Succession: última temporada começa com episódio impecável

Episódio 1 da última temporada de Succession é o início perfeito de um final que reserva inúmeras surpresas. Estamos empolgados!

Succession

A linha que separa o drama da comédia na TV está cada vez mais turva. Há alguns anos, as diferenças entre os dois grandes gêneros era visível. O drama, para começar, teria episódios de aproximadamente uma hora de duração, enquanto a comédia reservaria 20 minutos para seus capítulos.

Além disso, os programas de humor geralmente seriam sitcoms, com várias câmeras posicionadas em um estúdio onde as cenas são gravadas ao vivo.

Hoje, não só a forma é mais abstrata como o estilo também é cada vez mais complexo. É na época das premiações, por exemplo, que essas categorizações ficam ainda mais complicadas, pois alguns programas claramente dramáticos são jogados entre as comédias, onde a concorrência é, supostamente, mais fácil.

PUBLICIDADE

O problema é que as séries de humor estão na linha de frente, lado a lado com os prestigiados projetos dramáticos. Só na safra 2022/2023 temos The Bear e Poker Face, duas obras-primas que são difíceis de categorizar.

Drama e comédia se misturam de forma cada vez mais afinada

Se The Bear é comédia, por que Succession também não é? Afinal, o projeto da HBO arranca boas gargalhadas do público. O primeiro capítulo da 4ª temporada, por exemplo, é a prova mais recente do poder cômico do programa.

É verdade, entretanto, que entre um riso e outro, personagens se xingam, brigam e sofrem duros reveses do ambiente e uns dos outros. Ainda assim, é um dos produtos que melhor mesclou a tragédia Shakespeariana com a comicidade dos textos do bardo.

Leia também: Succession: a história real por trás da série da HBO

Assim, entre o caos de negociatas, há espaço para uma subtrama envolvendo Eric e uma namorada que perambula pela casa de Logan Roy.

Tom, por exemplo, protagoniza vários dos momentos engraçados da premiere da 4ª temporada. É ele, também, que participa de um dos momentos mais dramáticos do capítulo, quando chega aos últimos suspiros de seu casamento com Shiv.

Elenco de Succession segue irretocável

Sarah Snook, aliás, segue impecável no papel de Shioban. Ela consegue um fato surreal, que é o de ser um dos personagens mais complexos e interessantes em uma série lotada deles.

Shiv encontra-se em um dos momentos mais densos e tensos de sua jornada em Succession. Depois de passar anos desdenhando e mesmo humilhando Tom, a irmã Roy encontra-se surpresa consigo mesma. Isso porque, agora, percebe que alguns sentimentos e posicionamentos parecem trair a lógica inicial dos fatos.

Brian Cox, por sua vez, segue com a mesma aspereza e ironia de Logan, enquanto seus asseclas, principalmente o trio mais idoso (Gerri, Frank e Karl), funcionam como alívios cômicos.

Já Kendall parece em um bom momento (considerando os péssimos que já encarou), enquanto Roman ainda tenta entender a nova situação e mergulhar diretamente em uma nova rotina. O caçula, aliás, parece ter sido o mais impactado pelos últimos embates de família.

Episódio 1 da última temporada é o início perfeito do fim

Estes confrontos, aliás, tenderão a se intensificar daqui para frente. The Munsters, por exemplo, já indica isso. Ao dividir sua história entre o aniversário de Logan e as tentativas de voo dos três irmãos rebeldes, o episódio mostra ambos os lados costurando e descosturando estratégias para sair na frente.

É verdade que, a princípio, Kendall, Shiv e Roman parecem despontar, mas Logan não parece abalado, tampouco derrotado.

Leia também: Succession vai acabar na 4ª temporada e choca fãs

As possibilidades desta guerra, portanto, são empolgantes. E é preciso elogiar o talento de Jesse Armstrong para compor não só diálogos engraçados, ágeis e legitimamente inteligentes, mas por tecer uma intrincada, mas compreensível teia de idas, vindas e golpes.

Ao estilo dos grandes roteiros, Armstrong cria uma luta de boxe que se estrutura em linhas de diálogo e narrativa. Com texto brilhante, cada palavra é um gancho, cada frase um nocaute.

Tudo embalado pela direção cirúrgica que, assim como a música, o texto e o elenco, encontra beleza e precisão em meio ao caos daquele universo e dos seres que nele habitam.

Desta forma, The Munsters é um retorno triunfal e absolutamente empolgante de Succession. É o início perfeito para a última temporada de uma das grandes séries do século XXI.

Nota: 5/5

Sobre o autor

Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.