Luther O Cair da Noite: filme empolgante traz tudo o que há de bom na série

Luther O Cair da Noite continua a série de sucesso, mas agora com muito mais dinheiro. Idris Elba revive o papel de sua carreira.

Luther

Em texto recente sobre o último capítulo de The Last of Us, escrevi que a série e seu protagonista, Joel, seguiam a cartilha das grandes séries da Era de Ouro da TV contemporânea.

No recente sucesso da HBO, roteiro e elenco desenvolvem os processos de humanização e desumanização das pessoas em circunstâncias adversas. Tudo para compor o cenário do anti-herói, algo que explodiu nas duas primeiras décadas do século. Entre Breaking Bad, The Sopranos e Mad Men há, também, Luther.

Estrelada por Idris Elba, Luther é uma série policial britânica. Tendo surgido em um momento onde as séries inglesas tomavam público e crítica de assalto, o programa surfou em uma onda que ainda contava com Sherlock, Downton Abbey e outras joias mais ou menos conhecidas do Reino Unido.

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Nesta perspectiva, Luther encapsula as melhores e mais distintas características das séries britânicas: visual arrojado, temporadas curtas, episódios independentes, mas com mitologia sólida. Some a isso personagens potentes e Londres como cenário.

Idris Elba revive o papel de sua carreira em empolgante filme de ação e suspense

Como uma boa série inglês, Luther não seguia um padrão. Além de lançar uma nova temporada a cada dois ou três anos, cada conjunto de capítulos vinha com poucos números. Em outras palavras, temos temporadas com quatro episódios e outras com dois.

Apesar dessa infrequência, Luther conquistou um bocado de fãs fieis. Criada por Neil Cross, o programa era o suprassumo da boa série policial, com casos deliciosamente absurdos, muito suspense e uma pá de ação.

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Tudo com Idris Elba na linha de frente, vivendo aquele que talvez seja seu melhor personagem. Assim, o escopo e a qualidade de Luther logo pareceram pequenos para o formato. Elba se tornou um astro enquanto protagonizava a série. E o programa se encaminhou para uma escala que se assemelhava ao Cinema. Natural, portanto, que o personagem e suas histórias migrassem para a tela grande.

Filme chega à Netflix, apesar de merecer as salas de cinema

Ou nem tão grande assim. O filme de Luther foi sugerido há anos (antes mesmo da última temporada ir ao ar), e há um bom tempo foi oficializado. Os fãs ficaram eufóricos, pois seria a oportunidade de ver o anti-herói no Cinema, numa experiência bem diferente da habitual.

O processo de produção do longa foi tão grande que a própria indústria se transformou, e o filme que sairia no Cinema acabou indo para a Netflix.

É uma pena, então, que não tenhamos conseguido assistir a nova aventura de Luther em uma potente sala de Cinema, pois O Cair da Noite, primeiro filme da franquia, cairia muitíssimo bem em uma tela enorme.

Com um grande upgrade no orçamento, Luther: O Cair da Noite enche mais os olhos. Agora, temos inúmeras imagens aéreas, planos abertos, efeitos especiais, sequências de ação mirabolantes e muito mais cenários e locações.

Mais tempo e dinheiro fazem toda a diferença

É visível, portanto, que Luther agora tem mais tempo e dinheiro. É notável a diferença de escala entre o filme e a série. E isso é elogiável, considerando que a série de TV já era incrivelmente bonita e bem executada. Agora, é como se todos tivessem mais brinquedos para brincar e destruir.

E o resultado é de encher os olhos. A começar pela bela fotografia de Larry Smith, que brinca com as luzes e cores, ressaltando o vermelho (uma das cores de Luther), e permitindo que a direção explore planos mais abertos e sequências mais longas, algo mais raro na TV.

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O roteiro de Neil Cross, por outro lado, quase não apresenta diferenças se comparado aos textos da série. Com exceção de alguns palavrões e o aumento de locações, o roteiro pouco ou nada propõe de diferente. Para os fãs, que aprenderam a amar as tramas macabras e personagens sinistros, isso funciona.

Ainda assim, falta um pouco de novidade para que o filme se destaque de suas origens televisivas. A impressão que fica é que O Cair da Noite nada mais é que a soma de dois episódios distintos. E a prova mais contundente disso é o clímax que acontece exatamente no meio do filme, o que marcaria o desfecho de um suposto primeiro capítulo.

De todo modo, Luther O Cair da Noite arrisca e traz uma grande novidade em seus segundos finais. Isso porque uma reviravolta muda todo o jogo para John Luther. Daqui para frente parece que tudo será maior e mais importante para o personagem e para a franquia.

Cross, Elba e demais envolvidos já afirmaram que a série de TV em si acabou, mas que O Cair da Noite pode ser o primeiro de vários filmes. Aguardamos ansiosos!

Nota: 4/5

Sobre o autor

Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.