Crítica: Special, nova comédia da Netflix, é agradável e ideal para maratonar
Crítica da série Special, da Netflix.
Duas horas são suficientes para maratonar nova comédia da Netflix
15 minutos. É esse o tempo que você vai gastar assistindo o piloto de Special, nova comédia da Netflix. E eu aposto que até a metade do primeiro episódio você já vai ter sido fisgado pela trama criada e estrelada por Ryan O’Connell (Awkward.; Will & Grace) e que conta com a produção-executiva de Jim Parsons, o Sheldon de The Big Bang Theory.
Em seus curtos 8 episódios, Special acompanha Ryan, um homem gay de 28 anos que convive com uma leve paralisia cerebral e ainda mora com a mãe. Ryan decide sair da sua zona de conforto e encarar o mundo real. Com um novo emprego, morando sozinho e conhecendo novas pessoas, o personagem inicia uma jornada de autoconhecimento e amadurecimento.
O fato do personagem principal ter o mesmo nome do criador/protagonista da série não é coincidência. A história é baseada na vida de O’Connell e adapta o livro que ele lançou em 2015, “I’m Special, and Other Lies We Tell Ourselves”.
Série trata assuntos sérios bom muito bom humor
Pode parecer muito dramático, mas é no tom de comédia que a série se projeta. O texto rápido e irônico provoca uma identificação natural com várias situações vividas por Ryan, sejam na vida pessoal, profissional ou sexual.
O grande obstáculo do personagem é o medo de não ser tratado como igual por conta de sua deficiência. Esse sentimento o empurra para situações geralmente desconfortáveis, mas ainda engraçadas, que revelam a vulnerabilidade do personagem.
Além disso, referências à elementos da atual cultura pop tornam a experiência ainda mais divertida. Fala-se de aplicativos de paquera, séries e filmes famosos, redes sociais e outras tendências da atual geração.
Kim, a melhor amiga que todos precisamos
Apesar da autenticidade de Ryan no papel principal, é a sua nova melhor amiga, Kim (Punam Patel), que rouba cena. Encarnando uma blogueira plus size sem papas na língua, Kim rapidamente se torna uma “fada madrinha”, sempre aconselhando, apoiando e encorajando Ryan, principalmente a conseguir sua primeira experiência sexual. Ela é dona de tiradas hilárias durante todos os episódios. Impossível não se apaixonar por ela.
Série tem ritmo bem rápido, mas eficaz
Em Special, as coisas acontecem rápido. Assuntos que seriam aprofundados na maioria das séries, aqui são rapidamente concluídos. Levando em conta o tamanho dos episódios e da temporada, isso deixa a história mais fluída e divertida.
Em poucos episódios, conseguimos aprender sobre vários aspectos da vida de Ryan. A relação de amor e ressentimento com sua mãe; sua primeira experiência sexual; a busca por independência. Circunstâncias consideradas comuns para muitos, mas que revelam-se como grandes desafios para Ryan.
No entanto, a curta duração dos episódios acaba deixando furos na história e interrogações em nossas cabeças. Além disso, alguns personagens interessantes – a Kim, por exemplo – tem pouco de sua história explorada.
Mas isso é algo que deverá mudar em uma eventual segunda temporada. Em entrevista, Ryan O’Connell revelou o desejo de aumentar a duração dos episódios para 30 minutos, caso a série seja renovada.
Semelhante à Please Like Me e This Close, Special aborda representatividade e acessibilidade de forma descontraída, provando ser uma agradável e ideal opção de maratona. Vale a pena conferir e aguardar por uma nova temporada.