Crítica: Final de Pátria, na HBO, traz desfecho com mensagem de perdão
Crítica do episódio “sete” e "oito" da primeira temporada de "Pátria" nova série da HBO, intitulados "Pan ensangrentado" e "Mañana de domingo
Em seus dois últimos episódios, Pátria traz polêmica cena de tortura policial e encerra todas as questões no oitavo e último episódio
Em setembro, a HBO decidiu promover o lançamento de Pátria com um pôster (imagem abaixo), com a foto de uma vítima do ETA que era confrontada com a de um membro do grupo terrorista sendo torturado pela guarda civil. E foi a melhor estratégia de marketing para divulgar sua minissérie, pois a HBO fez todo mundo falar sobre a suposta polêmica, para melhor ou para pior.
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Em seus oito episódios, a série de Aitor Gabilondo deixou claro que Pátria é totalmente imparcial. E, além disso, não caiu em defesa da guarda civil – muito menos dos rebeldes do grupo armado ETA. E, embora o capítulo sete trouxe o polêmico episódio destacado no cartaz de divulgação, onde coloca a policial e os terroristas no mesmo nível, em seu oitavo e último episódio, a série encerra com uma mensagem positiva de esperança e perdão. Igualmente, também deixa os protagonistas prontos para descansarem em paz.
Não posso dizer adeus a esta guerra de mães sem responder a pergunta do ano: Qual foi o envolvimento de Joxe Mari no assassinato de Txato? Será que Bittori conseguiu encontrar a paz que tanto busca para fechar o papel que não pediu na vida, mas teve que viver? As duas amigas vão se reaproximar mesmo com suas posições opostas? O lado positivo da série da HBO é que não haverá uma segunda temporada, logo, todas as questões colocadas foram encerradas no oitavo e último episódio.
A história manteve o foco mais na dor dos personagens
No episódio 7, intitulado “Pan ensangrentado”, sem entrar em muitos detalhes, as cenas de abusos policiais contra Joxe Mari após sua prisão, não deixam nenhum vestígio além de uma prática que existiu durante os anos mais violentos do ETA. Os abusos policiais contra Joxe Mari não buscam redimi-lo e, sim, por informações do grupo terrorista. A série não teve tempo de desenvolver melhor a trama da violência policial, nem se aprofundou no grupo armado ETA, mas manteve o foco na dor dos personagens que tiveram suas vidas destruídas por culpa dessa eterna guerra politica.
Joxe Maria, recebe a visita de seus pais na prisão. Ele percebe seu pai calado, o que deixa claro que não aceita as escolhas feitas pelo seu filho, enquanto sua mãe mente dizendo que a cidade tem seu filho como um herói por lutar pela liberdade de um governo opressor.
Mirien ainda diz que seus outros filhos decidiram fugir da luta, e revela que Arantxa mora com um marido covarde e Gorka vive no pecado. Esse último também vai visitar o irmão, e eles argumentam pelo fato de Joxe Maria se considerar um herói por ter lutado pela sua pátria e que da orgulho para sua mãe. Tudo isso, enquanto Gorka decidiu fugir porque envergonha sua família. Gorka diz que vive com um homem que o ama, que Joxe Maria é um terrorista e irá passar o resto da vida na cadeia, já Gorka não precisou matar ninguém para ser livre e feliz.
Abrindo cartas e fechando feridas
Bittori, que no primeiro episódio foi apresentada ao público diante do túmulo de seu marido, sozinha, quando ela conta que iria retornar ao País Basco atrás de respostas sobre sua morte, retorna ao mesmo local para encerrar sua história. No desfecho, finalmente, ela consegue a confissão de Joxe Maria. E, portanto, lê a carta que recebeu do filho de sua ex-amiga Mirien, com o pedido de perdão. E, além disso, vê seu relato, em detalhes, de como Txato foi assassinado e que não foi ele que puxou o gatilho.
Enquanto Joxe Maria relata o conteúdo da carta, acompanhamos novamente as cenas que antecedem o assassinato do protagonista que deu início a história. Com isso, a viúva de Txato diz em voz alta que perdoa o Joxe Maria e que seu marido deveria fazer o mesmo, assim eles poderiam descansar em paz.
Uma bomba explode na vida de Arantxa e Nerea
Arantxa e Nerea ganharam destaques nesses últimos episódios, e acompanhamos as duas com suas escolhas do passado. Bem como suas consequências no tempo presente.
Seguimos a primeira, irmã de Joxe Mari, em sua tentativa de levar uma vida familiar fora do conflito basco. Um esforço que se choca com a realidade quando, literalmente, uma bomba dos terroristas explode e mata um grande amigo de seu marido. Essa explosão traz a perigosa mistura do “bem” e do “mau”, “esquerda” e “direita” à sua própria casa, ao seu casamento e à sua relação com a mãe.
Também acompanhamos Nerea escapando da dor do assassinato de seu pai, mas enquanto a rota de fuga de Arantxa é a família que ela forma com seu marido e seus dois filhos, Nerea decide buscar por uma liberdade com alguém com quem ela possa construir uma nova família, mesmo que precise deixar a sua para traz. No entanto, essa busca se torna quase como uma espécie de maldição, por sua ansiedade de querer sair do buraco da tristeza em que se encontram sua mãe e o seu irmão. A filha de Txato passa por decepções amorosas e relacionamentos abusivos, o que a leva de volta para as lembranças sombrias. Após visitar Arantxa no hospital, Nerea percebe a importancia de ter sua familia ao seu lado.
Nós realmente conhecemos as pessoas ao nosso redor?
Ao longo de seus oito episódios, a série da HBO foi a mais honesta possível com sua proposta inicial. E isso foi muito agradável de acompanhar, como todos os caminhos tenham conduzido à última cena da série. Aquele encontro e o abraço de Bittori e Mirien. Foi um momento inesquecível que funde duas posições opostas num gesto que, talvez, não seja mais do que outra máscara de falsidade e aparência enganosa. Ou talvez não. Pode, sim, ser um gesto de perdão, esperança, e colocando um ponto final nas diferenças. Mesmo assim, levanta uma última questão: nós realmente conhecemos as pessoas ao nosso redor?
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Pátria encerrou o que prometeu. A série que venceu o prêmio Ondas de melhor drama desse ano chega ao fim fechando todas as dívidas pendentes e feridas abertas das últimas oito semanas. Pátria encerra com um final emocionante, mas um pouco frio. O que na minha opinião, foi muito melhor assim.
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