Crítica: Shrinking não é perfeita, mas diverte (e muito)
Na nova série da Apple TV+, Shrinking (ou Falando a Real), temos Jason Segel e Harrison Ford numa série cheia de reflexões e deliciosa.
Um filme que eu gosto bastante, mas que não ganhou muita tração no Brasil, chama-se Um Jantar Para Idiotas, com Paul Rudd e Steve Carell. A principal oferta do filme é desconstruir expectativas. O roteiro apresenta piadas inteligentes, elevando o nível do que outrora poderia soar como bobagem. Shrinking (Falando a Real) vai na mesma linha!
Nos primeiros dois episódios, “Coin Flip” e “Fortress of Solitude“, conhecemos um pouco mais do Dr. James Laird (Jason Segel), que é um terapeuta cujos métodos de tratamento são pouco ortodoxos. Ele busca redenção na tortuosa (e atrapalhada) vida pessoal, assim como sucesso na vida profissional.
Busca pelo tom correto
A partir da Series Premiere e do segundo episódio, fica claro que a busca pelo tom correto será um dos desafios do roteiro. Equilibrar situações cômicas, com sequências dramáticas e ainda propor o desenvolvimento correto dos personagens não é uma tarefa fácil. Principalmente de uma comédia.
Observa-se, contudo, maturidade por parte dos roteiristas de Shrinking em extrair o melhor, e principalmente o mais humano, de cada cena. Seja uma troca de socos à beira do gramado ou uma situação constrangedora no jardim da vizinha, o assinante é convidado a refletir sobre aquele momento e também dar uma risada.
Foco no mestre
Embora Jason Segel se esforce para ser um bom protagonista, e falhe às vezes, a série é dominada pelo Harrison Ford. O texto do ator é tão rico, tão delicioso e potente que é difícil não prestar atenção quando está em cena. A interpretação de um texto rico em humor ácido faz com que tudo seja ainda melhor.
Tamanha qualidade também representa um desafio aos outros coadjuvantes. Jessica Williams e Michael Urie, Gabby e Brian respectivamente, precisarão se esforçar ainda mais para aparecer e mostrar a que vieram. Será uma tarefa hercúlea, mas nos resta confiar na qualidade que o roteiro de Shrinking já apresentou.
Terapia em grupo
Tais inflexões e reflexões fazem com que sejamos convidados a uma terapia em grupo. Confesso que fiz diversas análises sobre meu comportamento, atitudes e até mesmo pensamentos a partir de situações propostas pelo roteiro. Por isso, é notável que uma série recém-lançada tenha demonstrado essa capacidade.
Sendo assim, só me resta dizer o óbvio: assistam Shrinking. E o quanto antes!