Crítica: 3×02 de 9-1-1 é um divisor de águas para série
No segundo episódio da terceira temporada, 9-1-1 mostra o porquê é uma das melhores séries do momento da Fox e na TV aberta.
Episódio catástrofe de 9-1-1
A Los Angeles de 9-1-1 deveria ser uma terra arrasada. Talvez seja o futuro caso não façamos nada no que se refere a emergência climática. Ou quem sabe até seja a visão atual de Donald Trump da região que lhe impôs a maior derrota de um republicano na história.
Seja qual for sua escolha temporal, sabe-se que já passamos por um terremoto, um apagão e agora chegou a vez de uma tsunami. Pode parecer ridículo e algo extremamente apelativo por atrair a audiência por barulho e tamanho ao invés de qualidade. Contudo, não comungo desse pensamento. O que vimos em Sink or Swim foi a demonstração de que há formas de produzir efeitos visuais de qualidade na TV aberta, ao mesmo tempo que propõe uma história cativante, interessante e emocionante.
O episódio começa exatamente onde a Season Premiere terminou. Christopher e Buck no famoso píer de Santa Monica deparando-se com um desastre eminente. Segundos depois, a onda atinge a costa e a destruição é generalizada. Parte da costa é devastada, mas os problemas limitam-se àquela região. O problema é que o caos instala-se em boa parte da cidade em virtude dos problemas de energia e abastecimento de água. Afinal, Los Angeles é como qualquer outra metrópole: crescimento desordenado e sérios problemas estruturais.
Sendo assim, o tsunami aliado com a falta de estrutura da cidade faz com que os serviços de emergência estejam sobrecarregados. Quem poderá nos defender e salvar o dia em 9-1-1? Athena, Bobby e Buck.
Diferentemente do que acontece em outras produções, as três narrativas foram igualmente fortes e bem desenvolvidas. Confesso que nos finais de semana, momento que mais assisto séries, tento fazer outra coisa ao mesmo temporada dar conta. Tentei com este episódio, mas não foi possível. Ele capturou minha atenção desde o primeiro instante até o gancho no final. A tensão nas alturas, a adrenalina explodindo e a vontade de descobrir o que acontece em seguida me deixaram vidrados. Então, quero dizer que, caso a minha orientadora esteja lendo este texto, lembro que, em minha defesa, o episódio estava muito bom.
A grande estrela
O trabalho de Bradley Buecker como diretor é que merece nossa saudação, exaltação e lembrança. Ele um nome muito recorrente nas séries com o carimbo de Ryan Murphy, mas sabemos que experiência nem sempre produz algo interessante. Para encher os olhos e parar a rotina do telespectador, acredito que o diretor precisa ter visão, comando e sabedoria. Não é fácil comandar um elenco como esse de 9-1-1, cheio de egos e atores de renome, mas Buecker consegue não só o feito de destacar cada um dos atores, como também surpreender com o tsunami e seus efeitos. Com a gravação feita numa piscina gigantesca no México (abaixo), mostrou-se como é possível fazer muito com o tradicional baixo orçamento de produções da TV aberta.
É possível que o leitor argumente que a onda nem foi tão boa assim com o chroma key gritando por trás. Digo que concordarei parcialmente com essa crítica uma vez que estamos muito mal acostumados com o acabamento técnico de Game of Thrones. A qualidade do trabalho técnico apresentada neste episódio é excepcional. O trabalho do diretor merece, portanto, ser conhecido, assim como a produção da série por acreditar na ideia e da FOX em abrir a mão e investir numa ideia aparentemente esdrúxula. Sendo assim, que tenhamos mais episódios como Sink or Swim no futuro.
Em suma, acredito que essa série reforça mais uma vez o porquê goza de uma audiência invejável entre seus pares. 9-1-1 mostra que contar boas histórias não é sinônimo de melodrama, mas é antônimo de indiferença. A série propõe discussões e pontuações, mas nunca se exalta em fazer juízo de valor. Chamar atenção pelos motivos certos num mercado com mais de quinhentas ofertas de conteúdo não é para qualquer um.