Crítica: Sharp Objects entrega o episódio mais fiel ao livro com o 1×05, “Closer”
Crítica do quinto episódio da série Sharp Objects, da HBO, intitulado "Closer".
História caminha-se para reviravoltas inesperadas!
Este pode ter sido o episódio que menos avançou na história de Sharp Objects, propriamente dito, mas certamente é o mais fiel ao livro até aqui. E talvez o mais profundo.
Para aqueles que continuam achando a série sem ritmo, de verdade, indico largar. Isso porque percebe-se que a forma como a série é narrada será exatamente essa, do começo ao fim. O livro, de certo modo, tem a mesma forma de contar essa história, mas em certos momentos torna-se eletrizante e de tirar o fôlego.
Já na série da HBO, tudo funciona delicadamente, com detalhes implícitos e toques únicos, que não vão agradar um público geral. Sharp Objects é série para nicho, e este quinto episódio só confirma isso.
Ligações entre os personagens: coincidência curiosa!
Algo que o texto de Sharp Objects consegue brincar com o espectador é a forma como os personagens se relacionam. Em uma linha passiva-agressiva, todos ali tem um dedo importante para a história girar. Neste episódio, “Closer“, podemos ver que a profundidade de até mesmo um coadjuvante é importante para entender a história como um todo.
Enquanto Camille está preocupada com a ligação entre sua irmã e as garotas assassinadas, Wind Gap é exposta pela primeira matéria da jornalista. Na publicação, deixa-se claro que quem cometeu o assassinato é alguém local. Pelo menos é essa a percepção que Camille quer mostrar e que, no final das contas, bate com a visão do Detetive Richard.
Isso coloca Camille e Richard contra parte da população, o xerife e, principalmente, Adora. E nesse jogo de ferir sem ser ferido, temos uma das melhores cenas da trama – quando Camille vai experimentar um vestido festivo e expõem para a mãe e irmã as marcas dos objetos cortantes em seu corpo. É incrível como que, sem mostrar qualquer nudez explícita, Camille transmite uma sensação de exposição. Afinal, o que ela mais tenta esconder são as palavras que ela escreveu em seu corpo ao longo dos anos. E essa vulnerabilidade é condicionada por Adora, ficando isso bem claro nesta cena. O mesmo se repete ao final, quando as duas tem uma cena intensa na varanda da casa da família.
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Mas voltando a cena da roupa, um detalhe importante é comentado: o fato do pai de Camille ser mencionado pela primeira vez. Não só para o espectador, como para a jornalista em si. Isso mostra o quão a relação entre mãe e filha foi carregada, durante anos, com um bloco de gelo entre elas. A ponto de Camille não saber quem é seu pai, ou qualquer traço de sua história. A única coisa que ela sabe é que todas as coisas ruins, julgadas por Adora, vieram dele. Conveniente, não?
A cidade se reúne para a Festa do Dia Calhoun.
Este é um dos eventos curiosos de Wind Gap. A celebração do soldado que fundou a cidade e que estuprara uma garota na ocasião. A coisa soa tão absurda que até encenar – com adolescentes – a cidade faz. Mas isso acabou ficando de pano de fundo para acontecimentos bem mais interessantes.
Richard, por exemplo, conseguiu se aproximar de Adora. Aparentemente, ele tem um objetivo mas este não fica claro. Talvez, por imposição da publicação de Camille, ele precise agir com mais cautela. Adora é um vetor para as meninas que foram mortas, para a presença da jornalista em Wind Gap e para a nebulosidade da história. Então seria o movimento mais astuto? Fiquei curioso por essa aproximação e quero ver como isso será desenvolvido.
Falando na publicação de Camille, a cidade toda só comenta disso. E acabou que, no “disse me disse”, os moradores dali passam a julgar tanto Bob Nash quanto John Keene pelo assassinato das garotas.
Bob acha que foi John e arma o maior barraco na festa, acusando-o de assassinato. Já o texto brinca com a possibilidade de ser o próprio Bob, uma vez que o mesmo pergunta a Richard se ele arrancará os dentes do assassino quando ele for encontrado. A possibilidade? Se John matou Ann, Bob pode ter muito bem matado Natalie para se vingar. Crimes curiosos que se interligariam. Será?
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Mais próxima…
De qualquer forma, o título do episódio é explicado pela parede que Camille deixa cair neste episódio. Uma parede que ela colocava com sua mãe, sua irmã e que ela vem colocando com Richard. Claro, digamos que seja uma demolição parcial, mas mesmo assim ela vem baixando a guarda.
Sobre o assassinato, em si, fica claro que nem Richard e nem Camille acreditem que fora John ou Bob. Seria algo muito simplista, e eles entregariam o jogo rapidamente. Mas quem poderia ser? Quem estaria sendo alvo da investigação de Richard que Camille não consegue enxergar?
Na minha opinião, o texto dá todos os indícios de que Adora tem algum tipo de envolvimento com essa história. Se não matando, acobertando. Afinal, por que Richard se aproximaria de Adora? E isso justificaria a “cegueira” de Camille sobre algumas pistas. Interessante olhar a trama por este vetor. Ao final, a jornalista finalmente baixa a guarda literalmente para Richard, terminando o episódio em uma tórrida cena de sexo entre eles. Claro, do “jeito” dela.
Faltando três episódios para o fim da trama, nós já cantamos um palpite sobre o assassinato de Natalie e Ann. Mas ainda há peças no jogo que precisam ficar clara, e esperamos que no próximo episódio a coisa engrene de vez.
Ah, e se eu fosse você não seguiria o conselho dado no começo deste texto. Continue, porque o final vale muito a pena!