Crítica: Elite prova que tem fôlego na 7ª temporada, mas comete mesmos erros

7ª temporada de Elite apresenta melhorias em comparação aos anos anteriores, mas ainda insiste nos mesmos erros.

Elite: 7ª temporada prova que a série ainda tem fôlego, mas permanece nos mesmos erros.
Imagem: Divulgação Elite/Netflix

Após uma 6ª temporada desastrosa, Elite retorna no seu novo ano com a difícil missão de cativar novamente o público. A nova temporada apresenta uma melhora significativa em comparação às três temporadas anteriores. Isso porque a série consegue prender minimamente o espectador em sua nova trama, embora ela ainda repita os mesmos erros.

Após duras críticas nos últimos anos, a nova temporada da série decidiu atender a alguns pedidos dos fãs. Por isso, o programa reduziu consideravelmente as cenas de s*xo e nudez desnecessárias, além de abordar temas pesados de forma mais responsável, diferentemente das tramas de est*pro da 4ª a 6ª temporada. Essas mudanças, embora modestas, trouxeram uma mudança significativa para a temporada, uma vez que a série buscou desenvolver as relações entre seus personagens.

Outro ponto a destacar é a inclusão de novos personagens, que desta vez se mostram minimamente interessantes. Embora não alcancem o carisma dos melhores personagens da franquia, eles conseguem cumprir seu papel e conduzir a história da melhor maneira possível.

Didac e Isadora

Elite: 7ª temporada prova que a série ainda tem fôlego, mas permanece nos mesmos erros.
Imagem: Divulgação Elite/Netflix

No final da 6ª temporada de Elite, acontece um tiroteio em Las Encinas. Esse é o gancho que nos leva para o arco de Didac (Álvaro de Juan) e Isadora (Valentina Zenere), que seguem uma versão moderna do clássico Romeu e Julieta.

No entanto, o arco deles acaba sendo o mais enfadonho da nova temporada, uma vez que Isadora e Didac estão longe de ser o casal mais cativante da série. Além disso, os momentos de Isadora com os pais são, de muitas formas, desinteressantes, e a relação de Didac com sua família é praticamente inexistente.

A trama ainda coloca o detetive como “diretor” de Las Encinas, aproveitando os momentos de fragilidade de Didac para instalar um grampo em seu celular e assim ouvir suas conversas sem autorização. Algo extremamente problemático, pois estamos falando de um adulto que passa a temporada inteira espionando adolescentes.

Nico e Eric

Elite: 7ª temporada prova que a série ainda tem fôlego, mas permanece nos mesmos erros.
Imagem: Divulgação Elite/Netflix

Nico entrou na série na temporada passada como o primeiro personagem trans em Elite. Sua história com Ari foi extremamente problemática e mal escrita. No entanto, em seu novo ano, o personagem teve uma nova trama, que se mostrou verdadeiramente interessante.

Na nova temporada, Nico (Ander Puig) precisa lidar com seu primo Eric, um jovem que enfrenta problemas mentais.

O arco de Eric acaba sendo um dos destaques positivos na temporada. Vemos o quão difícil é para Nico não saber como ajudar alguém que ele ama e entendemos as complexidades de seus próprios sentimentos. Eric, por sua vez, foi uma excelente adição à série, pois, embora seja um papel desafiador, Gleb Abrosimov, conseguiu conseguiu desempenhá-lo muito bem.

Raul e Sara

Imagem: Divulgação Elite/Netflix

Outra trama que continua a partir da temporada anterior é a história de Sara (Carmen Arrufat) e Raul (Álex Pastrana). O casal, que foi introduzido com uma narrativa de relacionamento tóxico e violência doméstica, também foi responsável pelo atropelamento de Ivan (André Lamoglia) no final da temporada anterior. No entanto, em seu novo ano, a história deles pouco evolui.

A ideia de abordar violência doméstica, sem dúvida, foi uma das piores escolhas para Elite. Isso porque a série não possui responsabilidade, nem cuidado em lidar com assuntos tão pesados.

Sara acaba se mostrando ainda mais como uma figura problemática, demonstrando ser cada vez mais fria e manipuladora. A garota que, na 6ª temporada, jogou a responsabilidade do atropelamento para Mencia (Martina Cariddi), agora aparece usando Chloe (Mirela Balić) para se livrar de seu relacionamento com Raul.

Independentemente da boa fé que você tenha, a forma como a série conduz a trama dela nos deixa com uma sensação estranha de que ela e Raul são merecedores um do outro. Esse sentimento piora ainda mais com a interpretação da atriz, que é extremamente antipática e carente de carisma, deixando a série com uma atmosfera monótona.

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A melhor parte no desenvolvimento do arco de Sara acaba sendo a participação da professora Jessica (interpretada por Anitta), que se apresenta como a voz da razão. A atuação de Anitta funciona muito bem e, mesmo com pouco tempo de tela, ela rouba a cena quando aparece.

Raul, por sua vez, é um caso à parte, com o excelente trabalho do ator Álex Pastrana que consegue oscilar bem entre as cenas em que ele deve ser o monstro agressivo e manipulador, para os momentos em que ele precisa ser o namorado fofo, romântico e atencioso. A forma como ele age após cair na armadilha de Sara, buscando outra vítima, nesse caso Chloe, foi um dos melhores enredos da temporada.

