Crítica: 3×08 de Westworld estourou o “apocalipse” no final de temporada

Crítica do oitavo episódio da terceira temporada de Westworld, intitulado "Crisis Theory", exibido mundialmente pelo canal HBO.

Critica Westworld 3x08

O que vem a seguir em Westworld?

O final de temporada de Westworld foi explosivo… em muitos sentidos! Em quase 1h20, tivemos um dos episódios mais empolgantes da temporada, que tratou de delimitar os caminhos que a série poderá seguir – embora saibamos que qualquer teoria que fazermos não deverá adivinhar o que está reservado.

E como um passe de mágica (em um estilo Crtl + delete) vimos Dolores conseguir executar seu plano mestre, desligando a humanidade totalmente da bola de inteligência artificial da Incite. Agora, o fim começou! Mas antes de tudo, tivemos uma batalha empolgante de Dolores e Maeve, e um emocionante desfecho que levou Caleb a se tornar o líder que Dolores tanto quis.

A beleza da humanidade?

Há uma cena neste episódio que colocou Dolores e Maeve no cenário do Westworld. Enquanto a robô ia perdendo os arquivos de sua memória, ela quis ver uma última vez a “beleza” da humanidade e do mundo. Neste momento, ela revelou que seu plano nunca fora destruir a humanidade em si. Tanto que, ao desligar a Incite, ela não acha que a humanidade se destruirá por completo, porque ela ainda vê esperanças. “A humanidade pode encontrar um caminho melhor”, ela diz.

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Só que não é bem isso que vemos quando o Roboão é desligado. Morte e caos por toda a parte, faz o público pensar que o ser humano é realmente algo que “deu errado”, e então passamos de alguma forma a torcer pelos robôs. Nos instantes finais do episódio vemos como que, se não forem controlados (ou “adestrados”, por essa tecnologia), prédios e caminhos podem simplesmente explodir – tudo, claro, ao som de Pink Floyd.

Podemos até traçar um paralelo do que anda acontecendo com a humanidade nos dias de hoje. Diante da Covid-19, vemos muitas pessoas ignorando as orientações da OMS, não utilizando máscaras, fazendo festinhas particulares, e ignorando o que não é algo para ser ignorado. Certamente, a humanidade não está muito ligando para o próximo, quando ela quer realmente é saber de si – e só. Mesmo que não tenhamos chegado ao ponto do ser humano destruir a civilidade, não é impossível ver uma reação como a mostrada em Westworld. Não podemos duvidar que o pior ainda pode ser mostrado em tempos sombrios.

Um roteiro brilhante

Mas tirando toda o plano de Dolores, talvez o grande protagonista da temporada seja o roteirista Jonathan Nolan. É incrível como ele consegue construir detalhes importantes e sutis demonstrações. Talvez seja por sua bagagem, roteirizando produções incríveis como Batman – O Cavaleiro das Trevas (2008), que Nolan sabe como mostrar o melhor e o pior da humanidade. Em um recente texto, inclusive, a revista EW conseguiu traçar um paralelo com o longa.

A cena do Coringa, no final do filme, em que ele espera as duas balsas se explodirem, é mais ou menos o que Nolan faz com a humanidade de Westworld. Mas você tem a impressão ao assistir a série que Nolan acredita firmemente que os passageiros de ambos os barcos se explodiram totalmente em pedacinhos e eles provavelmente também não teriam pensado muito sobre isso. Nesse cenário específico, envolvendo a série, sempre houve uma boa chance de alguém puxar o gatilho também.

O que eu estou fazendo?

Agora, precisamos falar de Bernard. O pobre coitado passou a temporada toda buscando um propósito e não encontrou. Ele, no meio do caminho, talvez tenha entendido que parar Dolores não fosse o ideal, embora ele ainda insistisse em seguir. Mas ele foi o único personagem que começou de forma aleatória a temporada e terminou sem qualquer propósito. Pelo menos explícito. Ao menos ele conseguiu um fechamento para as lembranças de Arnold que ele tinha, entregando bons momentos para o ator Jeffrey Wright.

No entanto, o que ele terá de fazer a seguir? Aparentemente, ele sobreviveu ao caso para um propósito (de novo?). Afinal, será que o propósito entendido por ele nesta temporada era de que, em algum momento, ele teria de trazer Dolores de volta? Pode ser ele o responsável por reviver a robô na temporada 4, embora tudo não passe de “achismo” neste momento.

