Manifest desperdiçou muito tempo com essa história inútil
Manifest usou uma poderosa história de ficção e fantasia, e tentou mesclar ciência e religião num só pacote. Mas nem sempre funcionou.
Em meio às reviravoltas de “Manifest”, disponível na Netflix, os passageiros do Voo 828 e o governo anseiam desvendar os mistérios por trás dessa trama intrigante. Michaela Stone (Melissa Roxburgh) abraça as Visões desde o princípio, acreditando que nelas reside a chave para suas perguntas.
Enquanto isso, Saanvi (Parveen Kaur), uma mulher de ciência, busca respostas lógicas, afastando-se da fé e das visões. Ben (Josh Dallas) fica no meio, auxiliando ambos, sem ter certeza de qual abordagem os conduzirá à verdade e os ajudará a sobreviver até a data prevista de suas mortes.
No entanto, a série, ao longo do tempo, despende esforços significativos na investigação científica conduzida pelo governo, tentando desvendar o segredo do Voo 828 de maneira lógica. O que, olhando retrospectivamente, parece ser um desperdício de tempo valioso para os queridos personagens, especialmente para Saanvi.
Quando os passageiros retornam, sem envelhecer, para um mundo que os esqueceu, a exploração científica parece uma resposta racional. Saanvi, a cientista do grupo, desvenda marcadores em seus sangues e colabora com o governo para entender o fenômeno.
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Entretanto, à medida que a série avança, revelações divinas alteram a trajetória da história. A ciência, que um dia fez sentido, torna-se obsoleta diante do entendimento de que o evento foi um ato de Deus.
O foco contínuo na exploração científica desperdiça preciosos momentos que poderiam ter sido dedicados ao desenvolvimento de personagens e relacionamentos. Saanvi, em especial, é prejudicada por esse enfoque, sua vida pessoal se perdendo em prol da incessante busca pela verdade.
Desde o início, Saanvi é apresentada como a cientista central para os mistérios do Voo 828. Contudo, seu papel é tão envolvente que raramente a vemos fora do laboratório. Sua conexão pessoal se limita a Ben, sem uma exploração mais profunda dos laços afetivos. O preço dessa dedicação à ciência é alto, afetando seus relacionamentos e comprometendo o merecido “final feliz” da personagem.
Em última análise, portanto, “Manifest” poderia ter aproveitado melhor seu enredo ao equilibrar a exploração científica com o desenvolvimento dos personagens. Saanvi, presa entre tubos de ensaio e a busca pela verdade, por exemplo, paga um preço alto pela incessante busca lógica. A série, ao perder-se nesse desvio, poderia ter entregue uma experiência mais rica e impactante aos espectadores.