Crítica: Justiceiro faz 2ª temporada com boa ação, mas repete erros da 1ª

Confira a crítica da segunda temporada de O Justiceiro.

Imagem: Netflix
Imagem: Netflix

“Eu sou apenas o cara que não podia se manter longe de problemas”

Frank ‘fucking’ Castle está de volta para mais uma temporada de O Justiceiro. A série, parte da terminal parceria entre a Marvel e a Netflix, explorou novamente o aspecto violento do personagem. Entretanto, teve muitas dificuldades em construir a história.

A trama da temporada envolve dois núcleos que ora se cruzam, ora se afastam. De um lado, Castle se vê enrolado numa conspiração que tem em seu centro John Pilgrim (Josh Stweart), um psicopata que justifica suas atrocidades pela fé, e uma jovem misteriosa (Giorgia Whigham).

Em paralelo, Billy Russo (Ben Barnes) está de volta. Recuperando-se das lesões causadas por Castle, Russo está no caminho para se tornar o vilão Retalho. O arco de Russo é o gatilho para levar a história de volta para Nova York, trazendo personagens do universo Marvel/Netflix.

Sangue, balas e mais sangue

Um dos méritos de Justiceiro, desde a primeira temporada, é mostrar bastante violência. Esse aspecto é característico do personagem, e seu estilo ‘fodão’ é até melhor retratado nesta temporada. Em praticamente todos os episódios temos um ato com boas cenas de ação.

Da mesma forma, a fotografia dessas cenas convencem. Apesar de recorrer bastante a cenários mais escuros, é possível acompanhar as ações táticas e precisas do vigilante, movimentando-se como um verdadeiro fuzileiro.

Aliado a isso, as cenas de combate corpo a corpo também são bem decentes. Com um estilo mais ‘cru’ do que o Demolidor, Castle protagoniza lutas sangrentas e críveis. Uma luta no bar logo no primeiro episódio é uma ótima carta de apresentação para a temporada. Os urros e feições de Bernthal também ajudam bastante nesses momentos.

Altos e baixos nas atuações

Por sinal, mais uma vez Jon Bernthal é a pérola da série. De modo similar à primeira temporada, o ator entrega bastante carisma em seu personagem, transmitindo a dualidade de um homem perturbado, porém bem intencionando.

A capacidade de transitar do psicopata que urra durante combates para o cara gente boa é um ponto positivo da atuação do protagonista. Além disso, ajuda a carregar o interesse pela série. Da mesma forma, a atuação de Whigham, que espelha a função de Micro, traz bons momentos. A atriz atuou bem na maior parte da temporada, sendo uma boa surpresa.

Também é possível apontar as participações mais pontuais de outros bons coadjuvantes, como Brett Mahoney (Royce Johnson) e Karen Page (Deborah Ann Woll).

O problema, novamente, são os vilões. Embora Ben Barnes se esforce na construção da dualidade de seu Retalho, o personagem continua deslocado da trama, o que é bizarro, dada a importância do antagonista em toda a história do Justiceiro.

Mais complicada ainda é a participação de Pilgrim, novamente um vilão com pouca expressão e dependente da trama de conspiração para poder existir. Embora o roteiro dedique tempo ao personagem, é um grande desafio se importar com ele ao longo da série. Na realidade, isso é um pouco crônico para todo o núcleo que o envolve. Talvez, a história possua maior apelo ao público americano, pois novamente lida com preocupações (e paranoias) muito atuais daquela sociedade.

Mas, afinal, e a história?

Pois bem, talvez o problema principal da temporada seja a sua história. De saída, é pouco convincente o envolvimento de Castle na trama, apelando para o recurso da “pessoa errada, na hora errada”. Inclusive, é um pouco vago o porquê de a história começar onde começa.

Um recurso novamente utilizado, com certo êxito, foram os flashblacks. Esses escapes preencheram os episódios e ajudaram a explicar um pouco mais a motivação dos vilões.

Sem entrar em spoilers, Castle é envolvido na trama principal por acaso, pois se encontra com a personagem de Whigham, em apuros, e atua com o bom moço (a seu estilo). Um acerto da série, de fato, é o esforço em criticar as ideologias de Castle, mesmo sua concepção de bom samaritano.

Entretanto, a ideia de novamente envolver o personagem numa conspiração que chega aos níveis do governo não parece ter sido acertada. Mesmo com ótimas cenas de ação, e um final um tanto escatológico, Justiceiro poderia recorrer a uma história mais urbana, como na primeira aparição em Demolidor.

Tramas mais simples e diretas, focando no que a série tem de melhor: ação e muito sangue.

Os fãs do vigilante talvez tenham um misto de emoções assistindo à temporada. Por um lado, a atuação de Bernthal traz bons momentos do personagem nos quadrinhos. Por outro lado, a timidez da Netflix em abraçar aspectos da mídia original, como o visual do Retalho (que poderia ser chamado só de Cicatriz), podem irritar a audiência.

A segunda temporada de Justiceiro nos entrega novamente a ação esperada do personagem, mas falha em construir uma boa narrativa. Se não fosse pela qualidade do protagonista, seria difícil assistir à série. Infelizmente, a parceria entre Marvel e Netflix está com os dias contados, e dificilmente veremos novamente Frank ‘fucking’ Castle na boa atuação de Bernthal.

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Sobre o autor
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Luiz Alves

Historiador, pesquisador em saúde, fã de histórias em quadrinhos e jogador de RPG de longa data. Adoro sitcoms de Seinfeld a Brooklyn Nine-Nine, cresci vendo dramas como House, e me apaixonei pelo suspense de Hannibal e a fantasia de Penny Dreadful. Escrevo no Mix desde 2017, fazendo reviews de séries baseadas em quadrinhos, dramas e outras por aí. Atualmente, faço as reviews de New Amsterdam.

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