Ted Lasso: personagem é inspirado em surpreendente história real

Ted Lasso tem uma curiosa inspiração na vida real. Jogador temido foi a base para a criação de importante personagem da série.

Ted Lasso

Todo mundo que assiste Ted Lasso ama Roy Kent (Brett Goldstein), mas eles amariam sua versão da vida real, Roy Keane? Sim, a lenda do AFC Richmond é de fato baseada em um jogador de futebol real. Kent e Keane têm muito em comum. Desde seu comportamento severo até sua excelência em campo, e ambos são amplamente considerados lendas por seus próprios méritos. Ambos também se tornaram treinadores e comentaristas de TV depois de se aposentar dos gramados, mas as semelhanças vão muito além.

Além de Roy Keane, a série já brincou mais vezes com a realidade. Com Zava (Maximilian Osinski) sendo baseado em Zlatan Ibrahimovic, Dani Rojas (Cristo Fernández) em Javier “Chicharito” Hernández. Na verdade, até o próprio AFC Richmond é espelhado no Crystal Palace, com sua casa em Nelson Road, sendo a casa dos Eagles na vida real.

Roy Keane também estava em todo lugar

Todos nós conhecemos o canto icônico de Roy Kent: “Ele está aqui, ele está lá, ele está em todo lugar!“. Nós o vimos jogar em Ted Lasso por menos de uma temporada inteira, mas foi o suficiente para nos dar uma boa ideia de seu estilo em campo. Roy estava inquieto, mesmo quando sua carreira já caminhava para o fim, e jogava cada partida como se fosse a última. Algumas pessoas podem até descrever seu estilo como bruto, mas ele fez o trabalho, e isso o tornou um jogador amado em todos os lugares.

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Nesse sentido, Roy Keane era praticamente o mesmo. Ele jogou a maior parte de sua carreira pelo Manchester United,. Ele fez parte de seu lendário time que basicamente dominou o futebol inglês de meados dos anos 90 a meados dos anos 2000. Qualquer que fosse o torneio em que eles estivessem, você poderia esperar que eles causassem muitos danos.

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Eles também ficaram famosos pela Turma de 92, um grupo de jogadores formado pelo próprio clube que cresceria para definir uma geração na Inglaterra: David Beckham, Ryan Giggs, Paul Scholes, Gary Neville, Phil Neville e Nicky Butt. Todos eles eram comandados por outra lenda, Sir Alex Ferguson, uma das maiores mentes que já treinaram um clube. Sua maior conquista foi a conquista da Liga dos Campeões da UEFA em 1999. Ele depois conquistou o Mundial de Clubes contra o Palmeiras (que também tinha um grande time tentando conquistar seu primeiro troféu oficial do torneio).

Keane não fazia parte da turma de 92, mas todo aquele time jogava com o mesmo espírito. Irlandês, começou a carreira jogando em clubes modestos, fazendo sua estreia na Inglaterra pelo tradicional Nottingham Forest, chegando ao Manchester United em 1993. Encaixou como uma luva no time de Ferguson e dominou o campo. Ele foi o primeiro homem no sistema defensivo do United enquanto ainda jogava no meio-campo, estilo chamado por muitos de “box-to-box”, já que podia ser visto em quase todos os lugares, desde a área defensiva até a ofensiva. Isso também significava que ele raramente era o jogador que realmente marcava gols, mas isso nunca importou para ele, nem para os torcedores.

Ele acabou deixando o Manchester United em 2005, transferindo-se para outro time tradicional, o escocês Celtic, onde permaneceu por seis meses até se aposentar como jogador profissional por motivos médicos. Ele ainda ganhou dois troféus, no entanto.

Ambos os Roys foram duros em campo

Conhecemos Roy Kent por seu temperamento dentro e fora do campo, e sua contraparte na vida real era exatamente como ele. Por melhor jogador que fosse, Roy Keane era amplamente considerado um homem difícil de se ter em qualquer equipe. Ele era extremamente leal aos seus companheiros de equipe, o que lhe concedeu a braçadeira de capitão no Manchester United e na Irlanda, mas frequentemente tinha confrontos com gerentes e treinadores, uma discussão acalorada com Ferguson sendo a razão pela qual ele deixou o Manchester United em 2005.

Outra história famosa foi quando ele deixou a seleção irlandesa poucos dias antes de sua estreia na Copa do Mundo de 2002 na Coreia do Sul e no Japão. Jogar uma Copa do Mundo é o sonho da maioria dos jogadores de futebol no início de suas carreiras, e Keane dispensou isso depois de uma briga com o técnico Mick McCarthy sobre as condições das instalações de treinamento.

Em campo, os dois Roys também exibiam seu temperamento com frequência. Roy Kent é o único jogador da história a receber dois cartões vermelhos na história, em uma falta bizarra contra o Manchester City. A coisa toda parece diretamente baseada na encrenca semelhante de Roy Keane com Alfie Haaland – pai do atual artilheiro mundial Erling Haaland, ambos do Manchester City também. Depois de uma partida inteira cheia de provocações entre Haaland e Keane, este último finalmente cometeu uma falta na altura do joelho que depois admitiu ter sido intencional a poucos minutos do final da partida.

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Após o fim de sua carreira, Roy Keane manteve a fama de falar o que pensava ao se tornar um comentarista da Sky Sports. Em Ted Lasso, Kent fez o mesmo, mas não aguentou o trabalho e acabou deixando a TV para ser o assistente técnico de Ted (Jason Sudeikis) no AFC Richmond. Keane também teve uma passagem como assistente técnico, mas parece se sentir mais confortável como comentarista, onde consegue trabalhar com muitos ex-jogadores que jogaram com ele ou contra ele, como o ex-companheiro de equipe do United, Gary Neville.

Recentemente, Roy Keane até brincou sobre suas semelhanças com Roy Kent quando mostrou um clipe do personagem, dizendo que ele é “muito mais legal” que Kent. O próprio Brett Goldstein brinca com isso também, dizendo que nunca conversou com Keane sobre o personagem, mas que, “Talvez todo mundo seja um pouco Roy Kent. Ele é complicado porque fica em seu próprio caminho e é uma figura meio trágica, mas ele também fala besteira”. Talvez foi isso que tornou os dois Roys tão amados – e temidos – no esporte.

Sobre o autor

Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.