Crítica: 2ª temporada de A Million Little Things emociona e surpreende
Crítica da segunda temporada de A Million Little Things, série da ABC exibida no Brasil pela plataforma do Globoplay. Novos episódios estreiam em 2020.
A Million Little Things: Novos episódios compõem prato cheio para o público
Ano passado, A Million Little Things estreou nos EUA de forma bem tímida. Exibida por lá em um dia não muito assistido na TV, a série sofreu e quase foi cancelada. Não foi até migrar para as quintas do canal ABC, logo após Grey’s Anatomy, que ela disparou no público.
Em pouco tempo, ela se firmou e conquistou uma renovação. Para quem acompanhou o primeiro ano, provavelmente se deparou com histórias bem envolventes. Porém, tenho certeza que parte do público, assim como eu, nem imaginava que ela poderia fazer uma temporada ainda melhor em seu segundo ano.
Com nove episódios exibidos até agora – e também disponibilizados semanalmente aqui no Brasil pelo Globoplay – a trama consolidou-se de uma forma incrível. É como se estivéssemos percebendo alguém torna-se maturo diante de nossos olhos, e isso sem dúvidas dá o maior orgulho de acompanhar.
Perdoar foi a grande lição dos novos episódios de A Million Little Things
A jornada de A Million Little Things em sua segunda temporada vem atravessando um caminho onde praticamente todas as histórias tratam de perdão, de um jeito ou de outro. Um dos maiores exemplos é a história de Katherine e Eddie, que resolveram dar uma chance ao amor novamente. Porém, quando a advogada ficou sabendo que a filha de Delilah era na verdade de seu marido, a coisa desabou. Mas Katherine se mostrou uma das melhores personagens da série quando ela resolveu perdoar o marido.
Não foi um caminho fácil – e não está sendo. Até onde vimos, ela ainda tem dificuldades, que resultou em embates interessantíssimos com a viúva de John. Mas o amor predomina, fazendo com que ela fosse até superior aos outros personagens se analisarmos o modo em que ela se comporta diante das mais terríveis situações. Confesso que torci, desde o início, para que ela e Eddie se acertassem, justamente pela química dos dois. E fico feliz que os roteirista optaram por este caminho. Agora, Delilah acabou ficando perdida, sem muita função a não ser lamentar e reclamar de tudo. Entendo que ela passou por uma situação difícil, mas convenhamos que tudo se agravou quando ela enfrentou o suicídio de John enquanto ela dormia com o melhor amigo dela. Haja consciência pesada…
Não sei porque, mas não consigo gostar de Delilah. Torço para que, de alguma forma, sua trama melhore. Mas toda vez que a vejo eu apenas torço para que ela desapareça da série.
A Million Little Things aprofundou personagens
Uma das coisas que mais gostei nos novos episódios foi a forma como os personagens foram sendo desenvolvidos, dando oportunidade para que eles ganhassem aprofundamento.
É o caso de Maggie, que foi uma personagem bastante ligada a seu câncer na primeira temporada. Agora, curada, os roteiristas precisavam descobrir como explorá-la e foi exatamente ligada a Gary que ela funcionou. Porém, ela ganhou voo solo ao descobrir que o coração do seu irmão foi transplantado, fato escondido por sua mãe durante anos. Nesse gancho, foi quando surgiu Eric – o personagem de Jason Ritter (Parenthood). Certamente, isso deu uma agitada na trama e tornou a personagem bem mais interessante.
Ao mesmo passado, Rome e Regina também cresceram. Ele, associado à trama de PJ, um garoto que ele conheceu no hospital e que depois descobriu que na verdade o rapaz poderia ser filho de John. A trama da dupla roubou bastantes momentos dos novos episódios, tendo um dos ápices no episódio nove (o último exibido nos EUA em 2019), que fechou determinados plots, mas deu oportunidade para as histórias que estão por vir despontarem. Certamente, Regina e Rome têm muito a oferecer para o público nesta segunda temporada, principalmente porque eles querem fazer mais diferença na vida de outras pessoas que precisam.
Explorando novas possibilidades
A Million Little Things, neste meio tempo, não deixou de explorar outros caminhos em sua trama. Um dos meus momentos favoritos é quando a série resolveu dar um plot para o cão de Gary, Colin. O cachorro, em um dos episódios, desaparece e depois retorna para a casa do dono. É quando Maggie descobre que, na verdade, ele era um cão desaparecido de outro dono e é quando a dupla fica na dúvida sobre entregá-lo ou não para seu dono. O desenrolar é tão emocionante que qualquer fã de animais de estimação se vê extremamente envolvido. Sem dúvidas, um dos grandes momentos da série.
Outro momento interessante foi o aniversário de Theo, que reviveu momentos que Eddie não se orgulha, de quando ele era alcoólatra. O episódio também foi o gatilho para muitos conflitos se desenrolarem envolvendo os protagonistas. Lá, por exemplo, foi quando Katherine convenceu o marido de que ele precisava fazer o certo e reivindicar a paternidade de sua filha com Delilah, deixando a viúva furiosa. A trama acabou culminando em um dos grandes momentos da temporada, ao final do nono episódio, quando todas as crianças descobrem a verdade.
Portanto, A Million Little Things mostrou a que veio. É certo que, neste ponto, ela já conquistou uma fã base suficiente para deixá-la viva na TV por alguns anos, e de forma merecida. Afinal, a série é um presente para o público em termos de tratar temas como ansiedade, depressão, entre outros, de forma tão natural e real.
Séries como esta dá motivos para continuarmos acreditando que a TV ainda tem muito a oferecer, e que produções mesmo que simples podem atingir o coração dos fãs de forma inexplicável. Temos de agradecer por A Million Little Things, pois precisamos cada vez mais de séries como ela na TV que nos ensinem a dar o melhor de nós a cada dia.
(A atração retorna em 2020 com a segunda parte da segunda temporada)