Crítica: Sweet Tooth segue bela, mas tem 2ª temporada inferior
Sweet Tooth retorna para sua 2ª temporada com a mesma qualidade técnica, mas falha no foco da narrativa e ausência de personagens.
Antes de qualquer mergulho na mitologia, O Senhor dos Anéis investe vários minutos na festa de aniversário de Bilbo Bolseiro, uma personagem que terá saído da história antes que o terceiro ato chegue ao fim.
Nesta sequência inicial, tanto no livro quanto no filme vemos a comunidade hobbit e somos apresentados a alguns dos principais personagens que acompanharemos na jornada. Outros rostos importantes aparecerão quase na metade da primeira obra – outros chegarão apenas no segundo capítulo.
Isso não impediu, entretanto, que O Senhor dos Anéis tivesse um dos universos mais ricos e divertidos da cultura pop. A saga de J.R.R. Tolkien entende, por exemplo, que são os personagens e a sutileza que enriquecem e constroem uma narrativa, seja ela simples ou complexa. Sweet Tooth, da Netflix, parece ter perdido parte desta habilidade na segunda temporada.
Série segue sensível, mas perde o foco em alguns pontos
Na 2ª temporada de Sweet Tooth, vemos Gus, o híbrido de humano e veado, preso junto a outras crianças híbridas. Eles são reféns do General Abbot, que usa as crianças como animais de laboratório. Tudo em busca de poder e cura (será?).
No processo, Gus começa a descobrir mais sobre si mesmo e seu passado. Enquanto isso, Jepperd e novos aliados montam um plano para salvar as crianças das garras de Abbot.
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Em grande parte dos novos episódios de Sweet Tooth, a série segue com sensibilidade e beleza inquestionáveis. Gus, por exemplo, além de crescer enquanto personagem, é constantemente desafiado física e psicologicamente. Já Jepperd demora a ser inserido nas novas aventuras, mas a persona de seu ator, um típico gigante gentil, compensa as ausências.
2ª temporada tropeça ao dividir seus núcleos
O que acaba esfriando a segunda temporada, e afastando o público, é a insistência em aumentar a mitologia a qualquer custo. Assim, é decepcionante que vários personagens desconhecidos surjam e desapareçam apenas para explicar ou sugerir determinado ponto do universo da série.
Além disso, Sweet Tooth falha ao dividir os núcleos da nova temporada, pecando ao deixar Jepperd ausente por muito tempo, por exemplo. Aqui, novamente podemos citar Senhor dos Anéis ou mesmo Stranger Things, que é especialista em dividir sua narrativa em vários grupos que andam em linhas separadas.
Sweet Tooth, por outro lado, opta por focar primeiro em um grupo ou personagem e depois em outro. Isso cria um ritmo que, por natureza, é truncado, e prejudica personagens que passam muito tempo sem aparecer.
Novos episódios seguem tecnicamente irretocáveis
Ainda assim, Sweet Tooth apresenta personagens e universos riquíssimo, créditos de Jeff Lemire, criador da HQ original e um dos melhores quadrinistas da atualidade. Além disso, a parte técnica da série segue impecável, com um direção de arte belíssima e rica, além de efeitos visuais exuberantes. Para completar, a maquiagem permanece estupenda, o que cria um mundo crível e detalhado.
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Sweet Tooth, então, dá alguns tropeços em sua 2ª temporada, mas segue bela e envolvente. É preciso salientar, ainda, que o primeiro ano do programa foi muito acima da média, o que criou um padrão alto para o projeto. De todo modo, ainda que não consiga segurar a responsabilidade o tempo todo, os novos episódios cumprem o seu papel.
Nota: 3/5