Fundação é épico gigantesco e imperdível da Apple TV – Crítica
Fundação tem alguns dos melhores efeitos visuais já vistos na TV. Com escala épica, série da Apple é excelente estreia e tem bom futuro.
A escala de Fundação é surreal! Poucas vezes se viu algo tão grandioso na tela da TV. A bem da verdade, só Game of Thrones entregou efeitos visuais e larga escala tão notáveis como os do novo projeto da Apple TV+. Criada por Josh Friedman e David S. Goyer, Fundação é baseada na obra-prima de Isaac Asimov. E, ao que podemos ver no capítulo de estreia, a série promete seguir alguns pontos do livro à risca. O depoimento de Hari Seldon, por exemplo, onde o cientista revela suas previsões, é quase que traduzido palavra a palavra.
A fidelidade da série para com os livros de Asimov, aliás, se estende para cada detalhe. Além de diálogos inteiramente retirados das páginas, os figurinos e design de produção buscam inspirações em cada descrição do autor. Assim, Fundação é a adaptação visualmente mais precisa que se podia esperar. Compara da grandes sagas de ficção e fantasia, como O Senhor dos Anéis e Duna, Fundação é rica em personagens, povos, costumes e mitologia.
Fundação tem mitologia densa, mas encantadora
Não surpreende, portanto, caso parte do público tenha dificuldades para acompanhar a trama em um primeiro momento. Começando com um flashforward 35 anos no futuro, a série tem um começo menos objetivo que o do livro. Ainda assim, a espiada no futuro aumenta a curiosidade para sabermos o que ocorre no passado. Desta forma, os roteiristas acertam ao dar pequenas pistas do que acontece, além de estabelecer a escala gigantesca da história. Logo, a série sugere que acompanharemos tantos personagens ao longo de tantos anos, que possivelmente nos despediremos dos atuais protagonistas muito em breve.
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Depois que mergulha na relação entre Hari e Gaal, entretanto, Fundação decola e envolve com ótimos conceitos e visuais. Apesar de alguns diálogos expositivos, o roteiro faz um bom trabalho ao apresentar a trama central sem, com isso, estragá-la ou torná-la inacessível.
O que ajuda também é que na linha de frente se tem um elenco muito talentoso. Jared Harris, que recentemente esteve excelente em Chernobyl, carrega toda a sabedoria e mistério de Hari Seldon. Lou Llobell, por sua vez, é a protagonista do jogo. Vivendo Gaal Dornick, que, no livro, é um homem, a jovem é um dos grandes acertos do projeto. Assim, Llobell, que só tem um filme no currículo além da série, é excelente. Segura, a atriz entende o tamanho da saga que representa e se joga ao papel. Já Lee Pace reafirma o status de galã improvável, ao encarnar o Imperador, ameaçador e imprevisível na mesma medida.
Visuais da série são irretocáveis
No comando do piloto, o diretor Rupert Sanders prova mais uma vez seu talento para o comando de grandes orçamentos. Responsável por Branca de Neve e o Caçador e Ghost in the Shell (ambos melhores do que se estabeleceu entre público e crítica), Sanders até não arrisca em movimentos de câmera, mas tem ótimo controle, tanto nas sequências mais intimistas quanto nas mais épicas. E a destruição da estação, causada por ataques terroristas, é uma das maiores sequências já vistas na televisão. Não há nenhum frame de efeitos visuais que soe artificial ou inacabado. Desta forma, Fundação deixa muita superprodução hollywoodiana com vergonha.
Com dez episódios programados para a primeira temporada, Fundação tem muito para explorar. Tudo o que foi visto no piloto, por exemplo, cobre pouquíssimas páginas da saga de Asimov. Com ótimo ritmo (pontos para a edição da Skip Macdonald, um dos principais editores de Breaking Bad) e belíssima fotografia, a série tem tudo para encontrar seu público e fazer bonito no próximo Emmy.
É possível que a escala diminua nos próximos capítulos, o que é normal em projetos desse tipo. Mas, ainda assim, será empolgante acompanhar a visão de Asimov ganhando vida com tamanho esmero.
Nota: 4/5