Mix de Séries elege as 10 melhores séries da década

De Breaking Bad a The Handmaid`s Tale, o portal Mix de Séries elege as 10 melhores séries da década, exibidas entre 2010 e 2019.

Última década comprovou a força da televisão moderna e trouxe a ascensão das plataformas de streaming

O tempo mostra suas insanidades assim que paramos para pensar nele. Mais uma década chega ao fim e, por mais que pareça muito, dez anos é uma quantidade pequena quando inserida no quadro geral de uma vida.

É curioso pensar que algumas das séries mais importantes da história estrearam na década passada. Six Feet Under, Lost, Dexter, Deadwood, The Wire, The Shield, Mad Men, Friday Night Lights parecem antigas, mas chegaram às telas há mais ou menos 10 anos. O fato é que estamos vivendo, agora mesmo, em uma das eras mais excitantes da televisão. Somos sortudos por estarmos presenciando décadas que serão respeitadas e estudadas no futuro.

O fato é que não precisamos olhar muito para o passado em busca de boas séries. Nem esperar que estas cheguem no futuro. Elas estão aqui, entre nós. E aqui estão – apenas – 10 das melhores séries desta década.

Antes de começar, alguns avisos: foram consideradas séries exibidas inteiramente ou que tiveram mais da metade de sua duração total exibida entre os anos 2010 e 2019. Assim, séries que estrearam na década passada, mas que tiveram a maioria de suas temporadas exibida nesta década, entram na lista. Foram consideradas séries de drama, comédia e minisséries/antologias.

melhores séries da década.

10 – Westworld

O legado de Westworld ainda está sendo construído mas, com as duas temporadas já exibidas, é possível incluí-la entre as dez melhores e mais corajosas séries da década. Construída com precisão cirúrgica, a série chegou a HBO com o objetivo de manter a supremacia do canal. E a produção é exatamente aquilo que se espera da empresa: roteiro inventivo, qualidade técnica inquestionável e coragem na execução. Na tapeçaria de personagens e ideias e voltas no tempo e no espaço, Westworld construiu uma mitologia sólida que só tende a crescer. Com performances impecáveis de Anthony Hopkins e Thandie Newton, Westworld se mostra um entretenimento de ponta com muitas ideias na cabeça.

 

9 – Orange is the New Black

Em décadas passadas, seria difícil – impossível – encontrar, dentre as melhores séries da década, alguma que tivesse o elenco majoritariamente feminino. Não porque séries lideradas por mulheres não tivessem qualidades, mas simplesmente porque elas não existiam. A indústria não era democrática e ainda não atingiu o nível de igualdade ideal, mas presenciar o nascimento de algo como Orange is the New Black é um sinal de que as coisas estão mudando. Um dos produtos de maior sucesso da Netflix, Orange poderia seguir por anos, contando histórias e fazendo o público rir e chorar. Personagens e ideias não faltavam, e por oito temporadas a série jamais caiu de modo comprometedor. O desfecho, apresentado em 2019, resgatou o brilhantismo dos primeiros anos e entregou um adeus coeso, engraçado e emocionante. De todas, talvez seja a que mais deixa saudade.

 

8 – House of Cards

Caso encerrasse sua trajetória na penúltima temporada, House of Cards poderia ter chegado ao fim de cabeça erguida. Ao insistir em um último ano, sem o protagonista, a série deu os últimos suspiros da pior forma possível. Assim como Game of Thrones, Cards quase destruiu o próprio legado através de uma despedida trôpega. Aqui, como amantes e críticos da televisão, devemos ter algo claro: House of Cards não deixa de ser um marco televisivo graças à péssima temporada final ou à monstruosidade de seu ator principal, cujos crimes renderam sua merecida demissão.

House of Cards deu o pontapé inicial na linha de produção original da Netflix, e assim o fez com um dos roteiros mais afiados da indústria. Elenco e equipe de ponta levaram as intrigas palacianas a um público sedento, que elevou a produção ao status que tem hoje. Se você assina a Netflix, procura por filmes e séries lá e ainda pensa em assinar as diversas novas plataformas que surgem, muito disso se dá ao sucesso e qualidade de House of Cards. Esta pode não ser a melhor série da década, mas talvez seja a que melhor define esta era.

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7 – Twin Peaks Returns

Quando se fala das origens da TV moderna, muitos atribuem as raízes a The Sopranos, Oz, Lost e outros programas que explodiram no início da década passada. É preciso voltar outra década, entretanto, para vislumbrar os primeiros passos da televisão que, hoje, parece tão comum. Twin Peaks é reverenciada pela indústria, críticos e fãs com total merecimento. David Lynch e David Frost começavam, sem antever o eventual alcance, uma nova forma de se contar uma história seriada, seja através do texto ou das imagens.

O programa, que começou com o assassinato de Laura Palmer, parecia uma simples narrativa de investigação, até que misturou humor negro com simbolismos, sonhos, filosofia e muitas viagens que até hoje carecem de explicação. Mais de duas décadas depois, Lynch resgata sua maior obra-prima em um dos melhores revivais já vistos na televisão. Trazendo todo o elenco de volta, Return é um deleite imperdível para quem acompanhou as temporadas originais, mas também encanta aqueles não inicializados na mitologia. Tudo isso porque, no fim, é uma grande história bem contada e filmada, independente de explicações ou sentido. Como toda obra de arte.

