Qual a melhor: House of the Dragon ou Os Anéis de Poder?

A pergunta que não quer calar no mundo da TV é: qual série é a melhor? House of the Dragon ou O Senhor dos Anéis? Mix de Séries responde

House of the Dragon

A concorrência é sadia. Seja no mercado, entre amigos ou na cultura, a disputa, quando bem medida, pode trazer bons resultados. No Cinema e na TV, a briga entre títulos e artistas sempre rendeu frutos interessantes. O último confronto direto da cultura pop foi entre House of the Dragon e O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder. Aqui, produções, equipes e fãs discutiram por semanas para decidir qual série era a melhor.

Os antecedentes da guerra

Ambas as séries têm origens notáveis, daquelas de fazer inveja a qualquer projeto. O Senhor dos Anéis vem de uma das maiores criações da cultura pop, que desenhou linhas para que praticamente todas as obras posteriores seguissem seus exemplos. House of the Dragon se baseia em uma obra mais jovem, mas que tomou a cultura de assalto com Game of Thrones. Claramente inspirada nos escritos de J.R.R. Tolkien, a obra de George R. Martin é agora o maior exemplo de fantasia moderna e bem-sucedida.

Leia tambem: O Senhor dos Anéis Os Anéis de Poder: as maiores perguntas da 1ª temporada

De certa forma, seus antecedentes explicam muito da disputa e estabelecem dois projetos muito distintos. O Senhor dos Anéis é clássico, tanto na forma quanto na execução. House of the Dragon já é mais moderna, casada com alguns dos costumes e manias das atuais gerações. Ambos os estilos funcionam, mas criam uma enorme distância entre os títulos. Anéis de Poder é clara, colorida, mas comedida em ritmo. Já a Casa do Dragão é escura, monocromática, mas intensa, acelerada.

PUBLICIDADE

De um lado: a Terra-Média e seus Anéis de Poder

O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder é uma das séries mais caras da história da televisão. Desde que a Amazon comprou os direitos de produção por milhões de dólares, a expectativa era alta. Neste sentido, Os Anéis de Poder tinha uma tarefa muito mais ingrata para cumprir. Isso porque não só os livros são a bíblia da fantasia como a trilogia cinematográfica de Peter Jackson é irretocável.

Leia também: Crítica: O Senhor dos Anéis Os Anéis de Poder chega ao fim com saldo positivo

Assim, como manter a cabeça no lugar e competir contra origens tão boas? Nesta perspectiva, a série faz o que quase ninguém esperava: ao invés de fugir de comparações com os filmes, o programa correu na direção de Peter Jackson. Logo, Os Anéis de Poder não só bebe como mergulha na fonte da trilogia de O Senhor dos Anéis. O show, então, produz vários paralelos narrativos e visuais que estabelecem a presença de ambos os projetos em um só universo.

Os Anéis de Poder, por exemplo, parece ser uma série feita durante o dia, enquanto sua adversária parece da noite. Senhor dos Anéis é sobre esperança, sobre prevalecer ante o mal, sobre buscar luz. Assim, todos os personagens parecem estar buscando sentido ou clareza, seus lugares entre os mocinhos. O problema é que esta busca é mais passiva, com ritmo bem peculiar. A série de O Senhor dos Anéis, então, vai na contramão do que se vê hoje em dia. Troca a rapidez e o impacto pela paciência e construção.

Do outro lado: House of the Dragon, uma dança de dragões

House of the Dragon tinha uma tarefa muito mais fácil nas mãos. Para começar, o sucesso de Game of Thrones é extremamente recente. Logo, a franquia está quente no imaginário coletivo. Além disso, a equipe da nova série é majoritariamente a mesma da antiga. Logo, fica fácil replicar os acertos do produto original tendo as mesmas pessoas por trás das câmeras. Afinal, tirando o showrunner e alguns roteiristas, grande parte do time é o mesmo: diretores, diretores de fotografia, compositor, figurinos, entre outros.

Leia também: House of the Dragon: as grandes diferenças entre a série e o livro

House of the Dragon, portanto, parece simplesmente continuar de onde Game of Thrones parou, ainda que a história se passe anos antes. Percorrer zonas mais seguras, entretanto, não desmerece o trabalho de Ryan Condal e sua equipe. Pelo contrário: apesar de alguns problemas, a primeira temporada da série é ótima e repete os grandes acertos do programa original.

Um dos pontos positivos é a manutenção da atmosfera. House of the Dragon continua com a “vibe” de GoT. É um ritual aguardar pelos episódios semanais. Assisti-los é uma montanha-russa, cheia de surpresas, altos e baixos. A série dos dragões é catártica, ligeira. O show sabe quais botões apertar, e faz isso notavelmente bem, entregando ao espectador exatamente o que ele quer e precisa. Nesta ânsia, atropelou momentos e personagens, mas jamais deixou de divertir.

Quem ganha? O Senhor dos Anéis ou House of the Dragon?

Diversão, no final, é o que vale de verdade. É por isso, afinal, que assistimos séries e filmes: para nos divertir. House of the Dragon entregava uma fuga da realidade por semana, fazendo o público imergir em suas intrigas e enlouquecer com seus personagens. Anéis de Poder é excelente, mas não rendeu as mesmas emoções em seus capítulos.

Uma das grandes proximidades entre as séries é que ambas contam histórias de “pré-guerra”. As duas acompanham os momentos que antecedem conflitos. São, então, sobre estopins. Anéis de Poder busca a luz e a bondade para lutar contra a escuridão. House of the Dragon, por outro lado, abraça o escuro para enfiar os pés no confronto. São abordagens diametralmente opostas para uma situação semelhante.

O Senhor dos Anéis, portanto, agitou as estruturas em seu episódio final. House of the Dragon, por sua vez, sacudiu a poeira ao menos duas vezes por capítulo. Tratam-se de abordagens diferentes e ambas funcionam, mas uma das séries parece mais antenada no seu público e no seu presente.

Sobre o autor

Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.