Crítica: Tribes of Europa, da Netflix, é aventura eficiente e bem feita

Dos produtores de Dark, Tribes of Europa é o novo lançamento da Netflix que pode ser sucesso ao misturar fantasia, ficção e muita aventura.

Tribes of Europa

Tribes of Europa é mistura de ficção, fantasia e aventura que pode ser o novo sucesso da Netflix

Assistindo ao primeiro episódio de Tribes of Europa me peguei pensando no termo hard sci-fi. Como o nome sugere, trata-se de uma ficção científica difícil, complexa. A nova série da Netflix não é tão sci-fi nem tão complicada, mas seu universo é tão detalhado e vasto que fica difícil acompanhar tudo em um primeiro momento. Misturando fantasia e ficção, regada a muita ação, o show pega o ritmo no segundo capítulo, organizando a casa e acertando o passo.

O fato é que Tribes começa basicamente in medias res, ou seja, no meio da ação, com o bonde andando. Por um lado, excetuando-se um breve letreiro no início, não há muita introdução para explicar os distritos, personagens, conceitos e situações. É com o tempo que a série se acalma e torna-se mais básica. O ponto positivo é que, por mais que se simplifique, Tribes não perde o brilho e a riqueza de seus detalhes.

Universo rico envolve com detalhes e belo visual

Pois o universo da série é riquíssimo. Embora tenha fontes claras de inspiração, repetindo alguns clichês narrativos e visuais de outras sagas, Tribes tenta ao máximo ser original com o conceito que tem. Nesta perspectiva, acompanhamos um mundo pós-apocalíptico, devastado depois de um apagão e do colapso dos meios de produção. Com isso, os países como os conhecemos já não existem, e tribos foram desenvolvidas no lugar. É algo muito semelhante aos distritos de Jogos Vorazes, por exemplo.

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Assim, cada grupo tem a sua característica. Tem os que vivem na natureza, os Corvos, sempre de preto e muito leais aos seus conceitos e parceiros, os militares e por aí vai. Quando uma nave cai, com um piloto Atlantic dentro, jovens encontram o homem e os destroços. Ao salvarem o sujeito, um segredo vem à tona: um cubo poderoso passa para as mãos de um dos rapazes. O problema, claro, é que todos querem o tal cubo.

Imagem: Divulgação.

Apesar de começar confusa, série fica mais simples com o tempo

Depois que toda a confusão de tribos, nomes e cubos passa, Tribes of Europa assume uma narrativa mais simples, ainda que fragmentada. Separados logo no primeiro capítulos, os jovens rumam para destinos diferentes. Assim, acompanhamos três núcleos principais que enriquecem a trama ao passo que avançam na aventura envolvendo o cubos e os perigosos povos. Neste sentido, o roteiro é hábil ao manter o ritmo de diferentes linhas e personagens.

Muito desse ritmo é ajudado pela ação constante e pela eficiente direção. A câmera é ágil, com sequências bem filmadas que primam por longos planos. Evitando cortes constantes e desnecessários, a ação da série é bem orquestrada, sendo sempre compreensível e aprazível aos olhos. Ajuda, é claro, a excelente fotografia, que dá o tom épico à produção.

Vale apontar ainda, a qualidade da direção de arte, que cria um universo pós-apocalíptico crível e belo. Ainda que se assemelha a outros projetos, o mundo de Tribes ganha tintas exclusivas. E o design de produção acerta ao criar identidades muito claras para cada tribo. Ao passo que os Corvos usam peles e roupas essencialmente pretas, os militares Escarlates preferem tons claros e pastéis, além de seguirem rígidos tratamentos e ordens.

Tribes of Europa não inventa a roda, mas funciona

O valor de produção, portanto, é um dos maiores para uma série não americana. Dos produtores de Dark, Tribes of Europa capricha no visual e não deve em nada às grandes produções estadunidenses. Fecha o pacote um elenco eficiente, com destaque ao grupo jovem, competente e carismático, algo cada vez mais raro em projetos desse tipo.

Tribes não inventa a roda, tampouco inova conceitos já bem explorados pela fantasia e sci-fi. Ainda assim, é uma produção divertida e bem executada, com história envolvendo e universo rico em detalhes. Os episódios não são tão longos e vão direto ao ponto; além disso, a temporada é curta e não enrola além do ideal – algo cada vez mais difícil nos lançamentos da Netflix. Desta forma, Tribes of Europa tem chances de conquistar alguns fãs – só é preciso vencer a dificuldade inicial e embarcar na aventura.

Sobre o autor

Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.