Crítica: Peças do quebra-cabeça começam a se juntar no 1×02 de Sharp Objects
Crítica do segundo episódio de Sharp Objects, da HBO, intitulado "Dirty".
Quem matou Ann Nash e Natalie Keene?
O segundo episódio de Sharp Objects não poderia ter sido melhor. Ao avançar um pouco na investigação de Camille em Wind Gap, nós mergulhamos um pouco mais na trama, e começamos a montar o quebra-cabeça sobre os assassinatos de Ann Nash e Natalie Keene.
Teria sido um homem? Uma mulher? Uma pessoa de fora? Alguém da comunidade? As informações são jogadas a todo momento e é incrível como o roteiro da série consegue fazer com que o espectador tenha acesso a várias peças. Mas todas elas fazem parte deste mesmo quebra-cabeça?
Dúvidas pairam sobre os forasteiros…
O grande acerto deste segundo episódio foi colocar a dúvida sobre a cabeça dos forasteiros de Wind Gap, Richard e Camille. Ambos possuem várias informações, percepções distintas e conclusões – precipitadas, ou não – sobre os crimes.
Os indícios sobre um suspeito são jogados para o espectador. Se ele é alguém de Wind Gap, ele apareceria no funeral? Será que algumas das pessoas a quem tivemos acesso naquele local é o autor do crime? Pelo que entendemos, é isso que Richard tem em mente.
Já Camille, em certo ponto, ficou mais preocupada em contextualizar tudo o que estava acontecendo. Entre o irmão choroso de Natalie, John, que passa do elemento do luto ao suspeito, e o questionamento que ela faz em suas anotações sobre Bob Nash estar “contaminado”, a jornalista parece ver um rastro a seguir. Ela logo vê que o funeral não ia lhe acrescentar muito, com exceção de uma rápida – mas importante – passada no quarto de Natalie, apenas para constatar que ela poderia não ser uma garota muito fácil, ou amigável. Ao contrário do que a mãe queria passar, com flores e decoração delicada, Natalie era uma garota com “tons de menino”, como a jornalista descreve, e poderia ter se metido em uma encrenca que pode ter resultado em sua morte.
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Entre o caminhar por Wind Gap ela se depara com crianças que a levam à James Capisi. Acontece que Capisi torna-se um elemento importantíssimo na investigação de Camille, uma vez que o garotinho revela para ela que ele vira Natalie ser raptada por “uma mulher de branco”.
Camille, então, começa a se perguntar o porquê da polícia ter omitido essa informação. A autoridade local logo rebate, dizendo que James conta mentiras por um pedido de socorro, uma vez que sua mãe é viciada em metanfetamina e está morrendo de câncer. Mas ela fica com uma “pulga atrás da orelha”. De uma lenda folclórica que ela contava para sua irmã, quando criança, à visão do garotinho que tem certeza ter se deparado com a mulher de branco raptando Natalie. De certa forma, a jornalista sente que está evoluindo em sua pauta.
Vale ressaltar que Camille e Richard parecem, aos poucos, terem suas “carta coringa”, e ambos não querem mostrar um para o outro. Mas Richard destaca para Camille que não acredita ter sido uma mulher a assassina, uma vez que os dentes de Natalie foram todos retirados, e ele tentara o mesmo com um porco, sem muito sucesso. Será que, na adrenalina, uma mulher conseguiria isso?
Os Preaker atacam!
Este episódio foi ótimo também para vermos mais elementos dos familiares de Camille, e como eles se encaixam nesta história. No primeiro episódio, já dava para ver o quão Adora era antipática. Neste, ela já conseguiu atingir seu auge. Desde o momento em que ela censura Camille na igreja, dá sermão enquanto Amma está tendo um surto, podemos ver que a relação das duas é desgastada.
Esse desgaste é uma peça chave para entender como Camille chegou aonde chegou. Essas questões, por exemplo, refletem no fato de Camille querer se cutucar o tempo inteiro com um alfinete, ou ela querer se marcar como ela fez com todo o corpo.
Já Amma tem um pouco de sua personalidade revelada. Percebam que ela é duas: uma, dentro de casa, e outra fora. Completamente diferente. Talvez, um pouco da jovem Camille. E isso preocupa a jornalista. “Não exagere na Vodca”, disse ela em tom de aviso. Ela cheira a problema, e nossa protagonista sabe disso. Seu surto, no final, também é algo a ser notado. Será mesmo que ela estava tendo aquilo apenas por conhecer as duas garotas que foram mortas? Estranho…
As pistas já estão sendo jogadas!
Em um episódio que passa voando, terminamos os 50 minutos com algumas informações importantes: há um garoto que alega ter visto uma mulher de branco raptando Natalie, mas a teoria é contestada com o fato da menina ter tido seus dentes retirados, o que leva a pergunta se uma mulher conseguiria tal feito.
Ao mesmo tempo, o texto nos joga a possibilidade do irmão de Natalie ser o assassino. A cidade começa a desconfiar dele, que está sempre chorando. Seria remorso? Obsessão?
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As coisa não estão claras, mas certamente já temos informações suficientes para criar teorias. E essa lenda da mulher de branco? Teria sido uma influência para o autor do crime – que claramente é de Wind Gap?
Muitas perguntas. Será que já começaremos a ter respostas?
Um ótimo episódio, para uma série que vem cumprido a promessa de ser uma grande adaptação!