Crítica: Segurança em Jogo é a nova série da Netflix que você precisa assistir
Crítica da nova série da Netflix, Segurança em Jogo.
Segurança em Jogo é a mais assistida da Inglaterra na última década
Começar um emprego novo é sempre algo difícil. Mas para o ex-oficial David Budd o início de um novo emprego pode significar um teste de vida ou morte.
Bodyguard (Segurança em Jogo, no Brasil), nova série da BBC, se fez hit em pouco tempo e não é para menos. Com uma história envolvente, e principalmente direta, ela cativa o espectador com um bom roteiro para nenhum thriller colocar defeito.
Além disso, a série do criador de Line of Duty, Jed Mercurio, é a prova viva de que a TV ainda tem muita produção de qualidade para oferecer. Mesmo em épocas onde a maioria destes programas são movidas por um único objetivo: manter a audiência no ar.
Sem a pretensão de ser uma série de sucesso, Bodyguard acabou conquistando justamente isso. E talvez este seja o ingrediente de sucesso. Com a aquisição pela Netflix, assim como na Inglaterra, a série repetiu o sucesso aqui no Brasil.
Trama te prende na frente da TV e você não desgruda por nada
Os primeiros vinte minutos constroem uma das mais belas narrativas que já vi em uma série de televisão. Ainda assim, ressalto que me senti assistindo à um filme de James Bond, da época de Roger Moore. Naquela época, nem sempre as grandes explosões falavam mais alto.
Além disso, há um charme na introdução de Bodyguard, misturado com a aflição de ver como que aquilo tudo ia acabar. É incrível ver como que o roteirista gastou mais de vinte minutos para desenvolver uma cena de introdução, construindo a essência da série e do seu protagonista.
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O protagonista é interpretado por Richard Madden, que embora tenha estrelado Game of Thrones, acabou com seu talento injustiçado na série da HBO. Logo no começo, o ex-soldado Budd é introduzido cuidando dos filhos em uma viagem de trem, quando ele percebe que algo está errado. Suas suspeitas se confirmam quando ele se depara com uma mulher aterrorizada, portando um colete cheio de bombas. Calmamente, ele tenta dominar a situação. E acredite, ele gasta exatos vinte minutos para isso.
A pressa é inimiga da perfeição
Quando muitos pilotos tentam, em pouquíssimo tempo, jogar o máximo de informações possíveis para que o espectadores retorne no segundo, Segurança em Jogo vai na contra mão. A série tem plena confiança de que a série convencerá o público a acompanhar através de outros meios. E consegue.
A título de curiosidade, Segurança em Jogo angariou uma média de 10 milhões de espectadores por episódio, se tornando o drama mais assistido da Inglaterra desde Downton Abbey. O final foi assistido por mais de 17 de milhões de espectadores. Isso é sinal que a trama prendeu o público, episódio após episódio, com uma trama consistente. Além do mais, a resolução do caso da bomba no trem é apenas o ponta-pé inicial.
Budd, posteriormente, vai parar na função de guarda-costas da Secretária do Estado. E por mais que ele tenha uma postura ética, há algo de errado em David, sendo resquícios dos seus dias de guerra. Por desconfiar o tempo todo de todos, ele acaba criando uma aflição necessária para o espectador se envolver com a trama. E esse é um dos grandes pontos da série.
Aos poucos, vemos que sua função como guarda-costas vai muito além. O incomoda determinadas posições da política, mas aos poucos ele se vê cada vez mais envolvido com sua história.
Um episódio melhor que o outro…
Aos poucos, então, percebemos que Budd não é Bond. Ele possui muitas falhas, e um ressentimento que guarda sobre as pessoas que o mandaram para guerra, que o conduz por grande parte de suas atitudes.
Com apenas seis episódios, Segurança em Jogo faz o que uma série pode fazer de mais empolgante: melhorar a cada episódio. Se no primeiro capítulo chama atenção a cena do trem, no segundo temos uma perseguição implacável, somado a um tiroteio inesperado. No terceiro, uma grande reviravolta marca o seu final, ditando assim os caminhos para os três últimos episódios.
Misturando ação e suspense, Segurança em Jogo quer tocar na ferida sobre a corrupção na política. Além disso, mostrar que nem todos são confiáveis como aparentam ser. E que em todos os cantos do mundo, a negligência por parte dos líderes existem das formas mais cruéis que podem acontecer.
Igualmente importante, a trama tem um fechamento convincente e deixa o espectador com sede de “quero mais”. Embora tenha sido idealizada como uma minissérie, a série pode facilmente se tornar uma franquia de sucesso. Tem potencial para explorar ainda mais a podridão da política na Inglaterra, tudo isso com um charme inigualável que em seis episódios ela mostrou ter.
Vale a pena assistir, do começo ao fim. Uma série que indicamos, sem dúvidas.