Estudo médico aponta que Grey’s Anatomy pode ser prejudicial para pacientes reais
Pesquisa foi revelada em matéria no jornal Daily Mail
A ficção interfere na vida real? De acordo com uma pesquisa feita pelo jornal Daily Mail, sim. Mais especificamente em relação à série de sucesso Grey’s Anatomy.
Em uma publicação divulgada nesta segunda (19), o jornal discutiu um recente estudo que aponta a série como prejudicial para pacientes em tratamento na vida real. O estudo adverte que a série está cheia de imprecisões que podem distorcer a compreensão dos pacientes sobre os cuidados de saúde.
Embora não reivindique ser educacional, a pesquisa revela que dezenas de americanos admitem que os programas de TV são a principal fonte de informações sobre saúde, tanto os reais quanto ficcionais.
Agora, depois de analisar 269 episódios da série, uma equipe de cirurgiões de trauma concluiu que a série estabelece expectativas irrealistas para os pacientes, o que pode afetar as iniciativas hospitalares, uma vez que a satisfação do paciente é agora um base de políticas irreais.
“Eu acho que os cirurgiões e enfermeiras, em sua maioria, não percebem o quanto uma série de TV pode afetar o que um paciente espera do seu cuidado“, disse o Dr. Jordan Weinberg, responsável pelo Hospital St Joseph e Centro Médico em Phoenix, Arizona, em entrevista ao Daily Mail.
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“Há uma perspectiva traumática, porque esses pacientes não tiveram tempo para que seus médicos digam-lhe o que esperar. Pode ser que eles cheguem à um hospital, e a única referência será o que aconteceu em Grey’s Anatomy“, reforçou o médico.
O Dr. Weinberg não é um crítico ardente da série; na verdade, ele está bastante impressionado com a precisão muitos detalhes da série.
Ele também não culpa os pacientes por terem sido pelo menos um retrato frouxamente preciso da realidade, admitindo: “Meu senso de como um departamento de polícia ou escritórios de advocacia funcionam é provavelmente baseado nas séries de TV, porque eu não tenho outra experiência além delas, então faz sentido que o mesmo aconteça com séries médicas“.
A questão vem em detalhes como tempo de recuperação ou taxas de mortalidades, que podem ser interpretadas de forma errônea na realidade.
O estudo foi realizado após as reclamações de 290 pacientes, refletidos em 269 episódios das 12 primeiras temporadas. Em seguida, eles compararam essas histórias com casos reais de 4812 pessoas, cadastradas no Banco de Dados Nacional de Traumas em 2012.
A taxa de mortalidade apresentada em Grey’s Anatomy é três vezes maior que a realidade. Além disso, 70% dos pacientes da TV foram da emergência para a sala de cirurgia, algo que na realidade reflete apenas 25%.
Na série, apenas 6% dos pacientes foram transferidos para outro local, a fim de ter um cuidado prolongado. Na realidade, a taxa chega a 22%. Metade dos pacientes ficcionais passaram menos de uma semana no hospital devido à uma lesão grave, enquanto 80% dos pacientes da vida real passaram muito mais tempo nos cuidados.
O artigo ressalta que os médicos precisam estar mais atentos ao que a TV mostra, e que devem estar preparados para explicarem seus casos para os pacientes, uma vez que eles tomam as séries como casos reais. A pesquisa aponta que os visualizadores achavam que o conteúdo apresentado em Grey’s Anatomy era real, uma vez que há consultores médicos para o programa. Mas a história não é bem assim.
“O equilíbrio entre a apresentação realista e dramática pode resultar em uma percepção distorcida da realidade entre os telespectadores“, escrevem os autores no estudo.
E a publicação finalizou dizendo que “Numa época em que a satisfação do paciente é um componente importante das iniciativas de qualidade das instituições de saúde e uma medida de pagamento por desempenho em muitos planos médicos, é importante desenvolver a conscientização sobre os fatores de satisfação do paciente na vida real“.
Então fique atento, e não vá se diagnosticando com Grey’s Anatomy, ou refletindo as histórias da série em casos da realidade. Tudo pode não passar de ficção!