Crítica: Inspirado, 2×14 de Designated Survivor é uma carta de amor ao federalismo
Review do décimo quarto episódio da segunda temporada de Designated Survivor, da ABC, intitulado "In The Dark".
Hora de aprender. Quem diria.
Designated Survivor tem diversos problemas e deficiências. Falta de patriotismo, entretanto não é uma delas. Tal sentimento parece intrínseco uma vez que nenhuma outra série de televisão sequer considerou a possibilidade de sonhar com o que acontece quando o designated survivor é apontado como o novo Presidente. Ao assistir In The Dark tenho a certeza que um dos pontos fortes do roteiro é explicar ao telespectador pontos importantes da constituição norte americana. Desta vez, temos uma aula sobre como que o federalismo funciona ou deveria funcionar.
No episódio anterior já tivemos uma amostra de que os roteiristas estavam interessados em tratar do assunto. Num pequeno diálogo argumentaram que desapropriação de terras privadas pelo estado é um assunto local e não federal. Mas o que isso significa? Quando que a união lava as mãos e manda o problema para o prefeito e/ou o governador? In The Dark está aqui para responder com um exemplo clássico do conflito entre governo federal e local: o Distrito de Columbia, que abriga Washington.
Parece um assunto chato e cansativo, mas acredite quando digo que é muito interessante. Isso porque há muitas semelhanças com o Brasil, mais precisamente com Brasília. Todavia, diferentemente do Distrito Federal, o Distrito de Columbia não tem representantes no congresso com poder de voto, não tem orçamento próprio e é administrado como um município. Sem contar que de acordo com a constituição americana, a união tem jurisdição exclusiva no distrito em “qualquer circunstância”. Em 2016, os eleitores votaram mais uma vez para se tornarem o 51º estado, mas com a disfuncionalidade do legislativo, ninguém deu muitos ouvidos.
Fica pior antes de melhorar
Com essa divisão, pergunta-se: o que acontece quando o distrito está em crise e acaba afetando a funcionalidade da administração federal? In The Dark quer responder essa pergunta. Quando um apagão afeta a capital, a prefeita é incumbida da função de manter a população calma enquanto o governo federal restaura a energia. Tudo tranquilo até quando as pessoas consideram a possibilidade de participar de uma audição para o próximo The Purge.
O caos é geral e a situação pode ficar fora de controle a qualquer momento. Com isso, o governo federal vai interferir para manter a “lei e a ordem”. Com argumentos pontuais e uma conversinha de pé de ouvido com o Japão, tudo termina bem. É uma evolução e tanto para um roteiro que já trouxe Kirkman dando ordem de prisão para um governador lá na primeira temporada. Mas acredito que o grande feito desse episódio é a inspiração e a mensagem. Pode parecer piegas da minha parte, mas acredito que são assuntos que deveriam receber mais atenção da indústria.