O paraíso de Maeve

Westworld': Último episódio da 3ª temporada ganha imagens inéditas ...Maeve, Maeve… que peninha! Ela ainda insiste em buscar sua filha, mesmo que ela ENTENDA que a garota é um programa. Gente, ninguém pode fazer uma nova para ela? Resolveria grande parte de seus desejos, certo? De qualquer forma, Maeve conseguiu voltar-se contra Serac no finalzinho dos 45 minutos do segundo tempo. Só que ela não ficou ao lado de Dolores e nem teria o porque. “Nossos objetivos sempre foram diferentes”, disse ela em uma conversa com Caleb.

Foi interessante ver toda a disputa dela com Dolores, e mais ainda quando ela percebeu que Serac era apenas um fantoche da bola de IA. Sem ela, não haveria propósito para ele. Outro detalhe muito interessante foi ela se virando contra seus capangas, em uma cena de tirar o fôlego. Palmas para Thandie Newton que, a cada temporada, se supera.

O fim dos tempos

Chegamos ao ato final de Westworld com muitas dúvidas (novidade), mas desta vez algumas dúvidas mais plausíveis. Afinal, Dolores morreu de vez? Tudo levou a crer que a personagem sairia de cena, embora a atriz Evan Rachel Wood não anunciou nenhuma saída da série. Quem sabe sua inteligência esteja dentro da bola ou, de alguma forma, em uma nuvem para ser resgatada por Bernard? Afinal, ela precisa retornar para – agora – combater Holores. Sim, Charlotte “endoideceu” e está “P” da vida com a humanidade. Por isso, seu objetivo é criar o máximo de robôs possíveis para destruírem tudo. E aparentemente, ela está conseguindo.

Quanto a Caleb, tivemos uma história interessante de conexão com Dolores. Eles já se conheciam, através de  de um exercício de treinamento militar que ele já teve no Westworld. Lá, ela viu que o rapaz tinha bom coração. E foi daí que ela resgatou um propósito de se aproximar dele, quando ela finalmente adentrou no mundo dos homens. Agora, o futuro do personagem de Aaron Paul é uma incógnita. Afinal, seu objetivo foi totalmente cumprido. É como se Caleb fosse o John Connor desta história… só que ao contrário.

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Imagem: Divulgação/HBO.

E chegamos a William. O Homem de Branco – agora Preto, novamente, decidiu que seria o “herói” da história. Mataria todos os robôs e salvaria a humanidade. Mas não foi até a cenas pós-creditos que ele teve seu grande momento: vimos um anfitrião de William, vindo com Holores, para uma grande batalha. Então espera! Esse robô é o mesmo que aparece, na cena pós-crédito da temporada passada, sendo “testado”. Ele estava sendo criado para entrar em cena neste momento. Infelizmente, o William humano é morto pelo William anfitrião, na frente de Holores que assiste tudo com prazer.

Então, o resumo é: Dolores queria destruir a humanidade, mudou de ideia, mas acabou conduzindo o homem para o caminho que inevitavelmente os destruirá. Agora, temos Holores assumindo a missão original da Dolores. O que vai acontecer? Não ouso nem especular. Mas quem sabe, na próxima temporada, exploraremos o espaço? Porque só isso que falta.

Até 2022, Westworld. Você fará falta na TV durante todo esse tempo.

Sobre o autor

Anderson Narciso

Editor-chefe

Criador do Mix de Séries, atua hoje como redator e editor chefe do portal que está no ar desde 2014. Autor na internet desde 2011, passou pelos portais Tele Séries e Box de Séries, antes de criar o Mix. Formado em História pela UFJF e Mestre em História da Saúde pela Fiocruz/RJ, Anderson Narciso se aventurou no mundo da criação de conteúdo para Internet há 15 anos, onde passou a estudar sobre Google, SEO e outras técnicas de produção para web. É também certificado em Gestão Completa de Redes Sociais pela E-Dialog Comunicação Digital, além de estudar a prática de Growth Hack desde 2018, em que é certificado. Com o crescimento do site, e sua parceria com o portal UOL, passou a atuar na cobertura jornalística, realizando entrevistas nacionais e internacionais, cobertura de eventos para as redes sociais do Mix de Séries, entre outros. Atua como repórter no Rio de Janeiro e São Paulo, e pelo Mix já cobriu eventos como CCXP, Rock in Rio, além de ser convidados para coberturas e entrevistas presenciais nos Estúdios Globo, Netflix, Prime Vídeo, entre outros. No Mix de Séries, com experiência de dez anos, se especializou no nicho de séries e filmes. Hoje, como editor chefe, é o responsável por eleger as pautas diárias do portal, escolhendo os temas mais relevantes que ganham destaque tanto nas notícias quanto nas matérias especiais e críticas. Também atua como mediador entre a equipe, que está espalhada por todo o Brasil. Atuante no portal Mix de Séries diariamente, também atende trabalhos solicitados envolvendo crescimento de redes sociais, produção de textos para internet e web writing voltado para todos os nichos.