Os melhores filmes de 2023

O ano de 2023 chegou ao fim e trouxe uma porção de filmes incríveis. Nossa lista de melhores inclui Oppenheimer e outras joias do Cinema.

Oppenheimer

Apesar de escrever majoritariamente sobre séries e TV, o Cinema sempre foi minha primeira paixão. Meus primeiros textos, por exemplo, foram dedicados para ele. Muito da minha percepção e entendimento da televisão vem de raízes profundas nos filmes. Grandes momentos da minha vida e carreira profissional podem ser associados ao Cinema. Sempre é uma felicidade, portanto, quando um ano é repleto de ótimos filmes. Assim, de épicos de sucesso como “Oppenheimer” a dramas independentes e intimistas, 2023 proporcionou grandes momentos cinematográficos.

Grandes diretores lançaram suas obras nos últimos 12 meses, e o próximo Oscar promete reunir alguns dos títulos e nomes mais interessantes da última década. Esta lista, portanto, promete fazer jus a estas obras e artistas. E a uma forma de arte que me acompanha e me salva há anos.

10 – Cuando Acecha la Maldad, de Demián Rugna

O horror enquanto gênero é um exercício de limites. Quanta antecipação antes de um susto? Quantos segundos antes do corte? O quando deve ser mostrado aqui e escondido acolá? O argentino Demián Rugna testa os limites muitas vezes ao extrapolá-lo. “Cuando Acecha la Maldad”, por exemplo, é um filme que sugere quando os limites serão explodidos. E mesmo assim nos choca com suas ideias e imagens acachapantes. É desolador, sendo assustador justamente por isso. Não há esperança depois da próxima curva.

“Oppenheimer”, “Succession”, “The Bear”, conheça os melhores de 2023:

9 – As Bestas, de Rodrigo Sorogoyen

Muito se discute a incomunicabilidade no Cinema contemporâneo. Em tempos onde a informação e a comunicação estão facilitadas, parece que sabemos e conversamos menos. O espanhol “As Bestas” aborda a questão, mas também revela um ponto importante: as vezes, algumas situações já ultrapassaram o poder da comunicação, e não pode ser revertidas. Uma das melhores cenas do filme, por exemplo, é uma conversa franca entre os dois homens em conflito. E mesmo com ela, mesmo sob a luz da verdade, contudo, a situação escala de forma caótica.

8 – Anatomia de uma Queda, de Justine Triet

Um relacionamento e um crime são feitos de ausências. De faltas, de buracos, de desentendimentos. É o que não sabemos que faz de “Anatomia de uma Queda” um drama tão poderoso. Os discursos, revestidos em dor e ressentimento, escondem cicatrizes profundas nas entrelinhas. Resta ao espectador – e aos personagens – preencher as lacunas. No filme, vemos e escutamos versões dos fatos, relatados, adaptados e/ou criados para satisfazer uma narrativa. Justine Triet magistralmente conta e esconde o necessário, tudo para satisfazer sua incrível narrativa.

7 – Tár, de Todd Field

Muitos filmes já discutiram a busca pela perfeição, como “Cisne Negro” e “Whiplash”. “Tár”, por sua vez, traz a manutenção da perfeição. Como se manter no topo e segurar a persona perfeita. A Tár, de Cate Blanchett, mais do que evoluir ou mudar, quer manter a fachada de gênio que carrega. “Tár” é o desmembramento da figura de poder, do gênio inalcançável e de que como o mundo está começando a lidar com e contra estes símbolos. “Tár” é um filme de terror, a perda dos sentidos, propósitos e fachadas.

Novos clássicos eternizados

6 – Os Fabelmans, de Steven Spielberg

Os dramas familiares de Steven Spielberg permeiam praticamente todos os seus filmes. A diferença é que em “The Fabelmans” estes dramas são discutidos mais frontalmente. A figura paterna – ou a falta de – é abordada em maior ou menor grau em quase todas as suas obras. Os truques, narrativos e visuais, pareciam estar presentes já nos primeiros curtas amadores. “The Fabelmans” mostra que o talento de Spielberg não foi aprendido; nasceu com ele, veio impregnado em seu DNA.

