O Esquadrão Suicida é bom, diverte e um dos mais bacanas do ano
O Esquadrão Suicida diverte, emociona e surpreende com coração e posicionamentos no lugar. Tem tudo para ser o melhor blockbuster do ano.
Sempre que um novo filme baseado em quadrinhos surge, uma porção de críticos e fãs elege o lançamento como o “melhor filme de heróis da história”. Como se a busca pelo “número um” fosse questão de vida ou morte, o público está sempre à procura de uma experiência de impacto.
É por isso que, no calor do momento, as audiências saiam chamando filmes medianos de obras-primas. “O Esquadrão Suicida”, de James Gunn, não é uma obra-prima, tampouco o melhor título de heróis, mas merecia mais reconhecimento do que vem recebendo.
O tempo, contudo, promete lhe fazer justiça. Assim como já tem feito com outros nomes que foram alçados à alcunha de obra-prima. Os longas da Marvel, por exemplo, já começam a se misturar no horizonte, virando um grande borrão. Sem diferença visual, narrativa e/ou temática entre si, os filmes da Casa das Ideias parecem sempre os mesmos.
Muito sangue, suor, lágrimas e cores no Esquadrão de James Gunn
Com exceção de alguns títulos (“Guardiões da Galáxia”, de Gunn, é um deles), a maioria respeita uma cartilha de sucesso financeiro. Depois de ter brincado com os brinquedinhos da Marvel, é hora do roteirista e diretor se divertir no playground da DC. E o resultado é uma das melhores produções da nova safra do estúdio.
Com “O Esquadrão Suicida”, Gunn prova que fazer filmes alegres e coloridos não é característica única da Marvel, assim como os dramas mais pesados e sombrios não são exclusivos da DC. A diferença está no capitão do navio. E Gunn conduz o barco com firmeza, isso porque tem uma visão, um estilo próprio. A grande sacada do cineasta, entretanto, não se limita ao visual, muito bem delimitado. Seu texto tem personalidade única, seus personagens são facilmente reconhecíveis.
Cada personagem ganha uma camada que o torna interessante e mais complexo
Com isso, “O Esquadrão Suicida” é um filme de James Gunn em visual e espírito. Assim, ainda que invista em litros de sangue e toneladas de violência, a nova releitura dos “vilões heroicos” firma os pés no desenvolvimento de seus personagens e no lado pessoal e humano de cada um deles. Embora alguns recebem pequenas pinceladas, é louvável a tentativa do roteirista tentar ao menos dar algum background para todos os personagens centrais.
Desta forma, além de ser engraçado ver Bolinha lutando contra as más lembranças da mãe, é importante que tenhamos essa dimensão acerca do personagem. O mesmo vale para o Pacificador. Ainda que funcione muito bem como alívio cômico e o seu dilema moral que move a trama e seu desenvolvimento dentro da história. Afinal, ele é um agente da paz, e irá garanti-la, mesmo que precise matar milhares de inocentes para isso.
Arlequina tem o seu melhor momento no Cinema
Neste sentido, todos os personagens de “O Esquadrão Suicida” são carismáticos ou, no mínimo, interessantes. E o elenco ajuda – e muito – nessa identificação. Idris Elba prova mais uma vez que é uma das grandes estrelas da Hollywood moderna. Com talento inequívoco tanto para o drama quanto para o humor, Elba é o protagonista definitivo da produção e rouba a cena, mesmo entre outros grandes nomes e personagens.
Margot Robie, por sua vez, tem a chance de viver, pela primeira vez, a melhor versão de Arlequina. E sua fuga do prédio onde era mantida refém é o melhor momento da personagem nos cinemas. Podemos, portanto, finalmente ver a moça em ação, salvando a própria vida e dando tudo de si. A sequência tem impacto graças à entrega de Robie e ao talento de Gunn na condução da ação. O uso de efeitos visuais, aliás, ajudam a montar a cena que é a cara da personagem.
Filme é deleite visual e merece sua atenção e sua melhor tela
Em toda a sucessão de acertos, até mesmo as repetições e vícios de Gunn funcionam. Nanaue, por exemplo, é uma releitura de Groot. Monstro entre a maioria humana, Nanaue é grande, mas fofo; forte e ameaçador, mas carinhoso e amigável. Para completar, assim como o Guardião da Galáxia, o membro do Esquadrão é dublado por um brucutu do gênero da ação. E Sylvester Stallone não desperdiça a oportunidade de impor sua voz potente, dando vida e humor ao tubarão.
Lançado em um mundo ainda mergulhado na pandemia, “O Esquadrão Suicida é um frescor que merecia ser conferido nas maiores telas do Cinema. Cada aspecto técnico enche os olhos e, se houver justiça no mundo, a trilha sonora de John Murphy merece uma indicação ao Oscar. Com a difícil tarefa de se misturar entre clássicos do rock e da cultura pop, Murphy entrega uma trilha original repleta de guitarras e potentes baterias.
O Esquadrão Suicida funciona do início ao fim e é, desde já, um dos mais bacanas de 2021
Com excelentes efeitos visuais (algo que precisa ser apontado, já que alguns filmes ainda entregam péssimas sequências), “O Esquadrão Suicida” ainda tem roteiro afiado e surpreendente. A melhor coisa é assisti-lo sem saber absolutamente nada, já que as reviravoltas e mortes certamente pegam de surpresa. Algumas mortes, aliás, funcionam puramente pelo humor, outras, têm impacto pela emoção e peso dado aos personagens.
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Sem cair na armadilha dos “americanos bonzinhos”, “O Esquadrão Suicida” ainda reserva importantes e corajosos comentários políticos e sociais. Tentando fugir do sexismo e da xenofobia que já tanto marcaram o cinema mainstream, o longa de Gunn tenta fazer o certo ao investir na violência escrachada e no deboche escancarado. E com todo o espetáculo visual, isso tudo funciona do início ao fim.