Crítica: Disque Amiga Para Matar é a comédia humana e ácida que a Netflix precisava
Será que a nova comédia da Netflix, Disque Amiga Para Matar, é tão boa assim ou tem seus problemas? A gente viu e conta pra você.
Acredito que você concorda comigo quando digo que a Netflix não tem acertado nos últimos anos no que se refere a produções de qualidade. Percebe-se uma overdose de conteúdo por semana, mas pouca qualidade pode ser extraída dessa safra. Li uma manchete no Toronto Star há alguns meses atrás que dizia – “A HBO está tentando ser a Netflix, mas deveria ser exatamente o contrário“. O leitor do Mix de Séries sabe mais do que ninguém, afinal nos esforçamos para apresentar resenhas assim que as séries são divulgadas pela companhia. Entretanto, Disque Amiga Para Matar é um grato sopro de qualidade.
Temos duas mulheres que se encontram num grupo cuja missão é ajudar pessoas em luto. Elas são Jen (Christina Applegate) e Judy (Linda Cardellini). A primeira busca uma luz após perder o marido de maneira violenta, enquanto a segunda tenta encontrar um rumo depois de perder o noivo (?!) (James Marsden). Com essa breve síntese é possível que o leitor se questione: cadê a comédia? Estamos falando de grupo de apoio, viúvas e luto. Contudo, garanto que há muita piada, muito humor negro (que eu adoro) e a proposta de discutir questões humanas de uma maneira diferente. Que alívio, não é mesmo?
Embora eu tenha assistido todos os dez episódios da primeira temporada e gostado bastante daquilo que assisti, ainda estou encantado com o piloto. Quando a Netflix inscrever a comédia para o Emmy (e desde já fica aqui a minha torcida), o episódio em questão é uma das principais amostras do que porquê essa produção é uma das melhores de 2019. Divertido, suave, elegante, inteligente e um roteiro maravilhoso é tudo o que o assinante precisa para assistir o segundo episódio. A trilha sonora possui suas peculiaridades ao oscilar de Judy Garland à Caliban.
Protagonistas fortes é o que precisamos
Outro grande acerto de Disque Amiga Para Matar são as protagonistas. Christina Applegate está, provavelmente, no papel da sua carreira após focar em filmes cômicos pouco expressivos. A atriz consegue acertar todos os tons e notas presentes no seu roteiro, desde a comédia até as cenas mais dramáticas. Consigo imaginar o quão difícil foi concentrar-se numa sequência pesada, densa e carregada de choradeira, mas ter que mudar no momento seguinte para uma cena pastelão. Foram poucas as vezes que a atriz foi testada desta forma, mas ela mostrou que é capaz de impressionar. Outro grande nome que emerge é Linda Cardellini.
Você provavelmente lembra da atriz quando ela interpretou a Velma na versão live action de Scooby-Doo!: O Filme (e na sequência), mas ela ainda não tinha chamado atenção de uma maneira mais técnica. A virada na carreira começara em Bloodline e não parou mais. Está em cartaz em dois sucessos de bilheteria: A Maldição da Chorona e Vingadores: Ultimato. Entretanto, a forma visceral na qual ela se dedicou para compor Judy Hale é digna de atenção, exaltação e apreciação. São poucas as atrizes que conseguem um feito como esse na carreira, por isso acredito que todos devemos prestar atenção.
How To Get Away with Murder fez escola. Será que valeu a pena?
Meus problemas com Disque Amiga Para Matar podem ser extraídos das minhas resenhas de How To Get Away with Murder: a edição atabalhoada e a falta de ritmo. Quem já assistiu ao primeiro ano sabe que há um mistério no ar. Contudo, a forma que o roteiro utiliza para manter o interesse do telespectador em tal narrativa é boba e atrasada. Flashbacks fazem bem para qualquer produção desde que usados com sabedoria e certa perspectiva. É extremamente cansativo assistir um programa cujas histórias ficam se alternando entre passado e presente.
Para segunda temporada, que com certeza vai acontecer, é de suma importância que o roteiro corrija essa questão. Afinal de contas, avaliando o gancho da Season Finale, nós já sabemos quem matou, como matou e porque matou. A menos que tenhamos uma cópia da proposta do segundo ano de Big Little Lies. E neste caso nós pelo menos teremos Meryl Streep em cena.
Então não esqueça de comentar suas sugestões, críticas e elogios, assim como sua opinião sobre a série. Podemos estar em 2019, mas eu adoraria ler opiniões contrárias.