Crítica: 2×09 de The Good Fight diverte falando da nossa tragédia diária
Review do nono episódio da segunda temporada de The Good Fight, da CBS All Access, intitulado "Day 464".
A tragédia nossa de cada dia…
Jake Tapper apresenta um programa semanal na CNN que sempre me fez parte da minha rotina de domingo. State of The Union, exibido pelo braço internacional da emissora a partir das 10 horas (de Brasília). Logo no início, o apresentador, de uma forma sempre bem humorada fala aos telespectadores qual é o “estado da união”. Que em outras palavras significa: qual o novo escândalo? Quem membro da administração foi demitido? Qual líder mundial o presidente ofendeu desta vez? Enfim, há inúmeras possibilidades que também variam de guerra comercial até a saga da atriz pornô. Para qual lado você olhe, a situação do mundo oscila entre o chocante, o inimaginável e trágico. Mas sabiamente, Day 464 aparece para tirar sarro do “estado da união”.
Após ser atualizada da adoração de Donald Trump por cabras, Diane é alertada que uma nova cliente está à sua espera: Dominika (Lili Mirojnick), uma estudante russa que está a poucos dias de enfrentar deportação. O problema é que ela não pode voltar ao país porque teme ser assassinada a mando de Vladimir Putin. Mas qual interesse que o presidente tem na moça? Simples. Ela foi uma das prostituas gravadas pelo governo russo curtindo uma “chuva dourada” com o então empresário em 2013 na Rússia. Será que é verdade? E se for uma armação para embaraçar os democratas mais uma vez? Marissa vai em busca da verdade enquanto Ruth Eastman (Margo Martindale) é comunicada dos “fatos”.
Não tem ninguém mentindo aqui!
Antes de debater o mérito e o quão impressionante é estarmos falando de uma sex tape protagonizada pelo presidente dos Estados Unidos, o roteiro apresenta algumas hipóteses ao telespectador. Uma delas é a possibilidade do vídeo ser parte de mais uma armação do Projeto Varitas. “Organização” cuja missão é expor a “imparcialidade liberal” da mídia liberal. Mesmo parecendo ridículo, ela existe na vida real. Tanto que sua última tentativa de levar jornalistas à erro foi no final de 2017 com o Washington Post. Mas que não deu muito certo. Vejo como um acerto o fato dos roteiristas não caírem na tentação de parar por alguns segundos e explicar ao telespectador o que ele está tratando. Sair da TV aberta proporciona alguns benefícios para uma produção e recusar o didatismo é uma delas.
Com a constatação que a história da moça é realmente contundente, vemos os personagens se debaterem quanto a necessidade de levar a história a diante. Qual valor jurídico ela teria num ambiente onde os republicanos estão preocupados com corte de impostos? E será mesmo que o eleitor se importaria com tal escândalo? Somos forçados a fazer essas perguntas mentalmente e nega-las imediatamente. Expondo o quão frágil e deprimente é o “estado da união”. A crítica certamente está implícita, mas nem um pouco obscura.
Dos jornais para sua telinha…
Infelizmente, isso não é tudo. Voltando a falar das perspectivas eleitorais de Colin (Justin Bartha) no 1º Distrito de Illinois somos surpreendidos com o fato dele potencialmente ter que concorrer com um neonazista. Ficção? Caro leitor, não há mais ficção. Isso porque há sim, um neonazista concorrendo à câmara dos deputados. Mesmo que ele tente negar. Todavia, o que mais me chamou atenção da problemática foi o que aconteceu em seguida. O candidato é confrontado que seu maior desafio vem da esquerda nas primárias.
E aí vem a melhor parte. Isso porque para vencer as eleições ele precisa ser, ou pelo menos parecer, mais “amigável” com a comunidade negra. Então o que ele faz? Tenta corrigir a imparcialidade do escritório da procuradoria em relação às minorias com o intuito de ganho político. Apenas. Mostrando mais uma vez que a realidade tornou-se quase tão absurda quanto a afirmação de que Elizabeth Warren se preocupa com gastos do governo federal.
Até outubro de 2020, ou melhor, semana que vem!