Crítica: O Legado de Júpiter não é perfeita, mas merece uma conferida
O Legado de Júpiter é a nova série de heróis da Netflix. Apesar das duras críticas, programa merece uma conferida na plataforma.
Depois de adaptar todos os principais heróis para o Cinema e TV, os estúdios buscaram novos personagens no “segundo” filão das HQs. Depois de também esgotar essa categoria, chegou a hora de investir no que é mais underground e original. Assim, o resultado tem sido mais do que positivo, rendendo adaptações excelentes como The Boys e Invencível. Vendo a popularização dessa vertente, a Netflix aposta em O Legado de Júpiter, baseada na popular HQ de Mark Millar.
Nesta nova linha que cresce na TV (e que pode ter se inspirado no sucesso de Deadpool), há uma tendência à violência, aos palavrões e às discussões sociais. São ingredientes que não encontram espaço nos grandes filmes justamente pelo escopo de suas produções. The Boys, por exemplo, embora invista no humor e no exagero do gore, é uma série que, aqui e ali, discute interessantes e importantes pontos políticos e sociais.
O Legado de Júpiter tenta abraçar diversos temas em pouco tempo
Nesta perspectiva, Júpiter vai na mesma linha, adicionando, ainda, o debate geracional. Na trama, os super-heróis de outrora estão velhos. Ainda que defendam o mundo e lutem contra vilões, já não têm a mesma energia de antigamente. Com filhos crescidos e um novo mundo despontando no horizonte, é chegada a hora de passar o manto adiante e sair de cena. Mas o que acontece quando os filhos não estão preparados e o mundo que surge é muito pior do que o esperado?
No meio dessa discussão, Legado de Júpiter arrisca em algumas linhas turvas. O Utópico, por exemplo, é um claro defensor do capitalismo e da soberania de seu país. Apesar dessa pegada conservadora, é um sujeito que defende a vida e não acha que a morte seja a resposta para os crimes do mundo. Aqui, a série toca em uma ferida que lateja em praticamente todo país do planeta: a pena de morte e a descabida sede de vingança por parte da população.
Debate geracional, pena de morte, capitalismo: tudo isso na série de heróis
É sintomático, portanto, que durante o segundo episódio, durante uma coletiva de imprensa, uma jornalista apontem que 78% da população concorde com a morte de um vilão pelas mãos de um herói. Essas pesquisas chocantes, que surgem de tempos em tempos, revelam uma face da sociedade que não queremos enxergar, muito embora saibamos que esteja lá, escondida sob a fachada da tranquilidade. Para completar, além do debate da violência e da troca de gerações, a série ainda discute o papel do capitalismo no início dos anos 1930, quando a crise de 1929 ameaçou destruir os Estados Unidos por completo.
Aqui, O Legado de Júpiter promete dar passos maiores do que as pernas. Além de todo o peso dos temas já debatidos, há ainda uma crítica ao sensacionalismo da imprensa, que não hesita ao ilustrar notícias com fotos de cadáveres. A intenção do programa, portanto, é boa e funciona em grande parte. Tudo isso acontece antes mesmo do segundo capítulo terminar. Fica parecendo, então, que o show quer abraçar mundos e fundos e ainda brincar de bonequinho no caminho.
Crítica internacional não aprovou o programa
Por sorte, tanto o drama quanto a ação parecem funcionar. E é uma pena que a crítica, em sua maioria, tenha destruído o programa em suas reviews. Enquanto Sombra e Ossos recebeu grandes elogios da imprensa, mesmo confusa e enfadonha, Legado de Júpiter amargou duros comentários. O show talvez tenha sofrido com as comparações a The Boys e a outros projetos que já saturam o mercado dos heróis. Ainda assim, a nova aposta de Netflix está longe de ser o marasmo que muitos apontam.
O que faz torcer o nariz, entretanto, é a maquiagem que envelhece o elenco. Como a série se furta de diversos flashbacks, a produção optou por maquiar seus atores ao invés de ter outros rostos interpretando os mesmos personagens em épocas diferentes. O resultado é estranho: a maquiagem jamais convence que aquelas pessoas são realmente idosas. Os rostos de Josh Duhamel e Leslie Bibb são muito joviais e não passam a ideia de cansaço e envelhecimento desejada. Em contrapartida, as próteses mais pesadas, como a de Blackstar, funcionam melhor, mas justamente por não buscarem tons mais realistas.
Elenco competente garante o retorno para novos capítulos
Felizmente, o elenco é competente e consegue vencer a barreira da maquiagem. Josh Duhamel, por exemplo, é um dos bons atores subestimados que a indústria teima em colocar como coadjuvante. Aqui, ele tem a chance de protagonizar uma história que combina com a sua persona. Ben Daniels é outro excelente ator que vem de bons papéis na televisão. Sua performance em Flesh and Bone e The Exorcist são irretocáveis, apesar da qualidade ou sucesso dos programas. O ator, que também aparece em The Crown, ganha papel de destaque em Júpiter e é um dos melhores pontos do projeto.
Investindo em efeitos práticos que funcionam melhor que seus efeitos computadorizados, O Legado de Júpiter merece uma conferida. Com oito episódios em sua primeira temporada, a série encontra-se no limbo de indecisão da Netflix. A crítica desaprovou, mas o público comprará a ideia? Como o projeto pode ser cancelado já no primeiro ano, talvez valha a pena dar uma espiada agora e tirar suas próprias conclusões.
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