Critica: “A ordem”, nova série da Netflix, é divertida mas totalmente previsível

Crítica da Primeira Temporada de "A Ordem", série original Netflix.

A Ordem: Magia, Lobisomens e Sociedades Secretas!

A premissa de A ordem é bem simples. Jack Morton (Jake Manley), um calouro da Belgrave University, é um jovem órfão de mãe que foi criado a vida toda pelo avô. Os dois buscam vingança dela morte de sua mãe. Pensando nisso, eles criam um plano para Jack se infiltrar em uma sociedade secreta para se aproximar do responsável pela morte de sua mãe, seu pai Edward Coventry. Na faculdade, ele logo se aproxima de Alyssa Drake (Sarah Gray), veterana da faculdade e da Ordem. Assim, ele acaba no meio de uma batalha antiga entre os praticantes da magia oculta e os lobisomens.

Dito isso, a série utiliza como pano de fundo um campus universitário para contar a historia sobre sociedades secretas que existem há milhares de anos. Inicialmente somos apresentados à “Ordem Hermética da Rosa Azul”, a sociedade de magia que Jack precisa entrar. Porém, quando os recrutas começam a morrer, junto a ameaça, surge uma nova sociedade secreta que Jack desconhecia, “Os Cavalheiros de São Cristóvão”, uma ordem sagrada que combate a magia negra.

Eles são os lobisomens da história. Mas esqueça as mordes, arranhões ou maldições. Aqui para se tornar um lobo, o espírito de um antigo cavalheiro deve escolher seu hospedeiro. A pele do lobo se une ao hospedeiro e a partir daí começa o processo de iniciação. Essa seria a única novidade da trama, o resto é uma mistura do tudo que o público já viu em outras produções.

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Pouca magia e ousadia não ajudam a trama

Apesar dos perigos, Jack parece não ter medo de entrar em um território totalmente desconhecido e perigoso. Ele tem boas motivações, mas parece se perder ao longo da temporada. Algumas informações são reveladas, mas ficam muitas pontas soltas, falhas no roteiro cheio de previsibilidade e clichés.

A ordem é mais uma série teen da Netflix, mas não carrega características típicas das produções do gênero. Apesar da trilha sonora ser boa, ela quase não existe na série. O elenco pouco conhecido do grande público não tem o carisma necessário para cativar atenção e torcida. Com um tom leve, pouco sombrio e por vezes juvenil demais, a trama apresentada não tem o fator surpresa. A narrativa em grande parte é bastante previsível.

Enquanto “A Ordem Hermética da Rosa Azul” é uma grande sociedade com muitos membros e líderes, “Os Cavalheiros de São Cristóvão” são uma alcateia de apenas 3 lobos liderada pelo “mais velho”. São apenas jovens que seguem os impulsos e desejos de suas “peles” de lobo em combater o mal. Não há um líder de verdade para orientar os jovens lobisomens. Inclusive, os três só aprendem mais sobre sua missão e suas peles depois que conhecem Jack. O jovem é curioso e procura estudar tudo que conhece de novo, um ponto positivo para o personagem.

Imagem: Netflix/Divulgação

Feitiço contra o feiticeiro

O material da série é bom. Traz o universo dos lobisomens (apresentados de uma forma diferente), bruxos, conflitos e sociedades secretas. No entanto, todos esses elementos não dão liga. Talvez o público tenha que encarar essa primeira temporada como um grande episódio piloto. Fomos apresentados a dois grupos rivais e um vilão em comum, mas só partir desse confronto que a história engata.

O roteiro não apresenta uma trama atraente e falha também no desenvolvimento dos personagens. Basicamente a série é sobre Jack, e os personagens secundários são totalmente descartáveis, principalmente pelas mortes que acontecem. Todos cometem erros, mas o que mais incomoda é ver todos eles falando livremente sobre sociedades secretas no meio do campus como se ninguém pudesse ouvir. Vale lembrar que essas sociedades são conhecidas como mitos, lendas locais…

A séria tenta flertar com outras produções como Teen Wolf, The Originals e até mesmo The Magicians, mas peca em todas as tentativas. Citações a Harry Potter e Sabrina já eram esperadas, mas não fazem uma homenagem digna.

Com apenas 10 episódios em sua primeira temporada, A Ordem é uma série maratonável e pode agradar aqueles que buscam séries curtas e divertidas. Mas vai desapontar quem gosta do gênero sobrenatural, ao ver uma produção com efeitos especiais em alguns momentos sofríveis, personagens sem carisma e trama previsível. Talvez a origem dos problemas de A Ordem seja o baixo orçamento que a produção canadense teve. O resultado é mais um guilty pleasure do catálogo.

Enfim, o final da temporada pode não agradar, particularmente achei injusto. Mas foi um boa saída para proporcionar um bom gancho para uma futura temporada. Talvez existam outras sociedades secretas nesse universo e com certeza um novo vilão irá surgir. Uma nova temporada poderia dar a oportunidade de corrigir alguns erros e apresentar uma trama mais cativante. Em tempos de O Mundo Sombrio de Sabrina, uma produção dessas precisa de mais capricho e ousadia.

Sobre o autor
Yuri Moraes

Yuri Moraes

Redação

Yuri Moraes é formado em Direito e Marketing Digital e atualmente cursa Produção Cultural. Morador do Rio de Janeiro, sempre foi um grande apaixonado por conteúdo audiovisual e o universo da cultura pop. Um cinéfilo declarado, um seriador nato. Formado em teatro, descobriu sua paixão pela escrita e desde então vem estudando e se capacitando como escritor. Redator do Mix de Séries desde 2016, se desenvolveu como profissional da área e já colaborou com diversos textos em formato de críticas, reviews semanais e notícias. Através de seus textos busca sempre apresentar uma análise pessoal, técnica e sincera das produções que assiste, sem deixar o bom humor de lado. Sempre atualizado nos assuntos do momento, faz cobertura de diversos eventos representando o site. Outra paixão que caminha lado a lado é produção de eventos. Colecionando em seu currículo experiências em grandes eventos, possui verdadeira paixão em fazer parte do processo de construção e execução de eventos culturais. Com isso, equilibra seu trabalho de departamento pessoal com o ofício de escritor e produtor cultural.