5 – Decisão de Partir, de Park Chan-wook

“Decisão de Partir” é um curso intensivo, com pouco mais de duas horas, sobre como dirigir uma narrativa complexa com exatidão técnica. Sem jamais, claro, esquecer da emoção. O filme sul-coreano é uma aula no uso de câmera – e do que ela é capaz de mostrar e contar. Chan-wook brinca com transições, luzes, elipses e cria um dos trabalhos mais ricos dos últimos anos. Assim, é algo para ser destrinchado minuciosamente por qualquer amante do Cinema que queira aprender sobre o ofício. Como se não bastasse, ainda se diverte com os gêneros, indo do romance ao thriller policial com a leveza e maestria dos grandes gênios.

4 – Babilônia, de Damien Chazelle

Até o mais medíocre dos filmes será eterno. Uma vez que a arte está lá fora, ela pertence ao público, a quem a consome. “Babilônia” se passa majoritariamente nos anos 1920. A massiva maioria das pessoas que homenageia, portanto, está morta. Um século depois, seus corpos se foram, mas suas artes permanecem. Os textos que discutem estas artes até podem se perder, mas também podem ser eternos. O Cinema lida com a efemeridade e a permanência das coisas e pessoas. “Babilônia” entende isso. Apesar de todo o caos, drogas, festas, altos e baixos, o Cinema é eterno.

Velhos e novos mestres

3 – Assassinos da Lua das Flores, de Martin Scorsese

Onde está o drama? É esta pergunta que muitos roteiristas e diretores precisam responder antes de empreitar um novo projeto. O livro no qual “Assassinos da Lua das Flores” se baseia, por exemplo, se divide em três partes e é fabuloso. Ele aborda as mortes que assolam o povo osage, depois parte para a investigação (que perpassa o surgimento do FBI) e termina com a própria investigação do autor para construir o romance de não-ficção.

Para Scorsese, o drama que merecia ganhar as telas de Cinema é a de um casal improvável, mergulhado em morte, segredos e o apagamento de um povo. No filme, Scorsese aborda tudo o que precisa, mas com foco muito claro no drama central.

2 – Vidas Passadas, de Celine Song

O início deste texto parágrafo seria: “‘Vidas Passadas’ é o romance perfeito e nenhum beijo é dado em toda a sua duração”. A questão é que o filme talvez não seja um romance. É, na verdade, um drama sobre duas pessoas adultas que nunca consumaram um romance. Nora é casada e ama seu marido. A história deles, então, é bonita e por si só já funciona. Sua relação com Hae Sung, por sua vez, é a não-história. O não vivido, o não sentido. O drama deles, portanto, é entender o que esta ausência significa para eles no momento e o que significará no futuro. É entender, enfim, como a falta, o não-ser, é tão importante quanto o ser, o existir.

Oppenheimer

1 – Oppenheimer

Sempre tenho dificuldade para escrever sobre o filme número um destas listas. É estranho que, muitas vezes, temos mais o que falar sobre o que não gostamos. Ao invés de falar sobre “Oppenheimer”, então, falarei sobre a experiência de assisti-lo.

Tive a oportunidade de ver “Oppenheimer” em uma tela gigantesca de IMAX. Não é algo comum e, na verdade, nunca havia assistido a um filme neste formato. Três horas depois, então, cheguei ao fim da experiência sabendo que aquela era uma das mais legais que já havia vivenciado numa sala de Cinema. Não só porque “Oppenheimer” era incrível, mas porque acabara de testemunhar um grupo de artistas dando o seu melhor para criar uma obra e exibi-la da forma que ela deve ser apreciada.

Fui consumido pela trilha de Ludwig Göransson, abraçado pela fotografia de Hoyte van Hoytema e surpreendido pela exatidão cirúrgica de cada membro do elenco de “Oppenheimer”. Tudo, enfim, comandado por Christopher Nolan no auge de seu ofício.

Sobre o autor
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Matheus Pereira

Jornalista, curioso e viciado em cultura. Escreve há quase 10 anos no Mix e Six Feet Under é sua série favorita.

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