. O programa da Apple TV+, contudo, se desenvolve com base em um livro longo e com vasta mitologia. Depois da Cabana, entretanto, parece girar no mesmo lugar por muito tempo.

Elenco se sai bem, apesar do ritmo trôpego

Ainda assim, Depois da Cabana é uma maratona válida. O elenco funciona em sua maioria, o que inclui as crianças, em difíceis papeis. Sempre é uma interessante variedade quando podemos acompanhar rostos, histórias e ritmos de outros países. Neste sentido, é possível que a série tenha uma abordagem diferente no desenrolar de sua narrativa, o que causa estranhamento em uma audiência amplamente acostumada com histórias de língua inglesa.

Com boas reviravoltas, Depois da Cabana entrega o que propõe. No catálogo cada vez mais básico da plataforma, enfim, isso já parece ser o bastante.

Nota: 3/5

Sobre o autor

Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.

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