Crítica: A Maldição da Mansão Bly é perfeitamente esplêndido

A Maldição da Mansão Bly mantém o alto nível e estabelece a antologia da Netflix como uma das melhores produções de horror da atualidade.

A Maldição da Mansão Bly

A Maldição da Mansão Bly mantém o alto nível e estabelece a antologia da Netflix como uma das melhores produções de horror da atualidade

Fazer terror em formato seriado não é coisa fácil. Uma coisa é construir um filme de duas horas em que há um tempo aceitável para o início, o desenvolvimento e o fim da narrativa. Nos longa-metragens, a história pega você pela mão, envolve, assusta e se despede. Tudo de uma vez só. Nas séries do gênero, a narrativa precisa fazer isso semanalmente. Uma vez por semana o capítulo precisa fazer o que o filme faz: pegar pela mão, envolver e dar adeus uma hora depois. Após sete dias, o processo se repete, e entre um episódio e outro, o espectador voltou para o mundo real e foi influenciado pela segurança da realidade. A Maldição da Mansão Bly

Com o estouro da Netflix e demais plataformas de streaming, o formato das séries mudou. São frequentes, agora, antologias em que cada capítulo conta uma história diferente. O mais notável, entretanto, são as narrativas longas, com dez ou mais episódios, que contam uma única narrativa, com os mesmo personagens. A diferença, desta vez, é que o público pode assistir tudo de uma vez só, sem as pausas entre uma parte e outra. Há uma imersão profunda que nem os filmes conseguem.

Mistura de horror, drama e romance é altamente viciante

O que nos traz à Maldição da Mansão Bly. Assim como a antecessora, A Maldição da Residência Hill, Bly Manor é altamente viciante. Com cada capítulo terminando com um gancho poderoso, mas absolutamente natural, a nova temporada do sucesso da Netflix entrega tudo o que os fãs querem e precisam no mês do Halloween. Trata-se do melhor tipo de terror que se tem notícia: aquele que se dedica à história e aos personagens, aprofundando cada elemento e tornando-os humanos. Tudo, claro, sem deixar de lado uma porção considerável de sustos e um visual suntuoso.

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Novamente escrita e dirigida por Mike Flanagan (um dos melhores nomes do gênero atual), Bly Manor mergulha ainda mais na pegada gótica. Baseada em A Volta do Parafuso, de Henry James, Bly Manor até mesmo investe em diálogos mais rebuscados, fazendo alusão à escrita floreada do clássico literário. Aqui, vale apontar, Flanagan faz um excelente trabalho ao usar a narrativa em off sem jamais ser invasivo ou expositivo. A narração surge aqui e ali, para comentários pontuais, mas o principal são os diálogos e o desenvolvimento visual da trama.

Mansão Bly
Imagem: Divulgação

Visual caprichado e sustos estão garantidos

Neste sentido, Bly Manor não decepciona. Assim como Hill House, a nova temporada capricha na direção de arte e na fotografia de cores frias. Perceba como o visual da série muda de acordo com os sentimentos dos personagens: ora a mansão é um ambiente quente, vivo e colorido. Em outros, é um lugar gélido, banhado em sombras e com rachaduras visíveis. É interessante perceber, ainda, como a produção brinca com objetos escondidos nos cantos ou no escuro, pois sabe que o público irá procurar por espíritos a cada oportunidade.

Flanagan, vale apontar, é um diretor talentoso, que sempre investe pesado nos visuais de suas produções. Aqui não é diferente, e os episódios apresentam quadros e sequências belíssimas. Além disso, o cineasta é habilidoso ao contar partes importantes da história através das imagens. Neste sentido, é válido apontar a coragem do diretor e sua equipe ao mostrar os fantasmas e elementos sobrenaturais. Assim como Hill House, Bly não tem vergonha dos visuais dos fantasmas e aposta em designs interessantes e únicos (aquele com os olhos brilhantes é um bom exemplo dessa abordagem).

Elenco garante os mistérios da trama que é menos intensa se comparada à Residência Hill

Ancorada na excelente atuação de Vitoria Pedretti, a nova temporada tem menos narrativas e personagens paralelos, o que permite um desenvolvimento maior para alguns deles. Com alguns rostos já conhecidos de Hill House, o elenco deste novo ano é excelente, e merece elogios principalmente por andarem no limiar entre a transparência e o mistério absoluto. Quem também merece destaque é a dupla infantil. Os irmãos carregam boa parte da trama com suas auras misteriosas e passados sombrios. Flanagan e Hill House já haviam demonstrado faro para reconhecer novos talentos, e em Bly Manor o talento é reforçado.

Apelando para o horror mais explícito no início e investindo mais no drama com o transcorrer da narrativa, Bly Manor é muito mais um horror de atmosfera e antecipação. O texto é mais pesado aqui do que na temporada anterior, o que pode afugentar os mais desatentos ou hiperativos. O ritmo também é menos acelerado, já que não há tantos flashbacks ou cortes entre personagens e narrativas como em Hill House. Ainda assim, A Maldição da Mansão Bly mantém o alto nível e estabelece a antologia da Netflix como uma das melhores produções de horror da atualidade.

Os episódios chegam na Netflix nesta sexta, 09. E você, animado? Deixe nos comentários.

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Sobre o autor

Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.