Mestres do Universo: fãs estão chatos ao detonar série da Netflix?

Mestres do Universo tem recebido duras críticas do público. Fãs tem apontamentos válidos enquanto série tenta achar o seu rumo e identidade.

Mestres do Universo

Recriar sucessos da infância de alguém sempre é negócio arriscado. Fazer um projeto original que faça referência a títulos e personagens é uma coisa. Stranger Things está aí para provar que funciona. Assumir o leme de um reboot ou continuação, entretanto, é outra história.

Raramente essas novas investidas dão certo. Quando funciona, é porque praticamente toda a equipe e elenco originais retornaram. Ressuscitar os “Caça-Fantasmas”, por exemplo, não rendeu a aprovação desejada (embora o filme seja bacana). Agora, uma nova tentativa está prestes a acontecer. Com o filho do diretor original no comando e alguns rostos conhecidos de volta.

Mas, e Mestres do Universo? Um dos desenhos mais cultuados dos anos 1980 está de volta e com resultados duvidosos. Há, neste projeto em específico, a união de duas coisas quase inconciliáveis: o público está certo e errado. Ao passo que os realizadores também estão com razão e equivocados. Ao mesmo tempo e quase na mesma medida.

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Para começar, a nova versão de Mestres do Universo é comandada por Kevin Smith. Smith é um sujeito gente boa que, por alguma razão, consegue o controle de diversos projetos legais. Talvez seja por ser simpático e um nerd de mão cheia, daqueles que sabe os mínimos detalhes sobre cultura pop.

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O problema é que Smith não tem muito talento como roteirista e diretor. Apesar de alguns acertos aqui e ali, principalmente no início da carreira, o fato é que Kevin mais tropeçou e caiu do que ficou de pé. Ele era, ao lado de Tim Burton, um dos responsáveis pelo reboot de “Superman” que teria Nicolas Cage no papel do Homem de Aço. O resultado daquela produção nós jamais veremos. Mas ele recebeu o controle de uma nova animação do He-Man e este resultado já pode ser conferido na Netflix.

He-Man, suposto protagonista, não tem espaço no novo Mestres do Universo

Os fãs têm, logo no piloto, a sensação de que as coisas podem ir no caminho certo. O humor é semelhante ao da série original e os personagens parecem respeitar suas versões anteriores. Mas a trama do primeiro capítulo logo se embaralha e mostra que não sabe para onde que ir. Assim, a narrativa que começa de um jeito, se embola no meio e termina de outro completamente diferente.

Mas a grande reclamação dos fãs mais rigorosos e saudosistas é de que, além de He-Man aparecer pouco, o grande herói da saga morre no meio do caminho. E aqui os erros e acertos do público e dos realizadores começam a saltar aos olhos. Primeiro, a série é sobre os Mestres do Universo. Não se trata de um show sobre o He-Man, tanto que seu nome nem está no título do programa. Assim, os demais membros do grupo recebem mais espaço e têm chance de brilhar.

Fãs têm razão, mas não são donos do produto

Por outro lado, os espectadores têm razão em alguns pontos. He-Man é, sim, mal aproveitado pelo roteiro. Além disso, a morte do personagem soa mais como uma tentativa de polemizar do que mover a trama de verdade. Smith, portanto, parece mais preocupado em chamar atenção e fazer com que a internet ferva do que construir uma narrativa coesa.

Os fãs, por outro lado, precisam manter a calma. Apesar de terem a história e os personagem guardados com muito carinho, eles não são donos do produto. E entenda: Mestres do Universo (e “Caça-Fantasmas”,Superman“, “ThunderCats”, etc.) é um produto. Enquanto vociferam na web, a Netflix enche os bolsos. Além disso, mudanças são necessárias e bem-vindas. Qual graça teria caso víssemos os mesmos personagens agindo do mesmo jeito e indo aos mesmos lugares?

Entre erros e acertos, fãs e equipe caminham para um veredito

Quanto ao visual, Smith e sua equipe modernizam os Mestres do Universo sem descaracterizar o universo e seus personagens. Diferente do que foi tentado em “ThunderCats: Roar”, que apresentava um visual radicalmente diferente, Mestres aposta no visual típico dos animes modernos da plataforma.

Ainda assim, é preciso apontar alguns detalhes: a animação poderia ser mais detalhada e rica em movimentos. Em diversos momentos, é como se houvesse pouca mobilidade e riqueza de detalhes.

No final, Mestres do Universo é um projeto que convulsiona entre erros e acertos, ao passo que o público caminha entre razão e emoção. É fato, contudo, que a série foi mal vendida pela Netflix e mal interpretada pela audiência. A plataforma fez um marketing que apelava à força de He-Man, sugerindo uma releitura da série original. Os fãs, ansiosos, não perceberam que era tudo uma isca, uma chamariz para outro tipo de produto.

Novos episódios serão lançados em breve e o veredito final será dado.

Sobre o autor

Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.