Crítica: The Gilded Age tem início morno na HBO Max

The Gilded Age é a nova série do criador de Downton Abbey. Novidade na HBO, série é uma versão americana de Downton Abbey e seus dramas.

The Gilded Age

Por alguns momentos parece que Julian Fellowes sabe escrever apenas um tipo de drama. Tendo estreado no Cinema com Assassinato em Gosford Park (pelo qual venceu o Oscar de Roteiro Original) e estourado na TV com Downton Abbey, o autor logo ganhou prestígio na indústria.

Em suas duas décadas de carreira, Fellowes manteve o mesmo formato em seus projetos, mudando cenários e personagens, mas repetindo a fórmula. Em The Gilded Age, sua nova série na HBO, a base ainda é a mesma, com a troca do Reino Unido pelos Estados Unidos.

Ainda assim, apesar das similaridades, as obras de Fellowes funcionam. Bem escritas, suas séries e filmes são dramas envolventes e sólidos. Logo, não é um grande problema repetir fórmulas, desde que elas rendam bons produtos. Em The Gilded Age, entretanto, falta o tempero misterioso de Gosfard Park ou a pitada novelesca de Downton Abbey. As intrigas entre vizinhos ou o choque entre empregados e patrões jamais alcança o naturalismo e a intensidade já explorados em outros projetos.

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The Gilded Age tem bons momentos, mas não entrega estreia sólida

Desta forma, enquanto Downton Abbey era uma série sólida por temporadas inteiras, The Gilded Age é um programa de momentos. Aqui e ali há sequências ou diálogos que injetam energia ou impacto, mas são trechos isolados que não formam uma experiência completa. Assim, a breve problemática do bilhete de trem perdido é um supro de drama em uma estreia que tem problemas para despertar interesse. Desta forma, apesar dos talentos inquestionáveis de Carrie Coon e Christine Baranski, é Louisa Jacobson e Denée Benton que chamam atenção e despertam curiosidade.

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Como é hábito nas séries do produtor/roteirista – aliás, o elenco todo merece elogios -, Coon retoma a persona de mulher forte e inteligente, ao passo que Baranski abraça o lado cínico e venenoso de sua personagem. É preciso mais tempo para decorarmos todos os nomes e reconhecermos todos os rostos. Mas é possível verificar que o elenco entrega o prometido. Ainda assim, é impossível não traçar paralelos entre alguns personagens. Baranski, por exemplo, é a Maggie Smith daqui, só que mais jovem.

Série pode agradar quem busca mais de Downton Abbey

Um dos melhores aspectos das histórias de Fellowes, portanto, é a mistura entre elementos reais e ficcionais. Logo, ao vermos os personagens citando acontecimentos ou pessoas famosas, conseguimos situar a trama no tempo e no espaço, além de linkarmos a história a outros filmes, séries ou livros.

Em Downton Abbey a narrativa começa com a tragédia de Titanic. Aqui, um dos personagens cita a morte de Jesse James. Com isso, o roteiro estabelece não só a época, mas também ressalta a idiossincrasia do país: ao passo que Nova York explode enquanto cidade, cantos inóspitos do país ainda vivem um verdadeiro faroeste.

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Dirigido por Michael Engler, The Gilded Age tem o mesmo visual e a mesma paleta de Downton Abbey. Assim, espere por uma direção precisa, mas contida. Isso não quer dizer, entretanto, que a série não ofereça agrados visuais. A direção de arte, como era de se esperar, é ótima, e os efeitos visuais são elogiáveis, principalmente se considerarmos o quão escondidos eles estão. Com isso, The Gilded Age é uma boa série, mas que já foi feita e vista anteriormente. E com resultados mais positivos.

Nota: 3/5

Sobre o autor

Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.