Crítica: Love, Death and Robots e o futuro das animações
Crítica da Primeira Temporada de Love, Death and Robots da Netflix.
Mais uma vez, a Netflix apresenta o futuro das Animações com Love Death and Robots
Love Death and Robots merece sua atenção. E eu vou te dizer o porquê. Esse certamente é um ano com algumas traquinagens dignas de nota. Seja pelos sucessos estrondosos dos novos lançamentos ou por ser o ano que marca o fim de uma Era televisiva – com o famigerado fim de Game of Thrones – 2019 é um ano para novas experiências.
Exatamente por isso que, quando a mente de David Fincher se une ao audacioso Tim Miller para criar uma nova antologia de animações que aluda ao clássico das animações (baseadas na revista homônima) Heavy Metal, o resultado é algo cuja maestria merece ser celebrada.
A série segue na onda das antologias cuja plasticidade desafia a lógica. E vai além dos formatos clássicos já engessados da indústria. Esse é um feito que Black Mirror já alcançou algumas vezes. Usando o futurismo como pano de fundo, Love, Death and Robots traz animações que compartilham somente o mote do título da série. Bem como, brincando com o próprio conceito da originalidade desde a estética e do traço até o todo da narrativa.
Um formato prático e rápido
São dezoito curtas animados com menos de vinte minutos cada. Esse é um fato que torna a série ainda mais atrativa para quem dispõe de pouco tempo no cotidiano.
Justamente por isso, a forma antológica é levada ao seu auge. Trazendo uma ótima coleção para os amantes do steampunk e dando novo significado ao valor de “amor”, “morte” e “robôs” para muito além do literal, essa produção da Netflix faz algo que, no começo da década passada – pois é! – Animatrix conseguiu fazer: criar mais em um universo com narrativas e estilos diferentes.
Se na criação das irmãs Wachowski episódios como “O Último Voo de Osiris” e “Além da Realidade” nos deram um novo olhar completo para o valor da informação na guerra contra as máquinas e da realidade da Matrix, em episódios como “A Boa Caçada”, vemos a empatia mudar o destino dos personagens.
Outras vezes, como em “A Guerra Secreta” ou “A Vantagem de Sonnie”, vemos a crítica que Fincher já retratou tão bem. Sendo assim, a capacidade da raça humana de se autodestruir, isso visto como algo experimental – e até um pouco sangrento. Há ainda a minha traquinagem favorita dessa antologia. “Era do Gelo” é um episódio feito parcialmente como uma live-action onde a morte é uma transformação.
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Há episódios que valem menção. “Histórias Alternativas”, por exemplo, é um deles. O capítulo brinca com a natureza belicosa e inevitável dos humanos ao apresentar os vários – e hilários – possíveis futuros alternativos. Bem como, “Para Além da Fenda de Áquila”, onde vemos a morte do intangível no plano das ideias também merecem menção.
Veredito
Como era esperado, a série mistura técnicas das mais variadas de animação e narração. É divertido notar que até os episódios absurdamente cômicos não deixam de relativizar a efêmera condição humana. Somos ao mesmo tempo gigantescos e ínfimos num contraste de desdenhoso humor.
Com um saldo absurdamente positivo, Love, Death and Robots é uma excelente antologia. Embora tenha sido a exuberância visual o primeiro destaque pensado por Fincher e Miller, são as tramas que juntam ficção científica, terror épico e sutileza que fazem uma série que tem muito para oferecer. Love, Death and Robots chega como uma tentativa ousada de seus curadores para formar uma antologia que relativiza os valores da própria condição humana com a plasticidade que somente a Netflix consegue entregar.