Crítica: Feminismo e (muita) Rússia no episódio 4×11 de Madam Secretary
Review do décimo primeiro episódio da primeira temporada de Madam Secretary, da CBS, intitulado "Mitya".
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“Há um espaço especial no inferno para mulheres que não se apoiam” – Madeleine Albright
Tal frase foi dita pela primeira mulher a ocupar o cargo de Secretária de Estado dos Estados Unidos na história, ao lado de Hillary Clinton em New Hampshire durante a campanha presidencial de 2016. Sem nenhuma surpresa, a declaração desagradou principalmente as mais jovens por não acreditarem que “uma vagina” não era razão suficiente para votar em alguém. Tal passagem histórica é importante porque mostra não só demonstra um choque entre gerações, como também o porquê mulheres se veem na necessidade de apoiar umas as outras.
Com as eleições (novamente) se aproximando nos Estados Unidos de Madam Secretary, o roteiro propôs um embate muito interessante entre a Vice Presidente (Jayne Atkinson) e a Secretária de Estado justamente pela possibilidade de ambas se enfrentarem numa hipotética corrida presidencial. Acredito que essa decisão criativa não surge simplesmente como uma manobra dos roteiristas em manter essa possibilidade viva, mas também de promover debate sobre a melhor forma de discutir feminismo numa situação como essa.
Porque a administração teria que escolher qual mulher apoiará? Qual a necessidade? Deixem que concorram, que disputem e mostrem qual delas têm a melhor agenda para o país. Acreditem quando digo que esse debate, apesar de clichê, é um dos mais essenciais nos Estados Unidos no momento. Não só por Hillary Clinton, mas também pelo recente espetáculo do Senador Cory Booker que levantou uma série de questionamentos. Será que ele foi machista? Ou está apenas fazendo seu trabalho? Como ter um debate político em tempos tão polarizados? Como que uma membro do gabinete é cobrada por outro homem sem que tal ato pareça intimidador?
É Rússia que você quer?
Felizmente, os roteiristas estavam inspirados e nos apresentaram muito mais do que uma necessária discussão sobre mulheres no poder. A Rússia estava lá mais uma vez. É possível que o telespectador esteja cansado de só escutar a palavra “Rússia”. Acredite, também estou. Principalmente colocando em perspectiva as manchetes mais recentes vindas dos Estados Unidos. Todavia é importante ressaltar que a ameaça continua subestimada mesmo depois de esculhambar com as eleições dos EUA, ter tentado o mesmo na França e Alemanha e estar ensaiando uma interferência no México.
Não acredito que Madam Secretary será responsável por promover alguma mudança real em qualquer coisa, mas é importante o telespectador ser lembrado dos abusos e ataques. Sabem porque? O barulho e o ruído são tamanhos que confusão pode sim, ser inevitável para todos aqueles que não estão prestando atenção. É louvável ver a maneira na qual os roteiristas fantasiam na ideia de uma diplomacia honrada e com valores, o que está bem fora da realidade uma vez que Rex Tillerson não tem, sequer, uma equipe completa no Departamento de Estado. Lembro que mesmo com a crise eminente com a Coréia do Norte, ainda não há um embaixador na Coréia do Sul.
Em suma, acredito que mesmo trazendo várias mensagens positivas, o roteiro ainda não tem uma mensagem clara sobre o futuro. Será mesmo que Elizabeth vai concorrer à presidência? Mas o que acontece com o título do drama? E se ela mesmo concorrer, isso quer dizer que Jayne Atkinson não será mais vista em House of Cards? Muitas perguntas que os produtores e roteiristas não devem ter a menor ideia como responder. Do contrário, teríamos outro tipo de narrativa. Seja como for, espero que Elizabeth preste muito atenção ao uso dos emails.