Crítica: Modern Love, série do Amazon, é um compilado de histórias pra aquecer o coração
Crítica da primeira temporada de Modern Love, série de antologia do Amazon Prime Video. Temporada já está disponível completa na plataforma.
Série se torna um excelente atrativo do Amazon Prime Video
As antologias (séries que apresentam histórias diferentes a cada episódio ou temporada) estão cada vez mais em alta no mundo das séries. Buscando o mesmo sucesso de Black Mirror, da Netflix, o Amazon lança a encantadora Modern Love.
A adaptação dos textos para a TV ficou por conta de John Carney, o nome por trás de grandes títulos de comédia romântica dos últimos anos, como Apenas Uma Vez, Mesmo Se Nada Der Certo, e Sing Street: Música e Sonho.
A nova produção reúne em 8 episódios, com média de 30 minutos, um compilado de histórias ambientadas em Nova York sobre o amor e suas mais diferentes e inusitadas ramificações.
Como por exemplo, a inusitada relação entre uma solitária jovem revisora de textos e o porteiro do seu prédio. Não demora mais do que 10 minutos para nos apaixonarmos pela história ora engraçada, ora comovente do primeiro episódio (“Quando o Porteiro Seu Melhor Homem”), que explora essa relação de amor fraternal entre Cristin Milioti (How I Met Your Mother) e Laurentiu Possa (Killing Eve) com tamanha sutileza.
Na verdade, o tom agridoce permeia quase todas as histórias retratadas durante a temporada de estreia. O resultado disso são histórias leves o suficiente para fazer rir, mas também densas o suficiente para fazer refletir.
Episódios de 30 minutos tornam a série uma ótima opção de maratona
O tamanho dos episódios, definitivamente, é um dos grandes acertos da produção. Roteiristas e diretores executam um trabalho primoroso ao encaixar todos os elementos necessários para se contar uma boa história em apenas meia-hora.
Algumas perguntas podem ficar no ar, mas você ainda será surpreendido antes do créditos finais da temporada. Eis uma ótima opção para maratonar nos próximos dias.
Modern Love conta com grandes estrelas no elenco
Ainda colhendo frutos do sucesso de suas produções originais The Boys e Fleabag, a Amazon apostou alto em Modern Love e contratou um time de estrelas para o elenco. A tática funciona bem para prender a atenção do espectador nos personagens.
É o caso dos episódios 2 e 3, estrelados por Dev Patel (Lion) e Anne Hathaway (O Estagiário), respectivamente. Em “Quando o Cupido é uma Jornalista Curiosa”, Patel e a também incrível Catherine Keener (Corra!) falam sobre amores não vividos e arrependimentos, em um dos melhores capítulos da série.
Já Hathaway protagoniza “Me Aceita como Eu Sou, Quem Quer Que Eu Seja”, onde vive a advogada Lexi, em um dos episódios mais diferentes do conjunto. Narrado em primeira pessoa, a história também flerta com elementos dos gêneros fantasia e musical, o que pode parecer bem estranho para alguns. No entanto, a mensagem embutida aqui é importante. Na trama, a personagem enfrenta sérias dificuldades em manter empregos e relacionamentos por conta da sua não divulgada condição: Lexi é bipolar e frequentemente é arrebatada por episódios de extrema depressão. Anne Hathaway, como sempre, não decepciona.
Também aparecem na série: Tina Fey (30 Rock), Andy Garcia (O Poderoso Chefão), Julia Garner (Ozark), John Slattery (Mad Men) e Gary Carr (The Deuce).
Roteiro explora diversidade dos personagens (mas nem tanto)
A diversidade dos personagens é algo marcante na série. São homens e mulheres das mais variadas idades, etnias e orientações sexuais, o que enriquece o conteúdo e o torna mais relacionável.
Um dos episódios, “Um Mundo Só pra Ela”, acompanha a jornada de um casal gay após decidirem adotar o bebê de uma jovem nômade. O choque dos dois mundos diferentes rende cenas engraçadas (e emocionantes, claro) e até uma participação bem inesperada do cantor Ed Sheeran. Destaque para o ator Andrew Scott, o “Padre Gato” de Fleabag, que rouba a cena ao expor os medos e as incertezas sobre se tornar pai nos dias de hoje.
No entanto, essa variedade de personas se revela limitada ao explorar, quase que exclusivamente, personagens bem sucedidos, de classe média alta, membros da “elite” de Nova York. Isso acaba se sobressaindo como um dos pontos negativos da produção, que se propõe a debater e representar o amor, mas se restringe à uma realidade um tanto quanto privilegiada. Isso não chega a ser um obstáculo na experiência do espectador, mas com certeza pode ser algo a ser trabalhado em uma possível segunda temporada.
Modern Love é para aquecer o coração
O desfecho da temporada de estreia acontece em “A Corrida Fica mais Gostosa na Volta Final”. Em uma história sobre amor na terceira idade que vai te fazer chorar assim como qualquer episódio de This Is Us.
Além disso, o último ato nos reserva ainda uma bela surpresa, a cereja do bolo. Mas irei evitar spoilers para não estragar a surpresa que vai te convencer que Modern Love é uma das séries mais encantadoras do ano e vai te deixar com o coração aquecido. Em tempos de notícias difíceis, celebrar o amor se faz ainda mais necessário.