Crítica: Perdidos no Espaço tem 2ª temporada com boa ação do início ao fim
Crítica da segunda temporada de Perdidos no Espaço, reboot da Netflix focado nas aventuras espaciais da família Robbison. Texto sem spoilers.
Os Robbison estão de volta!
Perigo, Will Robbison – Perdidos no Espaço está de volta!
Após ficar um bom período sem retornar, a série espacial da Netflix estreou episódios inéditos na véspera de Natal, e podemos dizer que a plataforma de streaming não poderia ter entregado melhor presente. Mais uma vez, a atração oferece uma trama sólida e satisfatória, recheada de efeitos especiais deslumbrantes, e que fazem nossos corações pararem a cada reviravolta.
Uma aventura emocionante
O elenco continua afiado, com John e Maureen (Toby Stephens e Molly Parker) encabeçando uma união familiar que poucas séries na TV apresentam. Além disso, os filhos interpretados pelos excelentes Maxwell Jenkins, Mina Sundwalle Taylor Russell completam esta conexão que torna-se fundamental para que as histórias que Perdidos no Espaço se propõe a contar dê certo.
A segunda temporada começa com os Robbison ainda a deriva – entretanto, sete meses se passaram desde o final da primeira temporada. Eles estão estabilizados, com sua nave, mas a todo instante um empecilho aparece que os impede de voltar para Alpha Centuri A cada novo desafio, a série consegue prender o espectador mais e mais. Enquanto isso, o garoto Will (que já está crescendo, diga-se de passagem) ainda tem esperanças de reencontrar seu Robô, que acabou salvando a todos no fim da temporada anterior, mas desaparecendo logo depois.
Para nossa alegria, os Robinsons são sensacionais como uma família, e funcionam unidos ou divididos. A segunda temporada consegue explorar isso de forma bem intensa e funcional, como o episódio que mostra o vínculo emocional de John e Judy (que se desenrola de forma emocionante no episódio 5, “Run”), assim como o relacionamento tenso de Penny com Maureen. Aliás, a filha do meio se acha sem habilidades excepcionais discerníveis, permitindo que exista falhas nas fundações da família Robinson. Ruim para eles, mas ótimo para nós.
Coadjuvantes que são protagonistas
Uma das coisas mais interessantes em Perdidos no Espaço é a forma como que a série dá destaque aos coadjuvantes, de forma que eles se tornem parte central da história. Um exemplo é o irritado, mas genial, Don West (Ignacio Serricchio). O personagem ganhou um destaque ainda maior nesta segunda temporada, mantendo todos juntos enquanto a “Dr. Smith” de Parker Posey está lá para puxar os fios na tentativa de romper as costuras.
Alias, a Smith de Posey é como um curinga da série, com uma presença impressionante nesta temporada. A falsa médico é forçada a pensar em uma forma que evite dela ser pega e punida por seus muitos crimes. E o tempo todo, ela tem um poderoso relacionamento de empurrar / puxar com a Primeira Família do universo, onde ela é tanto o papel deles quanto o adversário. Os Robinsons podem ser um pouco esmagadores quando se trata de amor e apoio, por isso é bom ter um “sobrevivente” egocêntrico na mistura, mesmo que seu coração se amolie ocasionalmente com os outros.
Explorando a mitologia
O dilema moral continua sendo a grande âncora das histórias de Perdidos no Espaço, mas como grande parte do conflito se concentra em manobras políticas implacáveis entre os humanos em situações de vida ou morte, tudo parece muito semelhante à primeira temporada. Talvez, essa familiaridade seja o que os escritores estavam buscando. Mesmo assim, ela permite explorarem mais a mitologia envolvendo os robôs, alienígenas e outros organismos vivos que os Robbison se deparam.
O relacionamento de Will e Robot, que começou na 1ª temporada e permitiu que Will se tornasse mais confiante e motivado, continua a crescer e mudar este ano, com mais camadas adicionadas ao mistério das origens, espécies e como o robô se liga à capacidade da humanidade para atravessar o espaço.
Além disso, JJ Feild (Capitão América: O Primeiro Vingador) chega nesta temporada como Dr. Ben Adler, o chefe de estudos de inteligência artificial da missão. A princípio, parece que Ben é um personagem fácil de prever. Ele chega bem a tempo de, talvez, conquistar Maureen, se relacionar com Will, além de possivelmente ser um furtivo “muito ruim”. Mas seu arco surpreende e, como a maioria dos elementos desta série, desafia os clichês comuns.
E como um DNA já definido para a série, quando um perigo não está visível através das ameaças da Dra. Smith, isso significa que algum perigo espacial imprevisto está para acontecer. Talvez, isso seja o que desperte a atenção do público, mantendo-os ligados na série assim que um episódio acaba. A necessidade e curiosidade de descobrir o que irá acontecer – como uma história sobre metais se desintegrando – ajudam a compor uma jornada emocional importante para a trama. Logo, mesmo que algumas ameaças sejam ridículas, elas se tornam uma rotina necessária para a série funcionar.
Perdidos no Espaço vale a pena?
Sem dúvidas, a nova temporada veio para se sobressair a primeira, aumentando o nível e aumentando ainda mais os desafios. Somadas a grandes desastres, a história da série soma-se a atuações incríveis, fazendo de Perdidos no Espaço um trunfo da Netflix.
E você, já começou sua maratona?