 

6 – The Handmaid’s Tale

The Handmaid’s Tale é a série certa no momento “certo”. Apresentando uma distopia alcançável, que brinca com os horrores da nossa atual realidade, o programa da Hulu traça paralelos entre sociedades doentes. Tendo mulheres na linha de frente, Handmaid’s Tale democratizou a corrida pelo Emmy de Drama e conquistou o público ao redor do mundo (feito notável, já que a plataforma Hulu tem território limitado). O show fez o público pensar e discutir o próprio contexto no qual está inserido, sem jamais soar panfletária ou esquecer do entretenimento. Em narrativas quase novelescas, trama e personagens se desenrolam em roteiro alinhado e visual impecável. Detentora de uma das melhores fotografias da televisão atual, Handmaid’s Tale encanta e assusta na mesma medida.

 

5 – The Knick

A melhor série médica da década se passa em 1900 e se chama The Knick. As demais que me perdoem, mas nenhum outro programa mostrou a medicina desta forma, tampouco com tamanho apuro estético. Dirigida por Steven Soderbergh, The Knick é uma aula de audiovisual, daquelas que devem ser exibidas e estudadas nas universidades. O trabalho de câmera e fotografia visto aqui não tem precedentes, e a riqueza da ambientação é incomparável. Assistir The Knick é como olhar através de uma janela. É possível sentir o que está sendo mostrado, tamanha qualidade técnica e realismo.

Mas esta não é apenas uma série bonita e bem-feita. Apesar de desenrolar-se há mais de um século, Knick é afiada no comentário social, além de entreter com uma narrativa rica em detalhes e situações intrigantes. Para completar, Clive Owen está impecável como protagonista, numa das melhores atuações da década. Durou apenas duas temporadas devido ao alto custo de produção e ao fato de que a história se renovaria a cada dois anos. Assim, a trama vista aqui tem início, meio e fim. Todos excelentes.

 

4 – Stranger Things

O impacto de Stranger Things foi imediato. Em apenas três temporadas a série da Netflix passou de “obra que homenageia” para “obra homenageada/referenciada”. A nostalgia oitentista, embora não seja criação dela, foi catalisada pelo sucesso de sua ambientação e personagens. O culto que se vê ao redor de elementos da década de 1980 cresceu tanto que a própria série já tenta encontrar formas de fugir do estigma do revisionismo barato. A riqueza da criação dos irmãos Duffer não está na recriação detalhada de uma época, mas na história universal que reconta. Os personagens são carismáticos e as tramas envolventes, tudo permeado com muita diversão e qualidade. É ao firmar os pés na atualidade, traçando paralelos com a sociedade moderna, que Stranger Things ganha peso e relevância. Sem perder a humanidade e sem esconder as inspirações. Um fenômeno.

3 – The Leftovers

Talvez tenhamos que nos acostumar ao conceito das trilogias no mundo da séries. Aparentemente, grandes séries com três temporadas são mais comuns do que acreditamos. Deadwood, Hannibal, Penny Dreadful The Leftovers são alguns exemplos de programas recentes que conquistaram o público e marcaram época, sendo que todos duraram por apenas três anos. O que estas séries mostram é que não é preciso sete ou quinze temporada para se contar uma história completa e satisfatória. The Leftovers criou personagens complexos e narrativas encantadoras em apenas 28 episódios (uma temporada inteira de Lost, do mesmo criador, girava em torno de 24). Se renovando a cada temporada, a série da HBO mergulhou em mistérios e discussões que iam do sobrenatural e etéreo ao mais banal e domestico. Construída e marrada com precisão cirúrgica, The Leftovers é poesia pura.

 

2 – Game of Thrones

A última impressão não é a que fica. As pessoas, principalmente com a força da internet, tendem a desvalorizar um trabalho inteiro por causa de um tropeço ou por não seguir as expectativas. Por mais que a última temporada de Game of Thrones tenha sido um fiasco (não foi), não podemos esquecer das sete temporadas excelentes que vieram anteriormente. Em um período de quase dez anos, GoT representou o que há de melhor na televisão atual: narrativa longa e diversos personagens bem desenvolvidos amparados por técnicas cinematográficas. Por mais que tenha tropeçado no final, GoT mereceria uma alta posição em qualquer lista, nem que fosse apenas por uma ou duas temporadas. GoT foi e é um fenômeno. Um marco para o qual todos olharão quando estiverem atrás de referências. No futuro, se apenas uma série desta década for lembrada, é provável que seja Game of Thrones.

1 –  Breaking Bad

Quando Breaking Bad surgiu em 2008, com apenas sete capítulos em sua primeira temporada, teve de dividir o holofotes. Em um dos anos mais frutíferos, o mundo presenciou as estreias de Mad Men Damages, além do desfecho de The Wire e as forças ainda inabaláveis de Lost, Dexter House, todas no auge. Na época, o projeto do canal AMC até ficou sob a sombra da competição. Mas é o tempo que prova as qualidades e afirma obras-primas. Ao passo que Damages foi quase esquecida e as demais caíram vertiginosamente, Breaking Bad cresceu para se tornar uma das narrativas mais elogiáveis do novo século.

De qualidade técnica irretocável (os trabalhos de direção e fotografia são estupendos) e roteiro redondo, BrBa é o raro caso de projeto que beira a perfeição. Ao mesmo tempo em que enche os olhos, ainda temos diálogos memoráveis (“I am the danger”, “Say my name”) e reviravoltas que jogam a tensão nas alturas. Ancorando isso tudo, há o elenco afinadíssimo. Bryan Cranston se tornou um dos atores mais respeitados e requisitados (exclusivamente pela série de TV, e não pelo cinema; algo raro), Aaron Paul cresceu a cada capítulo, Anna Gunn e Skyler rendem debates até hoje e Bob Odenkirk ganhou sua própria série. Em resumo, é uma série que nos deixa felizes pelo simples fato de estarmos vivos para acompanhá-la.

Sobre o autor
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Matheus Pereira

Jornalista, curioso e viciado em cultura. Escreve há quase 10 anos no Mix e Six Feet Under é sua série favorita.

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