Crítica: Pânico volta aos cinemas em grande estilo
Review de Pânico, quinto filme da franquia de terror de sucesso, que estreou em janeiro de 2022 nos cinemas.
A espera acabou. A franquia de terror Pânico retornou às telonas, onze anos após o não tão bem-sucedido quarto filme. Na época, o saudoso diretor Wes Craven tinha planos de iniciar uma nova trilogia, mas os longas subsequentes acabaram sendo engavetados.
Após isso, o cineasta veio a falecer em decorrência de um câncer, e sua icônica saga acabou ganhando uma nova chance na TV pouco antes de sua morte, em formato de série que durou ao todo três temporadas.
A sequência inicial já mostrou, primeiramente, que o novo ghostface não está para brincadeira. Muito pelo contrário, o psicopata está mais brutal e sagaz. Sua primeira vítima, Tara Carpenter, acabou tendo referências a Casey Becker, icônica personagem de Drew Barrymore no primeiro filme. Entretanto, a jovem acabou tendo um desfecho curiosamente diferente, assim tornando-se o pontapé inicial da história.
Essa não é uma história totalmente sobre Sidney Prescott
Mesmo voltando a Woodsboro, onde tudo começou há 25 anos, o novo Pânico não é sobre Sidney Prescott, sendo esse um dos diferenciais. A personagem de Neve Campbell lutou com unhas e dentes contra nada menos que sete psicopatas que tentaram acabar com sua vida. Tudo isso ao longo de quinze anos.
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O ataque contra Tara despertou a atenção de Samantha Carpenter, irmã mais velha da garota. Longe de casa desde a adolescência, a personagem não vê outra alternativa a não ser retornar para sua cidade natal. Em sua retomada, Sam contará com a companhia de Richie – interpretado por Jack Quaid (The Boys) -, seu namorado.
O retorno de Sam será cercado de grandes revelações, interligando sua história ao passado do local. Por conta disso, ela acaba se tornando o principal alvo do novo assassino mascarado. É a partir disso que o trio clássico – Dewey, Gale e Sidney – começam aos poucos a darem as caras no longa. A personagem vai atrás de ajuda do policial, que agora vive isolado, após ter se separado da repórter de Courteney Cox.
Gale retorna a Woodsboro após Dewey avisar sobre os novos ataques ao local, nos trazendo de volta a veia ardilosa da personagem nos dois primeiros filmes. Entretanto, o retorno mais aguardado, que é da nossa final girl original, ocorre após um ataque brutal que a forçará voltar e enfrentar novamente seu passado.
Além de ter um novo alvo, o assassino mascarado está disposto a cometer ataques cada vez mais sanguinários. Em decorrência disso, as mortes acabam sendo mais sangrentas e, contudo, mais elaboradas.
Novos personagens
Em contrapartida a uma onda de massacres, vem junto novos personagens. Sam, Tara e Richie não são apenas as novidades desse quinto filme. Um dos grandes acertos apresentados por aqui foi o novo elenco juvenil, que mostrou-se bem afiado e alinhado com a premissa da história. Eles souberam encontrar o tom certo de atuação e entrosamento, algo que prometeram, porém, não cumpriram em Pânico 4.
Alguns desses novos personagens acabam tendo ligação também com o passado, o que traz ainda mais nostalgia. Aqueles que conseguiram sobreviver ao ataque de ghostface, caso haja uma continuação, têm tudo para se destacar ainda mais, se isso realmente acontecer.
Referências a outros filmes da franquia Pânico
Uma das marcas registradas da franquia Pânico é, sem dúvida alguma, sua gama de referências. Nesse quinto filme, as coisas não são diferentes, uma vez que eles fazem diversas menções honrosas a todos os seus antecessores.
Como se não bastasse apenas isso, o que não falta são menções à franquia criada dentro do longa no decorrer desses anos. Essa, por sua vez, ocorre como uma crítica aos fandons de filmes de terror, inclusive do próprio Pânico, proporcionando uma linguagem metafórica espetacular.
A história é tratada do início ao fim como requel, algo do gênero slasher que ganhou força com o Halloween de 2018. Ou seja, trata-se de uma sequência interligada diretamente à história original. Tanto que se pararmos para ver, esse filme não possui numeração como ocorreu com seus três antecessores.
Pânico terá continuação?
Com o sucesso que o longa vem fazendo, a ponto de tirar Homem Aranha do topo da bilheteria nos Estados Unidos, uma continuação de Pânico é algo que ganha força de forma natural. Aclamado pela crítica, a produção tem tudo para ganhar novos capítulos.
Recentemente, Neve Campbell declarou que retornaria com certeza para um sexto filme, desde que seja uma história convincente, assim como aconteceu dessa vez. Já os roteiristas James Vanderbilt e Guy Busick declararam que essa é uma homenagem ao legado de Wes, contudo, pelo menos um sucessor não seria descartado, dependendo das hipóteses.
Com a brilhante direção da dupla Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett (Casamento Sangrento), sob a produção executiva do já conhecido pelos fãs, Kevin Williamson (Dawson’s Creek e The Vampire Diaries), Pânico se consagra como um dos melhores filmes da franquia. Além disso, Melissa Barrera e Jenna Ortega souberam mostrar com maestria o porquê de serem escolhidas como as novas protagonistas.
O longa acertou em diversos aspectos, no entanto, não quer dizer que esteja livre de erros. O tom extremamente sombrio fez com que faltasse em alguns momentos aquelas pitadas de humor que os filmes passados tinham. Apesar dos ataques e mortes sendo bem mais brutais, faltaram também aquelas perseguições apreensivas de tirar o fôlego. Sem contar uma certa injustiça com Marley Shelton, vista pela primeira vez em Pânico 4, cuja personagem merecia um pouco mais de destaque dessa vez.
Pânico soube entregar em seu terceiro ato reviravoltas de tirar o fôlego, mas com uma pitada leve de previsibilidade. Entretanto, tal fator não tirou o seu brilho. O final deixa uma hipótese de mais histórias e, se bem desenvolvidas como essa, com certeza queremos ver mais vezes.
Nota: 4.5/5