Crítica: Bridgerton é um brilhante e viciante romance histórico da Netflix
Crítica sem spoilers da primeira temporada de Bridgerton, primeira série original da Netflix produzida por Shonda Rhimes.
Bridgerton, primeira série de Shonda Rhimes na Netflix, é um grande acerto
A Netflix traz Bridgerton no dia do natal e fecha com chave de ouro este ano ingrato e difícil para todos. Sem dúvidas, a série é uma das atrações mais aguardadas de 2020 – afinal, é a primeira produção de Shonda Rhimes na plataforma de streaming. Aliás, a série cumpriu o prometido ao entregar para os espectadores uma história deliciosa, brilhante e completamente viciante.
Embora Rhimes atue apenas como produtora, é marca de sua empresa, Shondaland, desenvolver dramas que abordem assuntos relevantes para o público. Com Bridgerton, a situação poderia ser complicada por alguns fatores: primeiro, por se tratar de uma adaptação literária; segundo, por ser um drama de época. Mas mesmo assim, alcançou seu objetivo com louvor.
Aliás, o criador, Chris Van Dusen, é um pupilo direto de Rhimes. Trabalhou com a roteirista em Grey’s Anatomy, entre 2005 e 2012, foi responsável pelo desenvolvimento do primeiro derivado do drama médico, Private Practice e, ainda, foi roteirista de Scandal. Ou seja, Bridgerton está em boas mãos.
Trama popular
Embora seja uma franquia de livros extremamente popular, muita gente nunca tinha ouvido falar das publicações de Os Bridgerton. Idealizado pela autora Julia Quinn, a fantasia de época era quase um conto de fadas. Mas é preciso utilizar bastante a palavra “quase”, porque no caminho existem muitos dramas e conflitos que refletem as relações familiares e amorosas até mesmo nos dias de hoje.
A primeira temporada da série da Netflix cobre os acontecimentos do primeiro livro, “O Duque e Eu“, dando protagonismo para Daphne Bridgerton.
Na série, a história segue a família Bridgerton e o mundo competitivo da alta sociedade britânica no século XIX. Basicamente, é uma sociedade patriarcal, que vive em função de casamentos. Aos olhos do mundo, as mulheres estão ali para se tornarem esposas; e os homens, aptos para sustenta-las.
Logo nos primeiros episódios, entendemos como funciona a dinâmica, a partir da “temporada” de casamentos; ali, as mulheres ficam fervorosas buscando a aprovação da regência, da sociedade e de um possível marido. Já os homens, em busca das mulheres que eles exibirão como se fossem um troféu.
Gossip Girl do século XIX
Mas o que poderá chamar atenção do público, no entanto, é um mistério lançado logo no primeiro episódio. E que, de certo modo, movimenta as peças do jogo: Lady Whistledown, a narradora da série – através da voz da icônica Julie Andrews – que tem um jornal de fofocas, escrito pelo pseudônimo. Ninguém sabe quem ela é, mas seu alcance é tão grande tendo o poder de elevar – ou derrubar – muita gente.
Observando atentamente tudo o que aconteceu ao seu redor, sem ninguém saber, Lady Whistledown analisa e publica em seu jornal tudo o que acontece na alta sociedade. É como se assistíssemos ao nascimento da “coluna social” do jornal de domingo. A única diferença é que a autora é anônima e ela está pronta para contar qualquer fofoca – mesmo a mais escandalosa.
É através dela que conhecemos um pouco mais da turbulenta história de amor de Daphne com o Duque de Hastings (Regé-Jean Page). É um clássico envolvimento, bem clichê. Mas que com certeza fisga quem se propõem a acompanhar a trama.
Daphne está sendo ignorada na sociedade e, vê em Simon (Page) a oportunidade de ser cortejada para chamar atenção de outros homens; já o Duque vê em Daphne a oportunidade das mães o deixarem em paz, uma vez que ele não tem pretensão de casar, a fim de cumprir uma promessa de família. Tal promessa, aliás, se conecta com o seu passado nebuloso e que lhe conduz ao longo dos episódios.
Porém, logo percebe-se que este plano irá culminar numa verdadeira história de amor. Mas engana-se quem pensa que Bridgerton conduz a trama em uma espécie de “conto da Disney” em busca de um final feliz. Ao longo do caminho, problemas inesperados acontecem.
Família Bridgerton se destaca
Apesar desta primeira temporada se empenhar em dar o protagonismo para Daphne, todos os outros irmãos Bridgerton, de alguma forma, conseguem participar da narrativa.
Anthony (Jonathan Bailey), por exemplo, consegue estar próximo da irmã no seu processo de encontrar um amor, e lentamente vai criando uma própria história interessante, que envolve um amor proibido. O mesmo pode ser dito para Colin (Luke Newton) e Benedict (Luke Thompson) que ficam incumbidos de servirem como escape para outras discussões da época; Já a irmã Eloise fica incomodada em cumprir seu destino como uma “futura esposa”, e se diverte mais gastando seu tempo ao tentar descobrir quem é a Lady Whistledown.
Igualmente, a série também destaca Lady Featherington (Polly Walker), e suas três filhas (Nicola Coughlan, Harriet Cains, e Bessie Carter), que juntas da enteada, Marina (Ruby Barker) também desafiam o olhar do século XIX, com seus próprios conflitos – e tramoias.
Regência inovadora
Em meio a um figurino deslumbrante e cenários de fazer os olhos brilharem, Bridgerton dá espaço para algo que certamente é visto como precursor, principalmente ao se tratar de um produto Shondaland. Mas o espaço dado para diversidade é realmente notável.
Me chamou muito atenção o fato da Rainha, por exemplo, ser negra – um posto que, frequentemente, em produções, é dado para atrizes brancas. O mesmo pode ser dito do Duque de Hastings, que ganha o charme de Regé-Jean Page. Há também personagens fora dos padrões da sociedade, como é o caso de Penelope (Nicola Coughlan) e até mesmo bissexuais – embora, esta revelação seja um spoiler que é melhor deixar guardado.
Isso sem contar a forte percepção do papel da mulher na sociedade. Constantemente, vemos as mulheres se questionarem se elas vieram ao mundo somente para se casarem e constituírem família. Não estariam elas, predestinadas a algo maior? Certamente, algumas personagens entendem que sim.
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Final agrada
Ao final da temporada, a sensação é de prazer ao concluir a maratona. Em uma época em que poucos produtos estão sendo entregues, Brigderton acaba servindo como um presente de natal da Netflix. Charmosa, sexy na medida e extremamente capaz de despertar a curiosidade do espectador, Bridgerton se tornou uma excelente estreia de Shonda Rhimes como produtora de conteúdos originais da Netflix.
Já estamos aqui ansiosos para ver o que Lady Whistledown trará na sua próxima edição do jornal. Vida longa à Bridgerton.
O AUTOR ASSISTIU AOS EPISÓDIOS ANTECIPADAMENTE, À CONVITE DA NETFLIX
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