Essa foi a última temporada em que o casal participou de Elite, provavelmente, uma vez que Raul morreu e Sara aparentemente pediu transferência da escola.

Ademais, um enredo envolvendo o casal que foi completamente esquecido foi a história deles atropelando Ivan. No início da temporada, vemos Sara convencendo o brasileiro a ir morar com eles, mas a história acabou nunca mais sendo retomada.

Chloe

Imagem: Divulgação Elite/Netflix

Sem dúvidas a melhor aquisição dessa temporada acabou sendo a historia da Chloe e sua mãe Carmen (Maribel Verdú). Chloe em um primeiro momento parece ser uma personagem fútil, mandando um vídeo dela fazendo s*xo para toda a escola.

Mas, conforme vamos conhecendo mais sobre a personagem vemos como ela buscava resolver seus problemas praticando o ato s*xual, a atuação se mostra excepcional, conseguindo desenvolver todas as complexidades da personagem, desde os momentos picantes, até os momentos de medo e angustia, quando Chloe se relaciona com Raul. 

A relação de Chloe com Carmen é instigante e bem executada, já que, embora não sabemos o motivo para elas não se darem bem, vemos como mãe e filha se amam mesmo em meio a conflitos.

Porém, estamos falando de Elite e a série insiste em tornar todos os seus personagens assassinos. No último episódio, Carmen mata Raul, sendo esse o gancho para a próxima temporada, algo completamente desnecessário.

Omar e Joel

Imagem: Divulgação Elite/Netflix

Em uma tentativa de reconquistar os fãs mais antigos de Elite, a série decidiu trazer Omar (Omar Ayuso) de volta para a trama em seu novo ano. Na nova temporada, percebemos que o personagem enfrenta diversos problemas psicológicos devido aos traumas que vivenciou em Las Encinas, além de estar em um relacionamento estável com Joel (Fernando Lindez). No entanto, seu mundo vira de cabeça para baixo quando Joel se apaixona por Ivan e decide estudar em Las Encinas.

Sinceramente, o retorno de Omar é extremamente desnecessário. A história dele sofrer pelo fato de seu namorado não mais amá-lo já havia sido explorada em temporadas anteriores. E o personagem não demonstrou amadurecimento nenhum, mesmo ficando ausente por uma ano inteiro. Além disso, a falta de química entre ele e Joel é notável.

Joel, por sua vez, passa a maior parte do tempo sem camisa na série, evocando o clássico estereótipo de personagens de Elite cuja presença se destina quase que exclusivamente a cenas sensuais. No entanto, ele carece do apelo de Patrick (Manu Rios).

A série tenta desenvolver relacionamentos ao retratá-lo como o porto seguro de Ivan, mas essa dinâmica torna-se pouco verossímil ao longo da temporada, principalmente devido às idas e vindas de Joel entre Ivan e Omar. Em outras palavras, Joel acaba sendo um personagem esquecível.

Ivan

Elite
Imagem: Divulgação Elite/Netflix

Ivan é o melhor personagem das últimas temporadas de Elite, e o trabalho do ator brasileiro André Lamoglia é perfeito, conquistando a empatia e a paixão dos fãs. Em seu novo ano, vemos Ivan lidando com o luto pela morte de seu pai e sofrendo com o abandono de Patrick.

O relacionamento de Ivan com Joel funciona muito bem, em grande parte devido ao excelente desempenho do ator brasileiro, que carrega a história do personagem em diversos momentos, mesmo quando a trama carece de sentido em algumas ocasiões.

No entanto, o que realmente marcou o personagem no novo ano foi o retorno de sua mãe, Carmen, e de sua irmã, Chloe. A relação de Ivan com sua família desconhecida proporcionou bons momentos para a série, especialmente ao mostrar o cuidado delas com o rapaz. No entanto, Elite possui um grande defeito ao tentar inserir fetiches eróticos na história, e neste ano não é diferente.

Durante a temporada, temos uma cena em que Ivan e Carmen usam drogas e acabam se beijando e iniciando o ato s*xual (embora Ivan não soubesse, naquele momento, que se tratava de sua mãe). O ato não se completa, pois Carmen acaba indo embora, mas a cena, além de degradante, é extremamente desnecessária para a narrativa que estava sendo construída até então.

No final da temporada, Ivan se afasta de sua mãe e irmã e deixa Las Encinas. No entanto, essa não será a última vez que o veremos.

Ele fará uma participação especial na 4ª temporada de Sangue e Água, além de retornar para a 8ª e última temporada de Elite.

Em resumo, a 7ª temporada acabou sendo superior às anteriores, mas tem muito a melhorar. A Netflix já confirmou que teremos uma oitava temporada que encerrará a história.

Nota: 3/5

Sobre o autor
Jose Guilherme

Jose Guilherme

Fã de carteirinha de Glee, House e America Crime Story, além de uma grande amante de séries de super heróis como Doom Patrol, WandaVision e Arrow.

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