Crítica: Sequestro no Ar é um suspense com boas doses de ação

Idris Elba assume o controle da viagem em Sequestro no Ar, série repleta de suspense e cenas de ação. 7 episódios dão conta do recado!

Sequestro no Ar

Muito tem se discutido sobre o desaparecimentos dos grandes astros e estrelas de Hollywood. Se antes ainda tínhamos nomes como Tom Cruise, Tom Hanks, Brad Pitt, Julia Roberts, Sandra Bullock na boca do povo, hoje temos personagens.

Alguns especulam que a própria onda dos super-heróis tratou de acelerar esse apagamento dos astros. Hoje, raramente alguém diz que vai ao cinema para “assistir ao filme do Fulano”. Hoje, é mais comum dizer que os filmes dos Guardiões da Galáxia são bons do que necessariamente os de Chris Pratt, seu protagonista.

Na contramão desta nova logística, alguns atores e atrizes ainda trazem o peso da persona de astro. Idris Elba, agora na série Sequestro no Ar, é um deles.

Elba é daqueles que passam segurança. É o tipo de ator que, ao surgir na tela, desperta comentários de “esse cara é bom”, “se ele está no filme/série, então é bom”.

É possível que não se saiba seu nome, mas é provável que se conheça seu talento. Não é à toa, por exemplo, que seu nome foi o mais aventado para ser o novo James Bond, um dos personagens mais clássicos e conhecidos da história. Elba tem o talento e o carisma para segurar uma responsabilidade deste tamanho.

Luther, série que o tornou respeitado entre público e crítica, sintetiza toda a força do ator, que abraça um personagem complexo sem jamais deixá-lo ranzinza.

Elba é o grande trunfo de Sequestro no Ar

Em Sequestro no Ar, nova série da AppleTV+, Elba é passageiro de um avião que sai de Dubai com destino ao Reino Unido. Com 7 horas de duração, é um voo relativamente longo. Nele, estão alguns personagens que, antes mesmo da decolagem, já não se entendem. O protagonista quer chegar o quanto antes, para tentar salvar um relacionamento que, aparentemente, está além da salvação.

Algumas garotas viajam sozinhas, uma família tenta acomodar os filhos inquietos, um senhor tenta apaziguar situações e alguns passageiros mostram-se nervosos. À primeira vista, será um voo típico, com todos os prós e contras normais deste tipo de viagem. Tudo muda quando um grupo de estranhos sequestra o avião.

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A partir daqui, Sequestro no Ar acompanha a tomada do avião. Cada episódio se concentra em uma hora de voo. Presos na aeronave, presenciamos os desdobramentos de uma ação que, a princípio, não tem explicações.

Neste thriller de mistérios, Elba novamente abraça o personagem de homem dúbio. Nos primeiros capítulos, é impossível saber se seu personagem é alguém sóbrio, que busca, através da calma e inteligência, diminuir os efeitos da crise. Ou se é um homem às margens da conduta, que vê no sequestro uma válvula de escape de uma vida já inteiramente bagunçada.

Turbulência dentro e fora do avião

De certa forma, então, Sequestro no Ar é como uma 24 (série com Kiefer Sutherland) dos dias atuais. Como os programas com mais de 20 episódios estão quase extintos, é natural que Sequestro no Ar tenha 7 capítulos/horas. Ao brincar com o formato, a série dinamiza o ritmo e mantém a narrativa sempre em frente.

O texto, entretanto, não tem coragem o suficiente para se manter apenas dentro do avião. Assim, em vários momentos, acompanhamos sequências em terra, com familiares e autoridades que desconhecem ou seguem o sequestro.

Estas idas e vindas são tentativas de manter a história ainda mais fluida, veloz, mas se revelam pouco necessárias, já que a ação funciona muito bem exclusivamente no avião.

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A direção de Sequestro no Ar, aliás, se sai bem ao aproveitar ao máximo os espaços do avião. Dividindo-se entre as classes, cabine de comando, banheiros e outros cantos, a série busca sempre saltar de um ponto a outro, empurrando narrativa e personagens para frente.

Ainda assim, o programa explora a sensação de confinamento com inteligência, ressaltando a claustrofobia da situação em prol do suspense e da mise-en-scene.

Voo econômico dá conta do recado

Aqui e ali, Sequestro no Ar tenta fazer um comentário político-social, mas se sai melhor focando na ação e no suspense mais corriqueiros. Ainda que seus apontamentos sejam pertinentes, o texto é muito simples e descolado para dar a devida atenção a estas pontuações.

Os comentários xenofóbicos, por exemplo, ressaltam uma tendência cada vez maior. Mas isso é deixado pelo caminho, sem jamais alçar o devido “voo” dentro da narrativa ou no desenvolvimento dos personagens. Não podemos ignorar a tentativa, contudo.

Sequestro no Ar, então, funciona como bom entretenimento. Com ritmo acelerado e a segurança carismática de Idris Elba, a série prende o espectador com seu suspense arrojado de boas sequências. Não é um “voo de primeira classe”, mas é uma “viagem confortável” o suficiente para aguentá-la até o fim.

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Matheus Pereira

Jornalista, curioso e viciado em cultura. Escreve há quase 10 anos no Mix e Six Feet Under é sua série favorita.

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