Critica: Amizade Dolorida, nova comédia sexual da Netflix é divertida e despretensiosa
Critica da primeira temporada de Amizade Dolorida, da Netflix.
Ser amigo as vezes dói
Baseada nas divertidas experiências da vida do criador da série, Rightor Doyle, Amizade Dolorida (Bonding) mostra a vida de Tiff (Zoe Levin), uma universitária que a noite trabalha no clube de sexo como dominatrix (dominadora) e Pete (Brendan Scannell), um jovem que se declarou gay recentemente e trabalha como garçom, mas sonha em ser um comediante. Alguns anos depois da escola, os dois se reencontram em Nova York em um lugar inusitado.
A história deles começa quando Tiff revela seu trabalho para o amigo e o convida para ser seu assistente. Apesar de achar estranho, ele decide aceitar o trabalho, já que não tem dinheiro para pagar o aluguel. A partir daí, os dois vivem experiências absurdas, algumas vezes hilárias e outras mais sérias. Misturando amizade e negócios, a relação deles é testada sempre com muito humor ácido.
A arte da dominação
Na busca pelo prazer, não há limites… Chicotes, couro, algemas, cordas e tudo mais que a criatividade e imaginação permitirem está liberado. Tiff parece bem a vontade com suas atividades, porém Pete é novo nesse mundo. Então, tudo pra ele é novidade e o choca em um primeiro momento. Com o passar do tempo, ele acaba se divertindo com o trabalho.
Em um certo ponto, Pete questiona um cliente se ele comenta sobre seus gostos peculiares com amigos. Para sua surpresa, o cliente diz que comenta sobre o assunto, até porque não está machucando ninguém. Por outro lado, a personagem de D’Arcy Carden, nossa eterna Janet de The Good Place, é mãe de família e tem vergonha de solicitar os serviços. A série mostra que o prazer é algo íntimo que não precisa ser exposto e não cabe julgamentos.
Não é apenas sexo
Quem pensa que vai assistir cenas tórridas de sexo está enganado. Apesar do tema central, o roteiro não se leva a sério para contar a história desses dois amigos. Nesse universo, eles são duas pessoas que de repente se dão conta que são adultos e não sabem nada sobre a vida e o mundo. Mesmo com poucos minutos por episódios, o roteiro aborda a amizade, problemas pessoas e o assédio sexual no ambiente acadêmico.
Tiff vê os homens como seu objeto de estudo e trabalho. Para ela, a masculinidade é restritiva. Os homens estão presos nessa prisão social na qual precisam ser dominantes e ter o poder sobre a mulher. Na verdade, seus clientes apenas querem libertar seus desejos mais tórridos, mesmo que isso envolva algemas e golden shower (em uma das melhores e mais bizarras cenas da serie).
Pete é o tipico exemplo de pessoa frustrada. Não entrou para faculdade, o trabalho de garçom não é o bastante para pagar o aluguel e tem um sonho de ser comediante. Mas ele tem medo do palco o que torna esse sonho difícil. Além disso, tem medo de se relacionar. Mesmo sendo gay, ele sente que não pertence a um grupo. Em um rápida análise Tiff e Pete são introvertidos, com sérios problemas em socializar e ter um relacionamento amoroso.
Foi bom pra você?
Amizade Dolorida é uma pausa no mundo frenético das séries com mais de treze episódios e com uma média de 45 minutos de duração. Em sua temporada de estreia, com apenas sete episódios de 18 minutos aproximadamente, a série consegue entregar personagens interessantes e carismáticos. Uma boa história de amizade e da vida de dois jovens frustrados que estão, ao mesmo tempo, se conhecendo e tentando se ajustar no mundo. Vale a pena conferir.