Crítica: The Third Day, da HBO, capricha nos mistérios em boa estreia
The Third Day é minissérie da HBO que capricha nos mistérios e simbolismos para contar uma história que mescla horror e fábula.
The Third Day capricha nos mistérios e simbolismos para contar história mergulhada em densa atmosfera
The Third Day, nova minissérie da HBO, chega às telas mergulhada em simbolismos. Adotando o mesmo nível de estranheza de Utopia, também criada por David Kelly, o novo projeto com Jude Law é uma mistura de drama com horror que funciona. Sem medo de soar absurda, e mesclando elementos palpáveis com outros totalmente irreais, The Third Day é mais uma fábula menos um suspense realista e de apelo social. Neste aspecto, o show cria uma atmosfera densa, cheia de suspense e dúvidas.
O roteiro acerta, vale apontar, ao não complicar desnecessariamente o desenvolvimento da trama e seus personagens. Na história, Sam está viajando quando encontra uma jovem em apuros na floresta. Ao salvar a vida da menina, o sujeito resolve levá-la até em casa (mesmo que a própria moça diga, mais de uma vez, para ele retornar). O grande problema é que o lar da garota, Epone, é em uma ilha chamada Osea, e esse pedaço de terra está ligado ao continente apenas por uma estradinha, que passa quase todo o dia submersa. Durante poucos minutos, entretanto, a água desce e o caminho fica livre.
The Third Day é interessante mistura de horror e fábula
É esse tipo de invencionice que garante o tom fantástico de Third Day. Assim como em Utopia, Kelly aposta em personagens excêntricos e acontecimentos constrangedores ou desequilibrados para gerar uma reação da audiência. Os resultados são positivos, já que rapidamente nos encontramos confusos e intrigados pelo que assistimos. Muito do envolvimento do público se dá graças à segurança de Jude Law, que passa todo o mistério e dubiedade do personagem.
Desta forma, descobrimos apenas o necessário para acompanharmos o personagem e sua odisseia na estranha ilha. O que aconteceu com seu filho? É dele a camiseta despejada no rio? É a criança que ele enxerga em suas caminhadas pelo lugar? Além disso, quem é Aday? O primeiro episódio vai compondo seus questionamentos enquanto intercala sugestões visuais e narrativas. Os nomes dos personagens são bons indicativos. Epone, por exemplo, é o tipo de nome que clama por uma pesquisa na internet. É impossível resistir à busca por significados.
Tecnicamente irretocável, minissérie faz referência a grandes clássicos
Marc Munden, excelente diretor, também responsável por Utopia, capricha no visual, como era de esperar. Sua câmera é enérgica e compõe belíssimos quadros. Assim como na série recém citada, Third Day estoura algumas cores e destaca alguns detalhes. As folhas são exageradamente verdes e os olhos de Sam absurdamente vivos. Munden e sua equipe zelam pelas minúcias, pois sabem que são elas que garantem uma experiência completa. Repare nas reações e na cor da pele de Epone enquanto ela e Sam estão no carro, no início do episódio, indo para casa.
O diretor merece elogios também pela construção de suspense, criando um folk horror competente. É impossível não lembrar de O Homem de Palha ou do mais recente Midsommar. Sam está encrencado, envolto em uma comunidade assustadora. Mas há mocinhos em The Third Day? É sugerindo, e não escancarando, que o programa mantém a atenção do espectador e cria um terror eficiente. Afinal, os melhores exemplares do gênero são os que sugerem uma ameaça, um monstro, algo inexplicável nas sombras, e não aqueles que mostram à luz do dia.
The Third Day terá seis episódios e um especial ao vivo de 12 horas
The Third Day terá seis episódios divididos em duas partes. Os três primeiros formam a trilogia Summer e são estrelados por Jude Law. Os três últimos formam Winter e trazem Naomie Harris na linha de frente. Nesta segunda temporada, uma mãe e sua filha se encontram ameaçadas na estranha ilha de Osea. Entre a primeira e a segunda parte, um evento ousado promete sacudir o público: trata-se de um evento ao vivo, transmitido ao longo de doze horas, e que expande a mitologia do show. Não se sabe o elenco, a sinopse, os canais que exibirão o especial ou demais detalhes. Presume-se que seja um longo episódio, em um único take, em transmissão ao vivo e devidamente gravada.
A despeito do episódio de estreia, a ideia parece adequada à estranheza e originalidade do projeto. Não se trata de um capítulo irretocável, mas é competente naquilo que se propõe. Visualmente arrojado, com roteiro bem amarrado e ótimo elenco, The Third Day honra o selo HBO e pode ser uma das produções mais desafiadoras do ano.
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